domingo, 26 de setembro de 2021

O curso de Engenharia Civil volta a cair nos resultados das colocações no concurso de acesso ao ensino superior

 

Infelizmente o curso de engenharia civil viu a sua procura nesta primeira fase diminuir face aos 543 colocados da primeira fase do ano passado, ficando-se agora pelos 487 alunos. A universidade do Porto que no ano passado liderou a procura nacional desceu este ano para o segundo lugar tendo ficado com 39 vagas desertas ao contrário do curso da universidade de Lisboa que esgotou todas as vagas. 

Também infelizmente o curso da Universidade de Coimbra (que frequentei entre 1987 e 1992, o ano em que iniciei a minha vida profissional), com 25 colocados (recorde-se que até 2010 este curso metia 125 alunos na 1ª fase de acesso), voltou a ter menos procura que o curso do Politécnico do Porto, que foi a nível nacional o quarto curso que colocou mais alunos na primeira fase, apenas atrás do IST, da FEUP e da Nova.  O curso da Universidade de Coimbra teve ainda menos procura que o curso da universidade de Aveiro, pelo que nesta primeira fase ficou apenas na 7ª posição dos cursos de engenharia civil com mais procura. 

E nem sequer se podem esperar grandes mudanças na segunda fase, pois no ano passado, na segunda fase até o curso do Politécnico de Lisboa, teve maior procura do que o curso da Universidade de Coimbra  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/engenharia-civilo-inconseguimento-do.html Ainda para mais quando a Universidade do Porto, cujo poder de atracção é muito superior, agora leva quase 40 vagas à segunda fase. 

É também importante referir que a nota do último colocado na Universidade de Lisboa foi de 14 valores enquanto que na universidade do Porto foi apenas de 11.7 valores. Recorde-se que há uma década atrás, a nota do último colocado tanto na FEUP  como no IST era superior a 15 valores e nessa altura não havia milhares de alunos com classificações de 19 valores (5929 provas) e até 20 valores (2557 provas) nos exames nacionais como sucedeu no ano passado. https://www.publico.pt/2020/08/12/sociedade/noticia/notas-maximas-exames-nacionais-quase-duplicaram-2020-1927824

Talvez quando o curso de engenharia civil mudar de vida e conseguir que os alunos do secundário deixem de o ver como sendo um curso "de obras" (leia-se curso de baixa tecnologia, o que é fatal tendo em conta que o curso mais procurado deste país é o curso de engemharia aeroespacial) e principalmente começarem a criar mais valor (vide posts abaixo) o curso da Universidade de Coimbra (e todos os outros no geral) consigam recuperar o seu anterior prestigio e consigam inclusive voltar a atrair alunos de elevadas médias. 
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/criar-valor-na-engenharia-civilparte-4.html

PS - É claro que não pode constituir admiração que a nota do último colocado nos cursos de Direito das Universidades de Lisboa e de Coimbra (que colocaram 812 alunos) seja superior a 16 valores, já que é através desse curso que se consegue acesso à carreira mais bem paga da Administração Pública, a magistratura, que por conta dos últimos e polémicos aumentos agora permite que aos 27 anos um juiz ganhe mais do que um professor Associado e aos 31 anos ganhe mais do que um catedrático. Uma aberração remuneratória que não por acaso não ocorre nos países do Norte da Europa.