domingo, 29 de setembro de 2019

Em desacordo com o Vital Moreira


O conhecido catedrático jubilado Vital Moreira tentou esta semana, no seu blogue,  rebater a critica segundo a qual as actuais eleições legislativas são ilegítimas. Sem sucesso porém, porquanto por mais que se esforce, não consegue ultrapassar a evidência, que um voto de um Lisboeta vale muito mais do que um voto de alguém que viva em Portalegre e que um voto no no PSD ou no PS vale o triplo de um voto num novo partido como o PAN. 

E que essa aberração Constitucional (de haver Portugueses de primeira e Portugueses de segunda) não é alheia ao facto do PSD e PS, que elaboraram a Constituição a seu bel prazer,  desenharam um sistema eleitoral para dominar a Assembleia da República e durante os últimos 45 anos satisfazerem os ilegítimos interesses particulares dos seus amigos e conhecidos, naquilo que o catedrático Nuno Garoupa apelidou em Março deste ano de cleptocracia  https://www.publico.pt/2019/03/29/politica/opiniao/cleptocracia-qualidade-1867166

Coincidentemente, também em Março deste ano, o conhecido catedrático Francisco Louçã recordou no semanário Expresso, que em conjunto com outros dois académicos, estudou o percurso de 776 governantes (ministros e secretários de estado) em 19 governos. Destes governantes 32% nunca o tinham sido mas depois da experiência governativa passaram a administradores no sector privado (113 na finança, 92 na industria e energia e 43 nas áreas do imobiliário e das comunicações)

Porém como os governos não são escolas de alta administração e quem lá passa não fica por isso automaticamente graduado com o diploma de competente administrador, então só resta concluir que a banca e os grandes grupos económicos, contrataram esses antigos governantes como administradores por uma simples razão...pela possibilidade de fazerem excelentes negócios com o Estado, ou no mínimo para conseguirem algumas benesses desse mesmo Estado. Só resta por isso tentar adivinhar quanto é custaram ao Estado Português essas benesses e negociatas ? 

Entre os quase 20.000 milhões de prejuízos por conta de negociatas nas PPPs (11 mil milhões somente nas PPPs rodoviárias), os 20.000 milhões que a banca fez desaparecer nos últimos 10 anos (Expresso dixit) e os quase 20.000 milhões/ano de que se fala aqui https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/corrupcao-custa-a-portugal-182-mil-milhoes-por-ano ninguém se pode pois admirar porque é que Portugal está como está e tem as dividas que têm !