sábado, 11 de janeiro de 2020

Livros indexados na Scopus__produção pública Portuguesa no sexênio 2013-2018



Ainda na sequência do post acima, onde é abundantemente evidente o grave défice da academia Portuguesa, em termos de livros indexados na base Scopus, segue abaixo a produção de livros no período 2013-2018, para as instituições de ensino superior públicas, que tenham produzido pelo menos 10 livros. Sendo essa produção expressa em termos do rácio número de livros/100 docentes ETI, porque evidentemente não se pode comparar a produção de uma instituição que têm milhares de docentes ETI com a de outra que têm apenas poucas centenas. 

A instituição pública campeã nacional é a Universidade de Aveiro, que por conta de ter produzido 93 livros indexados no período 2013-2018possui o melhor rácio nacional, assim dando elevado retorno ao dinheiro que os contribuintes Portugueses investiram naquela Universidade, já a Universidade de Lisboa, com os seus 114 livros apresenta um rácio muito menor, pouco melhor do que o rácio do Politécnico de Leiria. 

Rácio número de livros/100docentes ETI

Universidade de Aveiro.......15
ISCTE.................................12
Universidade do Minho.......11
UBI.......................................6
Universidade Nova...............6
Universidade do Porto..........6
Universidade de Coimbra.....5
Universidade de Lisboa........5
Politécnico de Leiria.............3
Universidade de Évora.........3
UALG....................................3
Politécnico do Porto..............2
UTAD....................................2

Pela lista acima se conclui que se Portugal têm a miserável posição que têm comparativamente ao Reino Unido (vide link acima) essa posição seria muitíssimo pior se nenhuma instituição de Ensino Superior tivesse um rácio (livros/100 docentes ETI) superior a 5, o rácio da Universidade de Lisboa.


Um Bastonário manhoso e os políticos amigos da corrupção

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/01/novo-bastonario-dos-advogados-contra-o.html

Entre as várias asneiras que saíram recentemente da boca do Bastonário da OA  (post acima) no que respeita à luta contra a corrupção, a área onde Portugal ficou recentemente a saber-se consegue aparecer abaixo da Turquia e da Roménia https://www.theportugalnews.com/news/portugal-is-the-least-compliant-european-country-against-corruption/50075 e onde hoje mesmo um responsável da Policia Júdiciária diz em entrevista ao jornal Público o óbvio que "O poder político não quer fazer um combate sério à corrupção”. 


Note-se porém que isso não é exclusivo do Governo que está, pois até mesmo a Drª Ferreira Leite, também recentemente sugeriu, em Outubro do ano passado que se cortasse nas verbas da PJ  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/manuel-ferreira-leite-falta-de-vergonha.html 

Eu por mim ( e milhões de Portugueses) também conhecemos propostas interessantes que me parecem bastante melhores do que a da Dr. Ferreira Leite, como seja proibir que as câmaras municipais possa comprar viaturas para os senhores presidentes acima de 25.000 euros e a diferença entre esse valor e o valor com que actualmente muitos autarcas andam a gastar como por exemplo os 62.500 euros pagos pela Câmara Municipal de Abrantes ou por exemplo esta ou esta, o permitirá uma poupança mínima a rondar os 2.5 milhões de euros por ano ou poupar 4 milhões de euros por ano no "abate" de 50 deputados ao efectivo de 230 que anda pela Assembleia da República ou ainda poupar quase 6 milhões de euros por ano aqui https://www.publico.pt/2019/09/02/politica/noticia/ha-318-expoliticos-receberem-subvencoes-mensais-vitalicias-1885191  milhões esses que muita falta fazem a outros sectores da Administração Pública, nomeadamente na dita Policia Judiciária. 


Uma alternativa à deslocalização de aldeias: cursos de mergulho e cordões umbilicais espaciais

https://expresso.pt/sociedade/2019-12-28-Mudar-aldeias-por-causa-das-cheias--Especialistas-acham-exagero
pois entendo que essa opção é não só extremamente gravosa para o erário público como ainda por cima causará muito transtorno aos aldeões envolvidos. Parece-me que ficará muito mais em conta que o Estado Português (com a ajuda da União Europeia) financie a compra de fatos de neoprene feitos por medida e permita que desde já os aldeões comecem a frequentar cursos de mergulho.  

Convém porém notar que isso só resolve metade do problema, pois os fatos de mergulho são ineficazes contra a força do vento cuja intensidade é expectável que vá aumentando de ano para ano como se refere aqui 
https://elpais.com/elpais/2019/11/29/inenglish/1575019844_510711.html
pelo que convém que os aldeões estejam equipados com uma espécie de "cordão umbilical" (como usam os astronautas) para assim se poderem prender a algo que não seja passível de ser levado pelo vento como um camião ou um bloco de betão !

P.S - Entretanto acaba de saber-se que mais uma vez dezenas de milhões de euros dos impostos dos contribuintes Portugueses vão continuar a ser deitados à água 
https://www.publico.pt/2020/01/06/local/noticia/agencia-ambiente-27-milhoes-defesa-11-pontos-costa-norte-sul-1899442 quando deveriam servir para financiar a expropriação e demolição de edifícios localizados junto à costa que dentro de algumas poucas décadas vão acabar debaixo de água




sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

"Não há teta da cultura que alguns elementos deste grupo não suguem à boca farta"

A revista sábado concluiu esta semana um artigo iniciado em edições anteriores, a que  aludi  aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/a-lei-de-bronze-da-gestao-publica-em.html e onde se fala de "artistas" que há muito recebem verbas públicas sem precisarem de se sujeitar ao incómodo de um concurso público e onde há uma frase particularmente assassina "Não há teta da cultura que alguns elementos deste grupo não suguem à boca farta". 

Note-se que o artigo em causa não está relacionado com a tal cultura de que se falou no post abaixo, onde um génio gastou 30 ou 40 mil euros na compra, soldagem e pintura de umas poucas vigas metálicas, arrecadando mais de 200.000 euros por conta da "genialidade" de ter encontrado palermas que lhe financiaram a abortiva extravagância !
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/01/307000-euros-de-dinheiros-publicos-por.html
Parecendo que há muitos neste país, com possibilidade de aprovar despesa pública, que lhes custa a entrar na cabeça que Portugal é o terceiro mais endividado da Europa (6500 milhões de euros anuais só para pagar juros) e que quem não tem dinheiro não se pode dar ao luxo de ter vícios e muito menos de ter vícios caros. 



Politécnicos de Castelo Branco, Santarém e Tomar sem dinheiro para pagar salários

https://observador.pt/2020/01/10/politecnicos-de-castelo-branco-santarem-e-tomar-sem-dinheiro/

Em face da noticia supra, acho que pelo menos o Politénico de Castelo Branco devia pedir ajuda aquele genial professor e investigador referido aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/secretario-de-estado-do-governo-de.html pois com um bocado de sorte talvez saiba a localização da famosa fonte de dinheiro inesgotável, que parece ser o cofre da mãe do Sócrates, onde ao contrário do que pensa o juiz Ivo Rosa, os milhões nunca se acabam !  https://www.publico.pt/2019/12/20/sociedade/noticia/cofre-nao-produz-dinheiro-observou-juiz-ivo-rosa-1898008  

E que tal despedir com justa causa (sem indemnização) todos os professores-coordenadores deste e de todos os outros politécnicos, que não tenham um mínimo de 5 publicações indexadas na base Scopus ou na Web of Science, citadas no mínimo 5 vezes cada (h-index=5) excluindo auto-citações, por violação grosseira do dever de investigar (e publicar em sítios minimamente decentes) ? 

O mesmo valendo para todos os associados e catedráticos que não possuam um mínimo de 10 publicações indexadas nas referidas bases de dados, citadas no mínimo 10 vezes cada (h-index=10) ! 

No mínimo dos mínimos o MCTES devia mandar fazer a simulação para ver quantos milhões de  euros se poderiam poupar, que poderiam ser melhor utilizados a contratar jovens investigadores desempregados de elevado potencial que Portugal se arrisca a perder para outros países ?

Recordes na Universidade do Minho

-Maior número de revisões na UMinho

-Maior número de decisões editoriais na UMinho

-Maior número de livros indexados na Scopus na UMinho

Mas os recordes mais importantes são obviamente os que detenho na minha área científica, engenharia civil:

-Maior rácio revisões/(tempo decorrido desde a data de doutoramento)
o campeão mundial possui um rácio de 50 revisões/ano enquanto o meu é de 80 revisões/ano

-Maior índice K



The Japanese version of "Saving science" ?



Still following the 2016 Sarewitz essay in the link above its rather interesting to see the recent position of the Government of Japan saying strange things like:
"Japan’s basic research is “wonderful” but is “neither quickly applied nor capable of solving our fundamental problems,”

I do hope that Japan looks to what happened with the 1 billion European moonshot brain project before it rushes to embrace "multiple mission-oriented ‘moonshot’ research programmes". Also Japan (and even Europe) must not forget that hubris addicted scientists are very bad at one thing, recognizing when a research line met a dead end. They prefer to say, there´s no problem with the research line we just need more money ! 

Not to mention that Japan has problems like this one 
https://www.nature.com/news/open-countries-have-strong-science-1.22754 or that one https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/exoskeletons-for-older-workerswhen.html that this narrow approach will not address.

Furthermore, these moonshot research fever like this one https://www.euractiv.com/section/energy-environment/news/eu-research-moonshots-focus-on-climate-crisis/  creates in the citizen's minds the idea that they need not to do their own part in reducing their own (high carbon) confort levels and that is a serious mistake as Jean-Pierre Bourguignon ERC President has reminded us:
 "One of the most important messages we must give is to not let people think that we can quickly and reliably solve all the problems society faces with some kind of magic. This is a doubly dangerous idea. Because firstly we would be deceiving ourselves. And secondly, if people think we can, then it will make them less likely to take the hard decisions needed to really solve the problems of society" https://erc.europa.eu/news/enhanced-role-scientists-social-actors

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Católica perde a virgindade nos HCR

A Universidade Católica conseguiu após todos estes anos finalmente penetrar num território quase proibido e nunca antes explorado por uma universidade não pública em Portugal, o dos cientistas que receberam o galardão de Highly Cited Researchers  
https://recognition.webofsciencegroup.com/awards/highly-cited/2019/ 
o eleito é este aqui https://www.clsbe.lisboa.ucp.pt/person/filipe-santos

Tendo em conta que o mesmo foi distinguido na área científica "Economics and Business" e ainda que Portugal só conta com um outro na mesma área de nome Jorg Henseler, mas apenas porque têm como afiliação secundária a Universidade Nova isso significa que o representante da Universidade Católica é o único Português nessa subárea, o que é evidentemente muito meritório. 

Como o ranking Shanghai (o único ranking que a Comissão Europeia associa à excelência científica) se baseia também no número de HCRs é evidente que a UCatólica vai subir vários degraus por conta deste acontecimento, o que é algo de que se pode orgulhar pois trata-se de um ranking credível ao contrário daquele outro da treta comentado aqui 
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/presidente-da-a3es-explica-pela-segunda.html
Quem de certeza absoluta não vai subir no referido ranking por conta de HCRs são as universidades do Porto e de Coimbra que neste campeonato estão a zero !


A curiosa mas injustificada irritação do eurodeputado alemão Hans-Olaf Henkel


Em Maio de 2019, ainda antes de ter criado este blog, recebi um email pouco simpático de um septuagenário eurodeputado Alemão (Hans-Olaf Henkel), queixando-se que eu teria interpretado mal as suas palavras. Troca de emails essa que se reproduz no final deste post. Pelos vistos ainda está para nascer um politico que não diga que foi mal interpretado !

O que me interessa porém relembrar agora, não é tanto esse episódio mas o email anterior, na altura enviado a muitos (incluindo a muitos eurodeputados alemães) que originou a resposta  irritada daquele e onde eu tinha então escrito:“…if Europe was able to cut tax evasion by half that would mean annual revenue of around 500 billion which is more than the annual total net income of 15 Google champions. Furthermore, it was exactly that self-devouring obsession​ for champions, unlimited growth​ ​, and comfort ​that has brought Humanity on the verge of its own destruction. We need fewer champions, less growth and above all less comfort.”


 ___________________________________________________________

De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 10 de Maio de 2019 8:54
Para: HENKEL Hans-Olaf
Assunto: RE: 2019   Univ. Oxford_Prize Essay_Justifying public funding for science

Honourable Deputy Hans-Olaf Henkel

thank you for your email. Please be aware that i just commented your words as published by Science Business. Of course if Science Business has manipulated your own opinion then they are the ones to be blamed.

_______________________________________________________

De: HENKEL Hans-Olaf
Enviado: 10 de Maio de 2019 8:24
Para: F. Pacheco Torgal
Assunto: Re: 2019   Univ. Oxford_Prize Essay_Justifying public funding for science

This is a complete misrepresentation of my statement. These billions of first ECUs and later Euros were spent exactly FOR those „industry champions“ I am wrongfully accused by you to be obsessed of. Rarely have I been confronted with such a blatant manipulation of my opinion.

Von meinem iPhone gesendet

 ___________________________________________________________

De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 10 de Maio de 2019 6:18
Assunto: 2019   Univ. Oxford_Prize Essay_Justifying public funding for science

https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-political-science/article/british-academy-brian-barry-prize-essay-justifying-public-funding-for-science/48994F86EF5718923E218280FDCA1B2A

Important essay in the link above by Zeynep Pamuk at Oxford University. She makes an excellent case on the public funding of science still its worth mentioning that the German and retiring MEP HansOlaf Henkel just said that European public science spends billions on research with “no result”. https://sciencebusiness.net/ framework-programmes/viewpoint/viewpoint-eu-spends-billions-research-no-result

Of course let´s not forget that what he means is that no european champions (cash cows) like Google are being generated as a result of those billions. Probably the fact that he spent more than 30 years in the industry explains why he´s so much obsessed with industry champions. He has a hammer like vision no wonder then that all he can see is just nails. He forgets that if Europe was able to cut tax evasion by half that would mean an annual revenue of around 500 billion which is more than the annual total net income of 15 Google champions. Furthermore, it was exactly that self devouring obsession for champions, unlimited growth and confort that has bring Humanity on the verge of its own destruction. We need less champions, less growth and above all less confort.


Quando é que se irão iniciar os abatimentos na zona das Minas da Panasqueira ?


https://www.publico.pt/2020/01/09/economia/noticia/minas-jales-abatimentos-piso-cortam-estrada-isolam-tres-aldeias-1899707

Se os abatimentos provocados pela extracção de material rochoso nas minas de Jales já se começaram a fazer sentir, como dá conta hoje a noticia no link acima, onde se fala do corte de estradas de acesso a várias aldeias com mais de um milhar de habitantes e tendo em conta que o volume de rocha extraída nas Minas da Panasqueira é muito superior ao volume extraído nas Minas de Jales, faz sentido questionar, quando é que irão iniciar-se os abatimentos (que cortem estradas ou danifiquem casas) na zona das Minas da Panasqueira ?

Sobre a pergunta formulada acima é importante relembrar que há uma década atrás já uma publicação de investigadores da Universidade de Coimbra apontava para esse risco  

PS - Os projectos mineiros funcionam sempre maravilhosamente no papel (ou no computador) a realidade é que não funciona assim tão bem, como mostra aliás a imagem abaixo ocorrida na Nova Zelândia, um país mais desenvolvido do que Portugal, a vários níveis. E se os países mais desenvolvidos do que o nosso não conseguem impedir estes desastres é evidente que o nosso país tão pouco o conseguirá, sendo por isso apenas uma questão de tempo até que os mesmos ocorram.