quarta-feira, 17 de junho de 2020

Endogamia académica e viciação concursal



Reproduzo novamente abaixo um post (que estava alojado noutra plataforma), que tinha sido originado por conta de uma petição iniciada no final de 2015, da qual fui o primeiro subscritor, contra as elevadíssimas percentagens de endogamia académica, próprias de um país do terceiro-mundo, e o qual desde essa data foi sendo objecto de várias actualizações, mas que hoje constatei que tinha desaparecido, alegadamente ao que me contaram, por conta de um problema informático, sendo pertinente referir que antes desse estranho desaparecimento o mesmo contava já com mais de 16.000 visualizações:


Aqueles largas centenas de Colegas que subscreveram esta petição, no link acima, fizeram-no porque reconhecem que existem problemas graves na Academia, relacionados com o recrutamento, seleção e promoção de Professores, vide os vários textos mencionados abaixo e bem assim as centenas de comentários deixados no site da petição. Questão diferente e bem mais controversa, reside em se saber porque motivo as instituições que lá fora lideram ou simplesmente seguem as melhores práticas internacionais, a que alude o preâmbulo do ECDU, conseguem tal sem a isso estarem obrigadas por nenhuma Lei, enquanto outras por cá denotam uma estranha atracção por divergir dessas mesmas práticas, necessitando por conseguinte de Leis que obstem a essa pulsão desviante.

Em 5-04-2019 o professor catedrático Diogo Ramada Curto da Universidade Nova de Lisboa afirmou ao Jornal de Negócios que: “os mecanismos clientelares nas universidades são muito fortes”

Em 6-03-2019 o escritor João Pedro George escreveu na revista Sábado artigo sobre os cursos de Direito referindo que “a FDUL é uma espécie de grande família...composta de várias pequenas famílias (ou grupos tribais) onde os cargos docentes são tratados como mercadorias..."

Em 2-03-2019 David Marçal e Maria Manuel Mota dão entrevista sobre a academia Portuguesa e enquanto o primeiro fala daqueles que sobem pela vassalagem já a Maria Manuel Mota, diz que a endogamia académica: “dá mau nome ao parasitismo”

Em 1-03-2019 Gonçalo Quadros, Fundador e CEO da Critical Software, vencedor do Prémio Universidade de Coimbra disse ao jornal Público disse que: "Há uma certa cultura de consanguinidade na universidade portuguesa, de endogamia, que limita fortemente o mérito"

O jornal Público de 16-02-2019 contém artigo que aborda a endogamia académica e relata que as suas consequências são que: “As pessoas em vez de ciência estão a fazer política de corredores e a universidade torna-se uma maneira de arranjar salários para os amigos...” https://www.publico.pt/2019/02/16/ciencia/prepublicacao/endogamia-academica-vale-bebado-conhecido-alcoolico-anonimo-1862161

Em Outubro de 2018 a A3ES publicou um estudo sobre a Caracterização do corpo docente do ensino superior português, onde a palavra endogamia aparece referida bastantes vezes, nada menos do que 194.

Em 17 de Junho de 2018 o catedrático jubilado José Ferreira Gomes escreve no Público que:
"Beneficiam aqueles que acumulam mais trabalho (e alguns favores aos mais velhos)... Os lugares são muitas vezes abertos apenas quando alguém da casa bateu à porta do reitor e poucos candidatos externos se prestam ao provável vexame de uma avaliação caseira,..." https://www.publico.pt/2018/06/17/sociedade/opiniao/sim-a-uma-nova-carreira-universitaria-1834000#gs.VmQ3Pfmq

Em 23-09-2017 o Expresso publicou declarações do Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior pelas quais o mesmo comenta o estudo da DGEEC e em que aquele diz ser inadmissível que haja cursos com percentagens de endogamia de 100% e também que é preciso combater as corporações nas universidades
porém logo aproveita pa ra lavar as mão dizendo que não é polícia das universidades ! Palavras de um Ministro cuja coragem só lhe chegou para combater as praxes e que sem dúvida alguma não ficará para a história pelo denodo com que combateu as tais corporações universitárias, cegamente confiando/esperando quiçá que elas se combatessem a elas próprias !

Em 21 de Setembro de 2017 foi tornado público um estudo da DGEEC sobre o fenómeno da endogamia académica nas universidades Portuguesas. Estudo esse que foi objecto de artigo no jornal Público https://www.publico.pt/2017/09/21/sociedade/noticia/no-ensino-superior-nao-e-o-merito-que-comanda-as-contratacoes-17861461786146 No mesmo merecem destaque as compugentes declarações do Catedrático José Ferreira Gomes, Secretário de Estado do Ensino Superior no XIX Governo e do Ensino Superior e da Ciência no XX Governo, que diz (pasme-se) que a endogamia existe porque na sua génese está um problema humano ! No entendimento daquele Colega a violação dos princípios constitucionais do mérito e da igualdade têm afinal uma explicação humanística. Os júris não são assim culpados de violação do dever de imparcialidade mas apenas "culpados" de terem um coração muito generoso...para com os candidatos da casa Também muito se estranha que o Público tenha logo ido pedir conselho precisamente a quem enquanto Secretário de Estado durante 2 Governos fez rigorosamente nada para tentar resolver o problema da endogamia. Não menos estranha é a afirmação do antigo Secretário de Estado quando diz que o diploma do emprego científico constitui "uma oportunidade dourada" para reverter o fenómeno, esquecendo-se porém que em artigo publicado no inicio deste ano tinha escrito que o referido diploma até iria agravar o problema da endogamia !

Também em Março foi conhecido recente documento interno do Dep. de Física do IST disponível em https://www.docdroid.net/Qv14n3X/seleo-de-candidatos-fsica-ist.pdf.html
o qual contém recomendações sobre as linhas de selecção de candidatos pode ler-se que: "a justificação das propostas de abertura de concursos e/ou dos critérios/pesos adotados na elaboração dos editais deve ser acompanhada dos curricula vitae de potenciais candidatos"

Em Março o Presidente do SNESUP escreveu que [/b]"No Ensino Superior e Ciência, acusações de endogamia e concursos viciados caminham em paralelo com fenómenos de desvalorização e precarização"

Na edição do semanário Sol publicada em 25 de Fevereiro o Professor Catedrático José Ferreira Gomes refere que as propostas que se preparam para a ciência vão incentivar a mediocridade e agravar ainda mais o problema da endogamia académica. https://www.docdroid.net/xYXU9s1/artigo-25-fev-2017-ex-secretrio-de-estado.pdf.html

Em 9 de Fevereiro o Professor Catedrático Arnaldo Videira escreveu a propósito da avaliação de desempenho universitária sobre um regime "que frequentemente privilegia os “amigos” e lambe-botas em detrimento do mérito

Em 13 de Janeiro de 2017 o historiador Rui Tavares, escreveu que "contrata-se quem já é da casa ou já fez favores à casta, em concursos de regras abstrusas que servem mais para eliminar candidatos inoportunos do que para ampliar o leque de escolha " 

O Professor Catedrático José Ferreira Gomes que foi Secretário de Estado do Ensino Superior no XIX Governo e do Ensino Superior e da Ciência no XX Governo, escreveu em 30 de Dezembro de 2016 que "Não é surpreendente que as decisões de recrutamento de docentes a todos os níveis nem sempre favoreçam os mais promissores. É compreensível que as decisões de abertura de concursos, de constituição de júris e de seriação pelos júris pareçam perseguir outros objetivos...Todos estão de acordo em criticar o inbreeding, mesmo aqueles que participam nos processos que o reforçam" 
Foi por certo a primeira vez que um Colega que exerceu funções governativas ainda por cima logo em dois Governos da República reconhece, ainda que o tenha feito em termos abstratos, a existência de concursos manipulados na academia.

O Presidente do Conselho Nacional da Educação escreveu no relatório do Estado da Educação apresentado em 26 de Setembro de 2016, que a endogamia académica coloca em causa a equidade e o mérito na carreira universitária e é responsável pela paroquialização das equipas de investigação cientifíca cuja maioria não vai além da mediania: https://www.publico.pt/2016/09/24/sociedade/noticia/professores-convidados-mantem-tendencia-do-ensino-superior-para-a-endogamia-1745056?frm=ult

 No mesmo relatório consta ainda o seguinte texto: Em países onde a endogamia representa um problema,a possibilidade de contratar os melhores candidatos é reduzida, apesar da “fachada” dos concursos abertos, aparentemente transparentes e competitivos...Os processos de seleção, embora formalmente baseados na avaliação padronizada das candidaturas, são na prática baseados na avaliação informal das competências individuais e dos relacionamentos pessoais durante a formação, o que resulta no ‘favoritismo do candidato local’... Este tipo de contratação não só abre a porta à corrupção, como é injusto para aqueles que não criaram relações pessoais dentro do departamento ou que mudaram de instituição de ensino superior. Desde modo, a independência intelectual e a mobilidade são castigadas.

Em 6 de Agosto de 2016 o semanário Sol publicou uma longa entrevista ao Professor Catedrático Jubilado Jorge Calado do IST, onde aquele afirmava que muitos Professores Universitários são selecionados tendo como critério não irem fazer sombra aos que já lá estão. Trata-se de um básico mecanismo de sobrevivência de Professores medíocres que apenas um sistema de recrutamento caduco permite e o qual já foi analisado aqui https://link.springer.com/article/10.1007/s11024-013-9231-0

Durante o ano de 2016 nove colegas divulgaram uma carta aberta sobre um concurso para selecionar um Professor de Matemática que recebeu 38 candidaturas (algumas até de colegas com prémios Gulbenkian, alguns com currículos longos tanto cientifica como pedagogicamente) e onde o candidato selecionado foi precisamente aquele que não tinha nenhum artigo científico nem atividade científica conhecida na área do concurso.

O Professor Catedrático Luís Campos e Cunha da Universidade Nova de Lisboa escreveu no site da petição, em 2016, que endogamia académica é um problema muito grave que incita e fomenta o lambe-botismo das hierarquias instaladas. Também o Professor Catedrático Armando Machado da Universidade do Minho escreveu "A progressão na carreira universitária portuguesa depende ainda em larga medida de padrões de obediência e subserviência a mentores e exorientadores que, por sua vez, com muita frequência manipulam os júris de avaliação"  

Destaque para o texto abaixo extraído de uma comunicação dos investigadores Orlanda Tavares, Vasco Lança e Alberto Amaral apresentada em Setembro de 2015 numa conferência realizada na Áustria, comunicação essa onde se refere que Portugal é um dos campeões europeus da endogamia académica: “inbreeding is likely to damage candidates’ equal opportunities and the university’s quality of teaching and research...academic inbreeding restricts the possibility of hiring the best potential candidates for academic appointments... Although in many countries recruitment procedures occur through open calls for positions, which appear to be fair and transparent... in inbred countries "these ‘open and competitive’ procedures are essentially pretense, as no one believes in the possibility of genuinely fair chances for outsiders”

Em 1 de Novembro de 2014 recebi de um conhecido ex-Reitor de uma universidade pública um email onde se podia ler o seguinte: "Conhecem-se concursos que são ganhos por candidatos exteriores, devido ao mérito dos seus curricula, mas que são acolhidos nessas instituições como se se tratassem de intrusos ou mesmo de inimigos. A introdução no ECDU de alguns critérios que impedissem a endogamia seria de enorme interesse"

O Professor Catedrático Jubilado Mário Vieira de Carvalho da Universidade Nova de Lisboa escreveu em 2009 "tem-se dado como provado em tribunal que há membros do júri que, com o intuito de favorecer um candidato em detrimento de outro, fazem tábua rasa das grelhas de avaliação que o próprio júri aprovara

O Professor Emérito do MIT Michael Athans escreveu em 2001 sobre a sua estada no IST e em particular sobre o problema da endogamia merecendo destaque a trágica previsão "inbreeding may also lead to a serious mediocrity in the Portuguese educational system for the next 30-40 years...some “academic dictators” encourage hiring their mediocre students and employ inbreeding as a means of hiding their academic incompetence and inferior research capabilities"

O Professor Catedrático Vital Moreira da Universidade de Coimbra escreveu em Julho de 2000, sobre o problema da endogamia em geral e os consequentes concursos com fotografia em particular "na maior parte dos casos os lugares só são postos a concurso quando alguém "da casa" esteja em condições de concorrer. Depois, normalmente ninguém de fora da instituição ousa apresentar-se a concurso. Finalmente, o concorrente único é sempre admitido... com a ajuda de júris amistosamente escolhidos.":

O Professor Catedrático Orlando Lourenço, da Universidade de Lisboa, deve ter sido o primeiro, quando em Junho de 2000 escreveu que a endogamia era o primeiro inimigo da universidade Portuguesa. Mas disse muito mais, disse também que na Academia Portuguesa, "é a obediência, quando não a mediocridade, que são recompensadas"

Aqui ao lado na vizinha Espanha a academia padece de idêntica enfermidade, ainda assim com uma percentagem de endogamia média inferior à das universidades Portuguesas, contudo os Colegas Espanhóis há muito que estão conscientes da gravidade deste problema e das consequências perversas da endogamia para a docência e para a investigação. Como refere o Catedrático Jordi Caballé, da Universidade Autónoma de Barcelona: "Los centros más endogámicos, los que se muestran menos abiertos a la incorporación de talentos externos, son también los más fosilizados".

Um recente artigo do Catedrático José Ginés-Mora, da Universidade de Valência é também bastante incisivo na condenação da endogamia universitária "la endogamia es consecuencia de corruptelas: se favorece al familiar, al amiguete o simplemente al “cliente” del que se espera fidelidad en el futuro" 

Igual destaque merece um outro artigo muito esclarecedor do Catedrático Andrés Betancor "Es corrupción cuando se trata de un contrato de 10.000 euros para organizar un evento...pero cuando se trata de la adjudicación de una plaza de catedrático es … endogamia" 

E também um outro recente do Catedrático Carlos Gorriarán que escreveu que "Todos estos escándalos tienen una raíz común: la endogamia y sus redes clientelares, que hacen muy difícil acceder a la universidad como profesor e investigador si no es bajo el patrocinio clientelar del grupo dominante en el departamento, que después tratará de condicionar y dirigir la carrera académica del novato. Bajo la regla del favor debido y concedido, y del silencio de los beneficiados y aspirantes a serlo, se toleran y perpetran demasiados atropellos."

Ou ainda mais recentemente em Fevereiro de 2017 a acusação da Catedrática Rosa Berganza candidata a Reitora da Universidade Rei Juan Carlos de Madrid instituição que acusou de funcionar como uma rede clientelar "ao mais puro estilo mafioso" http://politica.elpais.com/politica/2017/02/09/actualidad/1486639585_879039.html

No entanto os Colegas Espanhóis são muito mais proactivos a denunciar irregularidades concursais e outras através de uma plataforma criada pela Associação para a Transparência: http://www.corruptio.com/web/main/main.htm  iniciativa que está longe, pelo menos num futuro próximo, de vir a ser replicada em Portugal, talvez porque, como escreveu no Público o Colega André Freire do ISCTE em 8 de Janeiro de 2016, existem na universidade Portuguesa várias condicionantes que "estimulam a domesticação dos docentes".

Ricardo Cabral, Francisco Louçã e Bagão Félix escreveram sobre a importância de se contribuir para combater a danosa tendência para a indiferença, que transforma a omissão num caminho, o adiamento num meio, a apatia numa consequência, a insensibilidade numa regrae o antropólogo António João Maia escreveu recentemente que “os atos de corrupção e fraude que as mais das vezes ocorrem no contexto da ação de organizações (públicas ou privadas) são praticados por indivíduos (funcionários ou trabalhadores) dessas organizações que revelam deficiências na interiorização dos valores éticos e morais...” é por isso lícito perguntar:

1 - será que um Professor que participa activamente na viciação de um procedimento concursal, ou que seja o beneficiário directo dessa viciação, reúne suficientes condições de ética, isenção e imparcialidade, para poder avaliar os seus alunos de forma rigorosa, sem que se corra o risco de favorecer alguns ou algumas, com ou sem troca de contrapartidas ?

2 - será que um Professor que participa activamente na viciação de um procedimento concursal, ou que seja o beneficiário directo dessa viciação, reúne suficientes condições de ética, isenção e imparcialidade, que minimizem o risco de no futuro se dedicar à pratica de actos ilícitos, como plagiar o trabalho de colegas ou falsificar resultados de investigações ?

3 - e será que quando se acaba de saber que um projecto de investigação financiado pela FCT, que envolveu 180 cursos, 7.292 alunos e cerca de 2.700 docentes com o título A ética dos alunos e a tolerância de professores e instituições perante a fraude académica no Ensino Superior” confirma a existência de uma elevada incidência de fraude académica em Portugal, num país onde muitos daqueles que deviam constituir-se como modelos de comportamento, se pautam afinal por uma relatividade ética, permanente e generalizada, não deveria a contratação de Professores Universitários merecer neste contexto redobradas preocupações, por forma a ser feita de forma transparente, rigorosa e no respeito pelos princípios da justiça, da imparcialidade e do mérito, consagrados na Constituição da Republica Portuguesa ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/endogamia-academica-e-viciacao-concursal.html

Universidades recusam a abertura de mais vagas de medicina autorizadas pelo Governo



Gosto principalmente da parte em que os senhores médicos directores das faculdades de medicina alegam que "a capacidade formativa das escolas médicas estar “esgotada há muito..." mas logo a seguir dizem que não se importam de abrir mas vagas se for para estudantes estrangeiros. 

Alegam os senhores médicos directores das faculdades de medicina que Portugal não tem falta de médicos e que isso seria estar a formar médicos para o desemprego, porém se esse argumento hipócrita (e até idiota) fizesse algum sentido então seria necessário fechar todos os cursos que há muitos anos andam a formar para o desemprego, algo que as universidades não pretendem fazer. 

Porém o alegado é rigorosamente falso como o provam os quase 2000 médicos espanhóis e italianos (já para não falar dos muitos médicos cubanos como o tal que violou na menos do que cinco pacientes quase parecendo que ele tinha a especialidade da violação) que andam a trabalhar no nosso país por conta de uma evidente falta de médicos Portugueses em número suficiente https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/porque-e-que-ha-tantos-medicos.html e também o prova o facto de hazer zonas do nosso país para onde suas excelências, os senhores médicos não querem ir. A verdade é que se dependesse dos senhores médicos directores das referidas faculdades ainda hoje estariamos como estavamos à 50 anos atrás quando havia somente três cursos de medicina em Portugal. 

E enquanto isso muitas famílias Portuguesas tem de gastar fortunas a enviar os seus filhos para tirarem cursos de medicina lá fora.

Já se sabia que nunca houve ninguém nos Governos deste país que tivesse sido capaz de controlar a endogamia universitária (onde os cursos de medicina tem um péssimo recorde), será que também não há ninguém que explique às universidades públicas que as mesmas pertencem aos contribuintes Portugueses (que pagaram a sua construção e que já lá meteram dezenas de milhares de milhões de euros) e que portanto o que interessa é o que estes querem e não o querem os médicos directores das Faculdades de Medicina ?

É por isso absolutamente evidente que se as universidades públicas, por conta de interesses particulares, não querem abrir mais vagas no curso de medicina então é chegada a altura do Governo autorizar a Universidade Católica a abrir o curso de medicina. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/malhar-forte-na-universidade-catolica.html


Dar dinheiro a quem nos anda a roubar. Portugal perde 12.000 milhões de euros por ano

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/parlamento-decide-que-portugal-nao-pode.html

Ainda sobre a tal medida aprovada pelo Parlamento Português e comentada no post acima hoje no Público o Rui Tavares recorda algo muito importante em artigo intitulado "Pagar para ser roubado":
"quando fui vice-presidente de uma comissão europarlamentar contra a criminalidade
organizada, corrupção e branqueamento de capitais, e relator de um documento de
trabalho sobre as relações entre branqueamento de capitais, evasão fiscal e paraísos fiscais, os dados a que tivemos acesso — alguns dos quais baseados em estudos encomendados pela Comissão Europeia — davam-nos um retrato enfurecedor ...Portugal perderia cerca de doze mil milhões de euros por ano"...Mas aquilo de que estamos a falar agora é ainda mais diabólico. Não se pede que Portugal acabe, por si só, com a roubalheira dos nossos recursos através dos paraísos fiscais. Pede-se apenas que..Portugal não responda à roubalheira oferecendo mais dinheiro, de graça ou em condições muito vantajosas, a quem nos anda a roubar. Será pedir muito ?"
https://www.publico.pt/2020/06/17/opiniao/opiniao/pagar-roubados-1920821





terça-feira, 16 de junho de 2020

Parlamento decide que Portugal não pode ser racista com a lista NEGRA dos offshores

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/05/covid-19countries-barring-firms.html

Depois de se saber (link acima) que alguns países como a França, Dinamarca,  Itália ou Áustria, decidiram que as empresas que tem sede em paraísos fiscais não podem ter direito a apoios públicos no âmbito da pandemia Covid-19, o Parlamento Português decidiu, informou ontem o jornal Público, de forma oposta, pois o PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal, juntaram-se para chumbar uma proposta nesse sentido. A explicação só pode por isso ser uma única, como em Portugal não somos racistas (Rui Rio dixit) então não podemos ser racistas com as empresas só porque tem a sua "sede ou com filiais num dos territórios da “lista negra” dos offshores". 

A bela tradição dos offshores vai por isso continuar e isso significa que Portugal vai continuar a ser aquele país que foi bem descrito há poucos meses atrás pelo escritor João Pedro George https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/crimes-cometidos-pelos-membros-das.html

Curiosamente o deputado do Chega achou boa ideia faltar a esta votação para depois não ter de explicar aos seus apoiantes o voto ao lado do PS, pois todos sabemos que o deputado Ventura gosta muito de offshores, por conta do seu trabalho numa firma de planeamento fiscal, leia-se que ajuda os ricos a fazer aquilo que eles sabem fazer melhor. 

P.S - Em tempos comentei o facto de em Portugal os maus gestores públicos serem recompensados com promoções agora fica-se a saber que não são os magistrados que tem a "ficha limpa" que são "promovidos" mas curiosamente são precisamenye aqueles que foram condenados em sede de processo disciplinar que são os escolhidos para altas funções, como hoje se dá conta aqui. (o novo nomeado vai ficar a ganhar mais do que a própria Ministra)  O que mostra que está de pedra e cal aquela bela tradição de nomeação de outros Portugueses também com a ficha limpissima, como o advogado e ex-deputado condenado por ter roubado gravadores a jornalistas com pena confirmada pelo Tribunal da Relação em 2013, que foi nomeadopara o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais ou o deputado e advogado condenado por ter ficado com 45.000 euros de um cliente, com pena confirmada pelo Tribunal da Relação em 2016 que foi escolhido para o Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal

Paper__In the wake of COVID-19, is glocalization our sustainability future?

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/this-civilization-is-finished-time-to.html

Still following the post above check the recent paper below:
"The coronavirus pandemic provides opportunities for a new kind of a glocalization, in which people live far more local lives than in recent decades but with greater global awareness through a connective world brain"
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/15487733.2020.1765678



Público__Descobertas 30.000 toneladas de resíduos tóxicos e carcinogénicos

O título do presente post está relacionado com a noticia que abre hoje a segunda página do jornal Público, porém não se percebe porque é que o jornal Público achou que esse tema merece um tal destaque pois quase parece que os responsáveis daquele jornal não conhecem o país em que vivem. Ou quem sabe talvez já se tenham esquecido das centenas de milhares de toneladas de resíduos tóxicos de que se falou aqui
ou do assunto abaixo que nunca mereceu uma noticia do Público 
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/contaminacao-de-mina-excede-em-2000.html

A culpa essa é da generosidade com que a justiça em Portugal trata as empresas poluidoras, que acabam depois em tribunal a pagar apenas 500 euros ou muitas vezes a receberem uma repreensão do juiz

A parte irónica da noticia é quando o jornalista escreve que as referidas escórias: "deveriam ter sido enviadas para a Alemanha nos anos 90" como se alguém acreditasse que Portugal, o país que é quase o "caixote do lixo da Europa", título de artigo do Expresso,
conseguisse enviar resíduos tóxicos e logo para a Alemanha, o país onde as taxas de tratamento e deposição de resíduos são muito mais elevadas do que as nossas. 

Em boa verdade e como conta o artigo mais à frente, esses resíduos foram produzidos na Suiça pela empresa Refonda SA e foram depois enviados para Portugal, que é aquilo que é natural e cumpre a tradição, para que à conta disso alguém pudesse meter quase meio milhão de euros ao bolso, que é aquilo que também é tradicional em Portugal. No final o nosso país (leia-se os contribuintes Portugueses) acabou a pagar, a meias com a Suiça 9 milhões de euros, para os resíduos irem ser tratados na Alemanha, mas parece que afinal só foi uma parte e ficaram por cá as tais 30.000 toneladas, algo que também é natural nos negócios que envolvem Portugal. 

P.S - E o que terá acontecido ao tal Português que meteu dinheiro ao bolso para trazer este lixo para Portugal e no final obrigou os Portugueses a pagar milhões de euros pela sua devolução ? Será que foi para a cadeia ? O artigo infelizmente nada diz a esse respeito mas não custa muito adivinhar o que lhe terá sucedido, se tivermos em conta a forma muito pouco severa com que a justiça Portuguesa trata os poluidores. Para a justiça Portuguesa poluir não é muito grave, nem sequer é grave, o que é grave são as injúrias e a difamação. 



segunda-feira, 15 de junho de 2020

Paper__Why do nations produce science advances and new technology?



I guess that the Yale University visiting scholar who wrote the paper above forgot that "more than 40 per cent of global R&D is now performed by just 200 companies" meaning that its corporations more than countries that invest heavily in research https://sciencebusiness.net/news/governments-risk-losing-control-over-direction-technology-research-oecd-warns

Also probably if the author was not so self-obsessed (his paper has 42% self-citations) he could have cited the work of Klavans & Boyack (2017) on the fact that some countries have more altruist research agendas than others  https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0169383


Os Portugueses que não têm moral para criticar o Duarte Lima, o Dias Loureiro, o Armando Vara ou o Sr. Sócrates !


O semanário Sol publicou há 2 dias uma bizarra (e longa de 8 páginas) entrevista ao cadastrado, agora Presidente da Câmara de Oeiras (aquela Câmara cujos funcionários tem direito a massagens para alegadamente terem mais produtividade) onde aquele aproveitou para se fazer passar pelo mais honesto Português que algum dia nasceu neste país. 

É claro que o "jornalista" que o "entrevistou" (com perguntas muito delicodoces que são uma vergonha para o estatuto de jornalista) não lhe perguntou obviamente pelo dinheiro que aqui há alguns anos atrás o Ministério Público o acusou de ter depositado em contas na Suiça, tendo o Santo Maçon de Oeiras na altura alegado que era dinheiro de sobras de campanhas (por certo foi o único politico em Portugal que teve lucro com as campanhas, os partidos deviam aprender com ele pois assim já não precisavam da ajuda do Estado), vendas de património próprio, investimentos, heranças e ainda que nessas contas havia dinheiro da sua irmã, sobrinho e da mulher daquele. https://www.publico.pt/2009/06/17/sociedade/noticia/mp-vai-processar-sobrinho-de-isaltino-morais-por-falsas-declaracoes-em-tribunal-1387091

Nem lhe perguntou obviamente pelos 44 recursos, que o seu advogado apresentou desde que foi condenado a 7 anos de cadeia em 2009, que são a prova que a justiça Portuguesa foi concebida para favorecer ricos (mesmo que eles se tenham tornado ricos na politica) pois somente esses é que podem fazer o que ele fez, pagar centenas de milhares de euros entre taxas de justiça e honorários com advogados, para tentar obter a prescrição de tudo. É verdade que não conseguiu alcançar os seus objectivos na totalidade, mas de uma condenação inicial de 7 anos, conseguiu baixar essa para 2 anos e no fim só passou 1 ano na cadeia. Nem sequer teve de responder pelo crime de corrupção porque em Portugal, muito oportunamente a prescrição ocorre ao fim de 15 anos o que mostra que no nosso país os corruptos tem a vida muito facilitada. 

E será que se ele tivesse 10 advogados poderia ter apresentado 440 recursos ? E já agora se como disse um ex-juiz a maçonaria controla a justiça não seria saudável a bem da transparência saber quantos juízes maçons é que apreciaram os recursos do Santo Maçon de Oeiras ?

Mais pormenores sumarentos sobre a condenação do Santo Maçon de Oeiras no link abaixo
Gosto da parte em que se fala de um cheque de 4 milhões de euros que lhe terá sido entregue ou quando a acusação diz que ele tem de pagar mais de 600.000 euros em IRS e o advogado do Santo Maçon alega que já passou o prazo para lhe pedirem essa verba. É assim que os palermas que neste país pagam IRS dentro do prazo aprendem com estes belos exemplos. Quem tiver dúvidas melhor será que telefone para a Câmara Municipal de Oeiras, para conseguir saber como é que se faz, para depois também poderem dizer ao fisco que já passou o prazo para cobrar.  

Se fosse ali ao lado na vizinha Espanha este Santo Maçom ainda hoje andaria a meditar num estabelecimento prisional. Uma coisa é por isso certa os residentes no concelho de Oeiras que reelegeram este cadastrado, não têm moral para criticar o Duarte Lima, o Dias Loureiro, o Armando Vara ou o Sr. Sócrates ! 

PS - A parte mais engraçada da entrevista é quando na parte final o Santo Maçon de Oeiras diz que o objectivo de vida dos maçons é tornarem este um mundo melhor. Claro que é, ele fez muito para tornar a sua vida bastante melhor e também para melhorar a vida do advogado a quem ele pagou uma conta gorda. Por uma estranha coincidência também outros maçons como estes aqui também andaram a tornar este um mundo melhor para eles e para os seus amigos. 


domingo, 14 de junho de 2020

Artigo__Portugal com o pior desempenho europeu nas exportações de produtos de alta tecnologia


Braja, M., & Gemzik-Salwach, A. (2020). Competitiveness of high-tech exports in the EU countries. Journal of International Studies, 13(1), 359-372.  

Portugal apresenta ainda a quarta maior queda no espaço europeu. Já as maiores subidas registam-se a Leste: Polónia (9.8%), Hungria (7.9%), Roménia (7.7%) e Eslóvenia (7%)

Talvez ajude a perceber o fenómeno acima o facto de muitos empresários Portugueses saberem que neste país a receita para o sucesso não é ser inovador (nem muito menos gastar dinheiro em investigação) mas antes pedir centenas de milhões de euros à banca, sem garantias e depois pedir perdão da divida como sucedeu com muitos, como por exemplo o empresário que recebeu um perdão de mais de 100 milhões de euros ou aquele outro que pediu e já recebeu um vultuoso perdão de centenas de milhões  ou aquele outro que deixou um buraco de 1200 milhões, mas não sem antes ter tentado também receber um perdãozinho de 99%, mas que felizmente e por um estranho milagre não foi aceite

Sejamos honestos, qual é que é o empresário que vai investir em alta tecnologia se pode comprar um Ferrari (ou uma viatura de luxo de outra marca) para ele, mais outro para a sua mulher (e ou amante) e vários outros para os filhos, filhas e afilhados se ainda por cima ainda os pode abater no IRC ? 



High-tech products exports__Ireland, France and UK rule in a 10 year period

Check table 2 in the recent paper in the link below: 
https://www.jois.eu/files/23_913_Braja_Gemzik-Salwach.pdf

Braja, M., & Gemzik-Salwach, A. (2020). Competitiveness of high-tech exports in the EU countries. Journal of International Studies, 13(1), 359-372.