quinta-feira, 19 de setembro de 2019

"consumir muita carne...um hábito das classes sociais menos instruídas"



Como era de esperar, o omnipresente e quase omnipotente lobby da produção animal não consegue digerir a decisão da Universidade de Coimbra, vide artigo no link supra. E mais azia lhe provocarão frases, como aquela que aparece num artigo do jornal Público, que relaciona o consumo de elevadas quantidades de carne com baixa instrução: "...Cerca de 11% da população total da Alemanha é vegetariana. Mais surpreendente é o facto de 52% da população da Alemanha...ser aquilo a que a literatura científica designa por flexitarian...não come carne durante pelo menos três dias por semana...consumir muita carne naquele país é cada vez mais identificado como um hábito das classes sociais menos instruídas"

Que em Portugal o consumo de carne tenha aumentado em vez de diminuir, excedendo actualmente mais de 100 kg/capita (270 g/dia) o dobro daquilo que é recomendado pela própria Organização Mundial de Saúde é que parece ser coisa que não incomoda minimamente o referido lobby, pois o dito está no negócio de fazer dinheiro e não no negócio da saúde, como já se tinha percebido aqui ""Portugal use more antibiotics than the U.S., based on the number of milligrams purchased per kilogram of livestock raised" 

Quem também não digeriu nada bem a decisão da Universidade de Coimbra foi uma historiadora da Universidade Nova de Lisboa, que hoje escreveu uma linda prosa onde se mostra preocupadíssima com a atrocidade dos estudantes pobres da Universidade de Coimbra não poderem comer carne de vaca.  Prosa essa que no entanto só poderá surpreender os incautos, pois importa não esquecer que foi a mesma que escreveu recentemente que pondera iniciar o "Movimento de defesa da chouriça"  que é o que em boa verdade realmente a preocupa. 

Gostei particularmente da parte, em que a historiadora Raquel Varela, diz que sabe qual a carne que se come "Nos colégios onde se formam elites dirigentes do mundo". Revela  a dita que é a mesma que os filhos dela comem ! Ainda bem para eles, pois assim já podem um dia aspirar pertencer à elite dirigente do mundo. Seja como for, desde logo muito se estranha que quem afirma estar preocupadíssima com os pobres esteja tão interessada em saber o que comem as mesmas elites, cuja especialidade é produzir pobres. Será que ela não alcança que se as tais elites que produziram este insustentável e desigual mundo comem "carne do lombo" isso é uma óptima razão para o resto do mundo não lhe seguir o exemplo ? 

Acresce que a referida historiadora deve achar que os dirigentes da Índia (o país com mais vegetarianos do Planeta) não tem elites, nada mandam neste mundo e não passam de pobres de baixa inteligência (como o Sr. Gandhi que ficou famoso pela sua escassa  inteligência), por conta de não comerem a tal famosa carne do lombo, que ela garante (sem provas científicas mínimas) ser absolutamente indispensável ao funcionamento do cérebro, embora por bizarro que possa parecer a dita carne não tenha feito muita falta ao cérebro do Sr. Leonardo da Vinci nem ao cérebro de outros famosos cientistas.