terça-feira, 1 de outubro de 2019

“Concursos à revelia da Lei” com a benção do Ministro Heitor



O jornal Público relembra hoje que dez anos passados da meta consagrada em letra de lei que determinava que entre 50% e 70% dos professores universitários deveriam ser Associados ou Catedráticos (como sucede lá fora em universidades do primeiro mundo) nenhuma universidade em Portugal consegue respeitar essa meta, a percentagem anda nos 20% e por estranho que pareça têm vindo a diminuir. 

Importa porém esclarecer que o título do artigo supra é falso porque o topo da carreira corresponde somente à categoria de Catedrático e só 7% dos docentes universitários estão nesta categoria. A categoria de Associado não faz parte do topo em nenhuma universidade do primeiro mundo, a não ser na cabeça da jornalista Clara Viana, autora deste artigo.   

Entretanto há poucos meses atrás e alegadamente seguindo uma sugestão do Conselho de Reitores-CRUP, o Governo aprovou uma aberração legal que dita que as instituições do Ensino Superior podem abrir concursos, a que não podem concorrer candidatos externos, nem tão pouco podem concorrer candidatos internos, que não estejam nessa instituição há pelo menos 10 anos.

Isto é, que o candidato que lá esteja há 5, 6, 7, 8 ou 9 anos tenha um currículo muito superior ao candidato que lá está há 10 anos isso é absolutamente irrelevante. Algo que jamais poderia suceder em universidades do primeiro mundo lá fora. 

Mais valia por isso que não perdessem tempo com esses vergonhosos pseudoconcursos e nomeassem logo os tais candidatos, com mais de 10 anos, na categoria superior, como foi feito há algumas dezenas de anos, atrás com os famosos catedráticos decretinos.

Ao jornal Público o Presidente do CRUP justifica-se sobre a referida aberração dizendo que é uma forma de “desbloquear um problema grave” ou seja ficamos assim a saber que a violação do princípio Constitucional do mérito não constitui para o Presidente do CRUP um problema muito mais grave.  

Ou talvez a violação repetida e institucional desse mesmo principio, seja afinal a justificação para a aberrante proposta e a sua aprovação na Assembleia da República pelos nossos muito meritórios deputados. Relembre-se que um ex-Reitor disse que esta era uma medida que iria reforçar o compadrio nas universidades, o que diz tudo da bondade da mesma. 

The greedy gene and the Greedy Awards



Continuing the discussion initiated in the preceding post regarding the actions of the excessively wealthy individuals striving to evade the repercussions of the imminent climate crisis, it is noteworthy to highlight a recent study conducted by researchers from the Netherlands. The study encompassed nearly 4000 individuals across three countries—USA, Belgium, and the Netherlands. The findings suggest a correlation between greed and a higher likelihood of engaging in unethical behavior, even to the extent of breaking the law. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0191886918305130  

Moreover, while it is comprehensible to vilify individuals such as radical Islamists and those on the far-right in Europe who propagate hatred, a comparable condemnation should logically extend to the widely known ideology of "greed is good" This ideology is no less pernicious; in fact, it holds a similarly ominous nature. It aligns with the sentiments articulated by Prof. Martin Reich, as previously discussed in this context https://www.kansascity.com/opinion/opn-columns-blogs/syndicated-columnists/article204794939.html

PS -  In the context mentioned above, please also refer to the paper titled "Greediest players in US healthcare “honored” in awards"
This year’s top spot went to Nostrum Laboratories chief executive Nirmal Mulye, who justified his company’s 400% price hike of … generic antibiotic that treats bladder infections, telling the Financial Times there was “a moral requirement to sell the product for the highest price” in order to reward shareholders” 

O gene ganancioso, a sustentabilidade do Planeta e os Óscares dos mais gananciosos

Ainda na sequência do que se escreveu sobre os gananciosos super-ricos que andam muito atarefados aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/enquanto-os-super-ricos-so-pensam-em.html é interessante constatar que Investigadores da Holanda estudaram recentemente quase 4000 pessoas em três países (EUA, Bélgica e Holanda) concluindo que as pessoas gananciosas são mais propensas a comportamentos menos éticos incluindo a violar a própria lei 
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0191886918305130ne em Março deste ano alguém escreveu um post curioso sobre o gene ganancioso
“..The degree of greediness depends on the presence of one (or all) of these variants. For example, researchers have shown that extremely selfish and greedy people have a shorter version of the ruthless gene” http://genomeden.com/genetics-of-greed/

E se é compreensível reprovar e até diabolizar (os radicais islâmicos e outros da extrema-direita) que na Europa fazem a apologia do ódio, faria todo o sentido lançar o mesmo opróbrio sobre a famosa ideologia “greed is good” porquanto a mesma não é menos nefasta, muito antes pelo contrário. 

É a mesma ideologia de que o Prof. Martin Reich falou aqui https://www.kansascity.com/opinion/opn-columns-blogs/syndicated-columnists/article204794939.html   e que entretanto já tornou o seu autor famoso com direito inclusive a um  Óscar com o nome dele:

Greediest players in US healthcare “honoured” in awards
“This year’s top spot went to Nostrum Laboratories chief executive Nirmal Mulye, who justified his company’s 400% price hike of...antibiotic that treats bladder infections, telling the Financial Times there was “a moral requirement to sell the product for the highest price” in order to reward shareholders”
https://search.proquest.com/openview/7ce793532886e4f1b70f019ecc63f77b/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2043523

Climate crisis, naive youth activism and (the unavoidable) eco-terrorism


It reflects a deficiency in intelligence or, at the very least, a lack of common sense when individuals dismiss numerous well-founded warnings and projections. Some continue to engage in frivolous activities like singing and dancing without recognizing the irony that those (billionaires) who can afford such "luxuries" are extremely preoccupied with self-preservation.  https://onezero.medium.com/survival-of-the-richest-9ef6cddd0cc1 This disconnect highlights a failure to grasp the gravity of the situation and a misguided prioritization of personal pleasures over acknowledging the pressing concerns that surround us.

A few days ago, someone commented on young Greta Thunberg's impassioned UN speech, predicting that things are going to be really bad. Of course, things will be really bad not because of the young Swedish but rather because it has perpetually been a perilous assumption for affluent nations to believe they could persist indefinitely in their harmful practices with impunity and devoid of consequencesThis extends beyond just greenhouse gas emissions; it also involves the hazardous practice of exporting toxic waste to economically disadvantaged countries https://www.policycenter.ma/blog/running-risk-turning-planet-garbage-dump#.XZCnhFVKhdg

The irony lies in the fact that it may well be the youth in affluent nations who take actions that their counterparts in third-world countries either cannot or choose not to undertake. However, the disheartening aspect has yet to fully manifest. When these young individuals come to the realization that skipping classes, protesting, and occupying streets yield minimal impact, some among them, especially the less inclined towards peaceful means, may lean towards radicalization, potentially resorting to eco-terrorism https://global4cast.org/2019/04/eco-terrorism-is-a-matter-of-time/

P.S - In the aforementioned context check the paper published in the Elsevier journal "Aggression and Violent Behavior," whose subsection 2.3, delves into the phenomenon of radical eco-terrorists  https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1359178917302859

Update on December 29, 2019 -  For further insight check also the post titled "Do third-world countries have the right to engage in retaliatory attacks against rich countries as an act of self-defense?https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/are-third-world-countries-entitled-to.html

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

"quem é contra a carne de vaca...é o mundo da noite e da droga"


As vergonhosas declarações acima fazem hoje capa no jornal i, tendo sido produzidas pelo engenheiro Eduardo Manuel Drummond de Oliveira e Sousa, Presidente da CAP, a conhecida associação dos empresários de produção industrial de animais.  

Sobre as referidas declarações do Presidente da CAP, já apresentei queixa a quem de direito, à Ordem dos Engenheiros, Seja como for e ainda sobre drogas importa perguntar,  quem serão aqueles empresários de que se fala nos extractos de dois artigos reproduzidos abaixo, que usam antibióticos em excesso, serão por acaso associados da CAP ? 



E quando é que será que os talhos e os restaurantes serão obrigados a informar os clientes sobre a quantidade de antibióticos presente na carne que lhes é vendida ?

PS -  Pelos vistos, ao (carnivoro) engenheiro Eduardo Manuel Drummond de Oliveira e Sousa, não basta que em Portugal o consumo médio de carne já seja mais do dobro, daquilo que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde, se fosse ele a mandar os Portugueses por certo teriam que comer carne ao pequeno almoço. comer carne ao almoço, comer carne ao lanche e comer carne ao jantar ! 

Imperial College___“great scientists leave academia”


“I’ve seen great scientists leave academia — not because they want to, but because the system has crushed them.” https://www.nature.com/articles/s41563-019-0432-2

Its worth remembering that the Imperial College really has a "reputation" concerning “crushing” because is the same place where Full Professor Stefan Grimm committed suicide because he was unable to raise enough research funding to meet the target of “£200,000 per year”

Paulo Portas confia nos cientistas para salvar a Terra


Depois da sua científica comunicação da semana passada na TVI dirigida ao Reitor da Universidade de Coimbra https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/paulo-portas-o-cientista-faz-importante.html ontem o genial Paulo Portas revelou aos Portugueses que não está minimamente preocupado com os desafios ambientais porque confia cegamente na capacidade de inovação dos cientistas, que dessa forma permitirão que (aqueles que podem) possam continuar com a sua vidinha do costume, podendo continuar a consumir o que quiserem, quando quiserem e sem terem que se preocupar com patéticas minudências como seja o que é que esses consumos significam em termos ambientais. 

Ou seja para o Paulo Portas os cientistas são uma espécie de limpadores do lixo produzido pela Humanidade. Estará por certo a referir-se aos fenomenais cientistas do CDS (leia-se da Universidade Católica, os melhores de Portugal como o demonstra de forma inequívoca o famoso e abençoado ranking THE) https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/presidente-da-a3es-revela-segredos-do.html  cientistas esses que não custa acreditar já têm planos para inventar uma fenomenal maquineta, que energicamente alimentada através de um eficientíssimo processo de fusão a frio, conseguirá sugar o carbono da atmosfera transformando-o em ar quente no Inverno e frio no Verão (uma espécie de ar condicionado de última geração com consumo eléctrico nulo).

Imediatamente a seguir também inventarão uma outra capaz de reciclar resíduos de plástico indiferenciados em acções do BCP, isto numa versão preliminar, mas depois numa versão posterior, já bastante melhorada em maços de notas de kwanzas, não é dinheiro em caixa mas é bom para o ambiente.  E finalmente uma terceira que irá responder ao famoso desafio do Bill Gates https://www.gatesfoundation.org/Media-Center/Speeches/2018/11/Reinvented-Toilet-Expo transformando dejectos em bifes do lombo, daqueles com proteína bio de primeiríssima qualidade, os tais de que fala a historiadora Raquel Varela, feito que será alcançado através de um processo biotecnológico extremamente complexo sustentado numa formulação quântica mais complexa ainda e que sem dúvida será merecedor em simultâneo de quatro prémios Nobel (da Química, da Física, da Economia e da Paz) o que permitirá também levar a que a Universidade Católica consiga liderar em Portugal o ranking Shanghai, assim calando de uma vez por todas, os ímpios invejosos que muito injustamente tem duvidado do excelentíssimo mérito científico daquela instituição.  


domingo, 29 de setembro de 2019

A fúria da Reitora da Universidade Católica contra o Presidente da A3ES


O semanário Expresso perdeu ontem o seu precioso tempo a escrever sobre a nova e bizarra classificação da Universidade Católica, naquele famigerado ranking que alguns qualificam de ranking-lixo. Informou a dita peça jornalística, que quando a senhora Reitora da universidade Católica soube das dúvidas do Presidente da A3ES, vertidas num artigo do jornal Público de 23 de Setembro, sobre qual teria sido o abençoado critério capaz de fazer o impensável, conseguir o milagre de colocar a Universidade Católica à frente de todas as outras Portuguesas, não ficou aquela mesmo nada contente, tendo logo escrito “é escandalosa a forma como o Presidente da A3ES ataca, sem filtros, a instituição Portuguesa com melhor classificação no ranking. Evidência faltasse para a falta de isenção, aí está a prova”.

Compreende-se que alguém, como a dita Reitora, vindo da área das Humanidades e com a portentosa obra indexada que até hoje mereceu dos seus pares 5 (cinco) fabulosas citações https://www.scopus.com/authid/detail.uri?authorId=57160781800 tenha manifestas dificuldades em conseguir perceber como é que realmente se processa o método científico, que manda investigar com rigor sempre que há fundadas dúvidas sobre algum resultado extraordinário. Ou acaso achará a Sr. Reitora da UCatólica que o Presidente da A3ES (e todos aqueles que partilham da mesma opinião) são culpados do crime de blasfémia, por terem dúvidas sobre o rigor do abençoado ranking que levou a universidade Católica ao céu ?

Enquanto os super-ricos só pensam em escapar a restante maioria continua a cantar e a dançar


Só pode ser um sinal inequívoco de uma enorme falta de inteligência (ou no mínimo de ausência de um módico de bom senso), que haja quem pense, que face aos diferentes e graves avisos que chegam por via de inúmeros factos e projecções https://www.smh.com.au/environment/climate-change/a-crying-shame-humanity-sleepwalking-to-disaster-20190911-p52qay.html que pode continuar alienadamente a cantar e dançar, não percebendo sequer que aqueles possuidores de recursos suficientes para poderem efectivamente cantar e dançar a toda a hora, andam estranhamente obcecados em salvar-se https://onezero.medium.com/survival-of-the-richest-9ef6cddd0cc1  

E se até alguém como o Ministro do Ambiente Matos Fernandes, que disse em Maio passado que "temos de deixar de ser donos daquilo que nos dá conforto" será que o fez porque se juntou a alguma seita que defende o asceticismo? Ou porque perspectiva que esse conforto acabará inevitavelmente, como vaticinou o físico Martin Desvaux, por um dia ter que ser retirado à força? “Humans will not willingly sacrifice much of their comfortable lifestyles for the greater good (especially for people in other countries) unless it is taken from them...”

Alguém disse há poucos dias sobre o discurso indignado da jovem Greta Thunberg na ONU que isto vai correr mal. Claro que isto vai correr mal, mas não vai correr mal por conta da legitima raiva da referida jovem, mas antes porque sempre foi uma aposta de elevado risco os países ricos acharem que podiam indefinida e impunemente fazer o que sempre fizeram, deixando aos países pobres as consequências desses actos, não só em termos de emissões de gases com efeito de estufa mas também e principalmente pela exportação para esses países de resíduos incluindo resíduos tóxicos 

PS - A parte irónica é que são os jovens nos países ricos que vão fazer aquilo que os desgraçados do terceiro mundo não podem fazer. A parte desagradável porém ainda nem sequer começou a materializar-se, porque quando os referidos jovens perceberem que faltar às aulas, fazerem manifestações e ocuparem ruas são acções absolutamente inconsequentes nessa altura (alguns deles menos pacíficos) concluirão que só lhes resta a radicalização e consequentemente o eco-terrorismo. https://global4cast.org/2019/04/eco-terrorism-is-a-matter-of-time/

Em desacordo com o Vital Moreira


O conhecido catedrático jubilado Vital Moreira tentou esta semana, no seu blogue,  rebater a critica segundo a qual as actuais eleições legislativas são ilegítimas. Sem sucesso porém, porquanto por mais que se esforce, não consegue ultrapassar a evidência, que um voto de um Lisboeta vale muito mais do que um voto de alguém que viva em Portalegre e que um voto no no PSD ou no PS vale o triplo de um voto num novo partido como o PAN. 

E que essa aberração Constitucional (de haver Portugueses de primeira e Portugueses de segunda) não é alheia ao facto do PSD e PS, que elaboraram a Constituição a seu bel prazer,  desenharam um sistema eleitoral para dominar a Assembleia da República e durante os últimos 45 anos satisfazerem os ilegítimos interesses particulares dos seus amigos e conhecidos, naquilo que o catedrático Nuno Garoupa apelidou em Março deste ano de cleptocracia  https://www.publico.pt/2019/03/29/politica/opiniao/cleptocracia-qualidade-1867166

Coincidentemente, também em Março deste ano, o conhecido catedrático Francisco Louçã recordou no semanário Expresso, que em conjunto com outros dois académicos, estudou o percurso de 776 governantes (ministros e secretários de estado) em 19 governos. Destes governantes 32% nunca o tinham sido mas depois da experiência governativa passaram a administradores no sector privado (113 na finança, 92 na industria e energia e 43 nas áreas do imobiliário e das comunicações)

Porém como os governos não são escolas de alta administração e quem lá passa não fica por isso automaticamente graduado com o diploma de competente administrador, então só resta concluir que a banca e os grandes grupos económicos, contrataram esses antigos governantes como administradores por uma simples razão...pela possibilidade de fazerem excelentes negócios com o Estado, ou no mínimo para conseguirem algumas benesses desse mesmo Estado. Só resta por isso tentar adivinhar quanto é custaram ao Estado Português essas benesses e negociatas ? 

Entre os quase 20.000 milhões de prejuízos por conta de negociatas nas PPPs (11 mil milhões somente nas PPPs rodoviárias), os 20.000 milhões que a banca fez desaparecer nos últimos 10 anos (Expresso dixit) e os quase 20.000 milhões/ano de que se fala aqui https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/corrupcao-custa-a-portugal-182-mil-milhoes-por-ano ninguém se pode pois admirar porque é que Portugal está como está e tem as dividas que têm !