segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Os desgraçados recordes de Portugal

 


Já não nos bastava que Portugal fosse o último país da Europa em termos de exportações de produtos de alta tecnologia e um dos últimos em termos de gastos em investigação, vide posts acima, e agora fica-se também a saber pelo artigo hoje no jornal Público, que o nosso país consegue aparecer entre os primeiros lugares da Europa, mas por maus motivos, no preço do gás e no preço da electricidade. 

Curiosamente na Dinamarca, aquele país onde há universidades que pagam a um aluno de doutoramento o mesmo que em Portugal se paga a um professor catedrático, paga-se menos pelo gás do que se paga em Portugal. Mas será que faz algum sentido que Portugal que tem salários baixos ainda por cima tenha serviços básicos mais caros do que vários países ricos ? 

E faz algum sentido que o Governo Português inflacione o preço da electricidade e do gás (e dos combustiveis) com elevados impostos ao mesmo tempo que não há neste país, como sucede em qualquer país civilizado como por exemplo na Alemanha, um imposto sobre heranças milionárias

PS - E claro convém não esquecer aquele outro famoso e desgraçado recorde Português, o do nosso país ser o 2º país europeu com mais dinheiro em off-shores (em percentagem do PIB) mais de 40.000 milhões de euros https://gabriel-zucman.eu/offshore/


domingo, 26 de setembro de 2021

Governo da Estónia envergonha o pouco inteligente Governo Português

 



Já não bastava a miséria que são os salários dos professores do ensino superior em Portugal, vide post acima onde se comentou o facto de um catedrático ganhar menos do que um jovem juiz de 31 anos, ou também do facto de um catedrático do 1º escalão em Portugal ganhar o mesmo que um aluno de doutoramento na universidade de Copenhaga e um catedrático no último escalão ganhar menos do que um posdoc naquela universidade, atente-se nos últimos números do EUROSTAT, que foram tornados públicos há poucos dias e que mostram que em 2020 o Governo de Portugal foi um dos que menos gastou em investigação em euros/capita. https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/DDN-20210915-1  Muito menos até do que a Estónia, um país que há duas décadas atrás tinha um PIB/capita que era menos de metade do nosso e que agora gasta em investigação o dobro de Portugal. 

Por cá, desgraçadamente, as prioridades do "investimento" são outras bem diferentes, como a prioridade de salvar bancos com dezenas de milhares de milhões de euros do dinheiro dos contribuintes (bancos que andaram a emprestar quantias astronómicas sem garantias mínimas a gente como o Joe Berardo ou o tal maçom sem vergonha que segundo a revista Sábado vive uma vida de luxo no Brasil a tal casta medíocre e criminosa, como a apelidou o Director da revista Sábado num corajoso editorial https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/a-insuportavel-impunidade-de-uma-casta.html) e como não podia deixar de ser, também a prioridade de encher o bolso dos muitos corruptos deste país https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/corrupcao-custa-a-portugal-182-mil-milhoes-por-ano

PS - A imagem acima diz respeito aquele que é o animal "oficial" da Estonia. Portugal não tem um animal oficial mas tendo em conta as suas caracteristicas talvez esse animal devesse ser o cuco, devido às suas parasitas capacidades, que o levam a colocar os seus ovos nos ninhos de outros pássaros, para que sejam eles a alimentarem as suas crias. Exactamente como sucede com a maioria da nossa classe politica e com as suas mil e uma maneiras de desviarem (com total impunidade) o dinheiro dos impostos dos Portugueses para os seus bolsos e também para os bolsos dos seus familiares e amigos.  

O curso de Engenharia Civil volta a cair nos resultados das colocações no concurso de acesso ao ensino superior

 

Infelizmente o curso de engenharia civil viu a sua procura nesta primeira fase diminuir face aos 543 colocados da primeira fase do ano passado, ficando-se agora pelos 487 alunos. A universidade do Porto que no ano passado liderou a procura nacional desceu este ano para o segundo lugar tendo ficado com 39 vagas desertas ao contrário do curso da universidade de Lisboa que esgotou todas as vagas. 

Também infelizmente o curso da Universidade de Coimbra (que frequentei entre 1987 e 1992, o ano em que iniciei a minha vida profissional), com 25 colocados (recorde-se que até 2010 este curso metia 125 alunos na 1ª fase de acesso), voltou a ter menos procura que o curso do Politécnico do Porto, que foi a nível nacional o quarto curso que colocou mais alunos na primeira fase, apenas atrás do IST, da FEUP e da Nova.  O curso da Universidade de Coimbra teve ainda menos procura que o curso da universidade de Aveiro, pelo que nesta primeira fase ficou apenas na 7ª posição dos cursos de engenharia civil com mais procura. 

E nem sequer se podem esperar grandes mudanças na segunda fase, pois no ano passado, na segunda fase até o curso do Politécnico de Lisboa, teve maior procura do que o curso da Universidade de Coimbra  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/engenharia-civilo-inconseguimento-do.html Ainda para mais quando a Universidade do Porto, cujo poder de atracção é muito superior, agora leva quase 40 vagas à segunda fase. 

É também importante referir que a nota do último colocado na Universidade de Lisboa foi de 14 valores enquanto que na universidade do Porto foi apenas de 11.7 valores. Recorde-se que há uma década atrás, a nota do último colocado tanto na FEUP  como no IST era superior a 15 valores e nessa altura não havia milhares de alunos com classificações de 19 valores (5929 provas) e até 20 valores (2557 provas) nos exames nacionais como sucedeu no ano passado. https://www.publico.pt/2020/08/12/sociedade/noticia/notas-maximas-exames-nacionais-quase-duplicaram-2020-1927824

Talvez quando o curso de engenharia civil mudar de vida e conseguir que os alunos do secundário deixem de o ver como sendo um curso "de obras" (leia-se curso de baixa tecnologia, o que é fatal tendo em conta que o curso mais procurado deste país é o curso de engemharia aeroespacial) e principalmente começarem a criar mais valor (vide posts abaixo) o curso da Universidade de Coimbra (e todos os outros no geral) consigam recuperar o seu anterior prestigio e consigam inclusive voltar a atrair alunos de elevadas médias. 
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/criar-valor-na-engenharia-civilparte-4.html

PS - É claro que não pode constituir admiração que a nota do último colocado nos cursos de Direito das Universidades de Lisboa e de Coimbra (que colocaram 812 alunos) seja superior a 16 valores, já que é através desse curso que se consegue acesso à carreira mais bem paga da Administração Pública, a magistratura, que por conta dos últimos e polémicos aumentos agora permite que aos 27 anos um juiz ganhe mais do que um professor Associado e aos 31 anos ganhe mais do que um catedrático. Uma aberração remuneratória que não por acaso não ocorre nos países do Norte da Europa. 

Mais uma vez a catedrática Elvira Fortunato não aparece entre os prováveis vencedores de um Nobel em 2021



Ainda na sequência do post acima onde se deu conta de mais duas acertadas previsões da Clarivate Analytics, cuja metodologia baseada em citações já acertou no nome de 59 vencedores de prémios Nobel, listam-se abaixo os nomes de novos potenciais vencedores do prémio Nobel onde a catedrática Elvira Fortunato não aparece, o que nem sequer pode causar admiração já que a qualidade da ciência Portuguesa até fica abaixo da do Irão. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/09/artigo-portugal-abaixo-do-irao-no.html

Medicina
Jean-Pierre Changeux
Toshio Hirano
Tadamitsu Kishimoto
Karl M. Johnson
Ho Wang Lee

Fisica
Alexei Y. Kitaev
Mark E. J. Newman
Giorgio Parisi

Quimica
Barry Halliwell
William L. Jorgensen
Mitsuo Sawamoto

Economia
David B. Audretsch
David J. Teece
Joel Mokyr
Carmen M. Reinhart
Kenneth S. Rogoff

sábado, 25 de setembro de 2021

A idosa mulher de um famoso ex-Presidente de Câmara a quem o Estado deu dezenas de hectares e dezenas de milhares de euros para ela ser jovem agricultora


O implacável jornalista António Cerejo, cujas investigações tem aterrorizado tantos políticos e que tem descoberto inúmeras malfeitorias que tem ocorrido ali para os lados de Castelo Branco, acaba de descobrir mais uma muito pouco edificante, em Idanha-a-Nova, que se junta a uma outra, sobre burla de uma autarca socialista, revelada no passado mês de Março.  

No artigo abaixo, hoje publicado, fica-se a saber que a mulher do ex-Presidente da Câmara de Castelo Branco (antes já tinha sido Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova), Joaquim Morão (sobre quem o mesmo António Cerejo também escreveu um interessante artigo), médica aposentada e ainda actualmente directora clínica da Santa Casa da Misericórdia, recebeu do Estado Português 16 hectares de terras e dezenas de milhares de euros como condição para produzir 220 toneladas de figo da Índia, revela porém o mesmo artigo que não vendeu um único figo, e atentas as reduzidas despesas de apenas escassas centenas de euros obteve lucros astronómicos, o que significa que a referida médica também sabe a famosa receita para o sucesso económico, neste desgraçado país, que desde 1974 anda a ser sangrado de forma impune por uma classe politica reles e destituída de qualquer vergonha.
"Nas contas da sociedade unipessoal Conceição Morão Ldª, titular dos contratos de sub-arrendamento e de financiamento, percebe-se que até agora a empresa não vendeu um único figo e não criou um único posto de trabalho, permanente ou a tempo parcial. Além disso, registou gastos com pessoal apenas em 2018 e 2020, sendo que esses gastos são de escassas centenas de euros"

PS - A imagem acima mostra não só o famoso Ex-presidente de Câmara. mas também em segundo plano, a deputada Hortense Martins, que também sabe fazer excelentes negócios com lucros superiores a 500% https://www.publico.pt/2020/11/18/politica/noticia/exautarca-deputada-lucraram-525-terreno-subestacao-ren-1939586 

Artigo - Portugal abaixo do Irão no ranking de países em termos da qualidade da investigação

 

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/ranking-de-investigadores.html

Ainda sobre as centenas de catedráticos com zero publicações altamente citadas, de que no post acima se nomearam algumas dezenas, vale a pena olhar para o recente artigo mencionado no post abaixo de ontem, que mostra que o Irão, aparece acima de Portugal num ranking de países em termos da qualidade da investigação relativamente ao rácio número de investigadores altamente citados/(PIB/capita). 


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Country ranking of research success using Stanford highly cited scientists list


See below a paper that was put online this month. Check Table 1 in page 11 for the country ranking normalized by number of inhabitants and GDP.

"Bibliometrics provides accurate, cheap and simple descriptions of research systems and should lay the foundations for research policy. However, disconnections between bibliometric knowledge and research policy frequently misguide the research policy in many countries. A way of correcting these disconnections might come from the use of simple indicators of research performance. One such simple indicator is the number of highly cited researchers, which can be used under the assumption that a research system that produces and employs many highly cited researchers will be more successful than others with fewer of them. Here, we validate the use of the number of highly cited researchers (Ioannidis et al. 2020; PLoS Biol 18(10): e3000918) for research assessment at the country level and determine a country ranking of research success"

https://arxiv.org/ftp/arxiv/papers/2109/2109.01366.pdf


Raquel Varela quebra mais dois recordes

 


Não sei muito bem porque motivo, mas o post acima sobre a polémica do currículo da investigadora Raquel Varela, o qual já tinha quebrados dois recordes, o de post mais visto dos últimos 7 dias e também dos últimos 30 dias, acaba de ultrapassar mais dois recordes, o de post mais visto nos últimos 3 meses e também dos últimos seis meses (tendo destronado o post sobre a Reitora que falsificou uma acta de uma prova académica). O post em questão é agora (estranhamente) o 4º mais visto de sempre deste blog e não admira que ainda possa vir a destronar algum daqueles abaixo que constituem o trio dos mais vistos de sempre:







quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Paper - "Civil disobedience in scientific authorship"

 

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/03/how-many-papers-can-superscientist.html

Still following the above posts about those scientists who can even write articles in their sleep and who are ruining science integrity (because if it is humanly possible that someone can produce hundreds of publications in a single year then those who can only produce two or three dozen in the same period must be dumb and those who produce less than a dozen of these then can only be mentally retarded) it is worth reading the article below from researchers at Maastricht University and Basel University. where the case of professor Sarah Elgin is mentioned, as an example of civil disobedience:

"Whether in the form of pseudonyms, guest authors or creative authorship attribution processes, civil disobedience in authorship serves the explicit purpose of demonstrating how many of the written and unwritten rules governing the distribution of credit and other resources in academia reinforce a long series of inequalities...we would see civil disobedience in faculty members such as in the case of Sarah Elgin, who included hundreds of students as authors on a publication. In fact, her actions are exemplary of civil disobedience...


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Ainda a polémica à volta do currículo da investigadora Raquel Varela e os Cheats (vigaristas, charlatães, trapaceiros)

 


Ainda sobre o post acima onde comentei um artigo do jornal Público acerca do currículo da investigadora Raquel Varela, o qual é pertinente recordar em poucas horas recebeu tantas visitas que se tornou logo no post mais visto dos últimos 7 dias e pouco depois também quebrou o recorde dos posts mais vistos nos últimos 30 dias, acho importante divulgar que o jornal  Público resolveu entretanto fazer mais um artigo, onde fornece mais pormenores sobre os artigos da Raquel Varela, no mesmo são apontadas discrepâncias entre o número de artigos que estarão indexados e o número daqueles que não estarão. https://www.publico.pt/2021/09/21/sociedade/noticia/raquel-varela-contabilizou-67-artigos-cientificos-so-metade-numero-1978291

Eu custa-me estar a defender novamente a investigadora Raquel Varela porque discordo frontalmente da maior parte das opiniões dela, mas acho que a gravidade do assunto o justifica. Ora bem, sobre a problemática da indexação é importante recordar aqueles muitos que não o sabem o seguinte. A anterior plataforma De Góis onde os investigadores tinham que colocar os seus currículos possuia uma ligação directa à Web of Science e também à Scopus que permitia  confirmar de forma automática se uma publicação estava ou não indexada naquelas bases de dados. Pois bem essa funcionalidade deixou de existir na nova plataforma Ciência Vitae, o que permite confusões como a presente que só podem ser dissipadas acedendo ás referidas plataformas, pelo que se há culpas de indexação a apontar a alguém então também aqueles que fizeram desaparecer essa funcionalidade agora as devem assumir. 

Além disso parece que o jornal Público se esquece que nos termos do concurso a que a investigadora Raquel Varela se candidatou, só interessam as principais actividades e resultados, pelo que é assim secundário o número total de publicações, mas sim somente o conteúdo (e não o número) das mais importantes.  Mas vamos ainda assim admitir, por hipotese, que a investigadora errou de forma grosseira na contabilização do numero de publicações indexadas, como alega a Direcção do IHC, factualidade que só pode porém ser devidamente comprovada no local próprio, isto é em sede de processo disciplinar, respeitadas as garantias de defesa da acusada (algo que está longe de tipificar uma grave infracção de integridade científica pois que essas envolvem segundo o famoso MIT, a fabricação de resultados, a falsificação da investigação, o plágio do trabalho de terceiros e a interferência dolosa no trabalho de outros investigadores), será que esse erro de contabilização pode induzir os avaliadores da sua candidatura ao engano ? Só se eles fossem extremamente incompetentes é que isso se poderia admitir, porque nenhum avaliador que se preze perde muito tempo com a longa lista de publicações que os candidatos inserem nos seus currículos, tentando sempre confirmar essa informação nas plataformas Scopus (ou Web of Science) pois é uma pesquisa que se faz em poucos segundos. E foi aliás sempre isso que fiz nas várias dezenas de projectos de investigação que nos últimos dez anos fui convidado a avaliar em quize países de quase todos continentes.  

Até porque é importante recordar aos leigos que há quem tenha muitas publicações, mas que são na sua maioria irrelevantes, que poucos leram e ninguém citou, como sucede com um dos 8 professores que mencionei no post anterior, que pasme-se tem zero citações na base Scopus, pelo que é assim muito menos importante o número de publicações e muito mais as citações que elas receberam de outros investigadores. E mais ainda se essas citações tiverem sido feitas por investigadores estrangeiros que trabalhem nas melhores universidades do Planeta https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/using-stanford-mit-harvard-citations-as.html ou mesmo por vencedores de prémios Nobel como aliás facilmente se percebe aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/07/academicos-portugueses-cuja-obra.html

Assim sendo devo dizer que me preocupa muito menos o currículo da investigadora Raquel Varela, que até possui mais publicações indexadas que vários catedráticos da sua área científica e que de forma regular teve de se candidatar a uma bolsa de investigação, tendo por isso sido repetidamente avaliada por peritos estrangeiros, do que o currículo daqueles muitos anónimos professores universitários, que passando entre os pingos da chuva chegaram à segurança da tenure em concursos combinados (o tal Reitor dixit) com jurados nacionais muito pouco exigentes e até com um número de publicações indexadas bastante inferior ao da investigadora Raquel Varela e alguns até mesmo sem um único artigo em revista indexada. Porém sobre esses incompetentes, que estão efectivos em lugares para os quais não possuem currículo científico minimo, muito estranhamente, nunca o jornal Público escreveu uma única linha. 

Eu fico por isso muito contente em saber que o Público irá doravante "dar caça" aos titulares de currículos académicos duvidosos e sem dúvida alguma irá começar por questionar alguns famosos catedráticos da Academia Portuguesa, para saber como é que conseguem ser donos de milhares de publicações (será que trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana ou será outra a receita do seu sucesso ?) e já agora também para que eles possam esclareçer porque é que ao mesmo tempo apresentam zero revisões na plataforma Publons-Clarivate, em evidente incumprimento de um dever científico, quando é sabido que no mínimo deveriam ter um numero de revisões igual ao número de publicações, para assim evitarem o carimbo de Cheats (vigaristas, charlatães, trapaceiros) cunhado pelos catedráticos Jeremy Fox e Owen L. Petchey