No país onde a prostituição parece ser estratégia nacional, post acima, já se conhecia aquela prostituição em que alguém é selecionado em concursos académicos viciados unicamente por conta da sua elevadíssima capacidade para prostituir a sua independência intelectual, assim alienando precisamente aquele que deveria ser um requisito necessário para a sua contratação ontem porém os leitores do Expresso ficaram a conhecer pela pena do Luís Aguiar-Conraria, Professor Associado na Universidade do Minho um caso mais grave, o de uma escola de gestão da Universidade Nova de Lisboa, cuja independência parece ter sido "capturada" por empresas que meteram dinheiro na mesma.
A palavra que os designa não é porém nem stakeholder nem muito menos mecenas, como lhes chama o Luís Aguiar-Conraria, mas uma outra que está mais de acordo com o conhecido negócio da transação de carne humana. Captura essa que parece ter sido efectuada de modos diversos, seja através de professores que nessa qualidade fazem publicidade a produtos bancários de alguns "financiadores" ou muito pior pressionando professores cujos artigos na imprensa tiveram o condão de irritar os ditos "financiadores" e que levaram a que esse assunto tivesse (muito estranhamente) sido analisado num solene "Conselho Restrito de Catedráticos-CRC", onde surgiu a sugestão para que os professores que escrevem coisas pouco simpáticas não revelassem na imprensa que são funcionários daquela Universidade !!!!
Note-se que o simples facto desse "financiador" se ter queixado e dessa queixa ter sido tão diligentemente analisada no sacrossanto CRC, ao invés de se ter aconselhado o impertinente "financiador" a recorrer aos tribunais (admitindo o caso dele padecer de algum outro problema de natureza mental que o impedisse de saber que aquele é o sitio próprio e único para sindicar eventuais crimes de injúria e difamação) poderá ser suficiente como prova que ninguém naquela escola lhe explicou (a ele e a outros) quais são as responsabilidades de um académico, que definitivamente não são aquelas que a famosa Monsanto conseguiu estabelecer com uns idiotas uteis de uma universidade Canadiana pelo que não custa assim acreditar que alguém terá permitido que os ditos "financiadores" tenham ficado com peculiares expectativas de que com o seu financiamento poderiam aspirar a receber um tratamento favorável (leia-se suave), bastante diferente é certo, mas não radicalmente diferente, daquele que se espera quando se paga a uma (ou a um) profissional do sexo.
Fica por isso agora por se saber se algum professor ou investigador da Nova SBE ou mesmo da universidade Nova de Lisboa (sabendo ou não de tais expectativas ou talvez por via de ter um entendimento enviesado (ou talvez não, dependendo da forma como foi recrutado) do que são as responsabilidades criticas de um académico) evitou dizer ou evitou investigar algo que pudesse irritar os tais "financiadores". Mas muitíssimo pior, fica agora também a dúvida de se saber se alguma investigação levada a cabo naquela escola ou naquela universidade, cujos resultados podiam eventualmente desagradar ou prejudicar os ditos "financiadores" foi (intencional ou inconscientemente) manipulada mesmo que de forma ligeira ou suave, para que o resultado final fosse mais do agrado daqueles.
O Luís Aguiar-Conraria não quis poupar nas palavras e não deixou inclusive de bem pregar a tampa do caixão do diretor daquela escola, que no artigo é acusado até de ter uma estranha concepção da democracia Chinesa, onde segundo ele alegadamente há um contrato tácito entre o povo daquele país e os seus dirigentes, que parece que consiste em "aceitar limites à liberdade de expressão" e outras liberdades, em troca de um crescimento económico mais robusto. A acéfala teoria só não explica porque é que o povo de Hong Kong se tem mostrado tão reticente em engolir contrato similar. É por isso muito provável que o iluminado director da Nova SBE não tenha ouvido o que disse um certo idoso residente em Hong Kong, que explicou que a China queria que o povo daquela cidade se limitasse a ganhar dinheiro e a consumir, mas isso disse ele não podiam fazer porque não são cães, e possuem por isso uma evidente aspiração a algo mais, própria da sua condição humana. Exactamente o problema que parece afectar alguns professores da Nova SBE ou mais precisamente uma professora em particular, que constuma escrever no jornal Público, coisas particularmente incomodativas, que aqueles com um ADN sabujo jamais escreveriam. A parte mais irónica é que são precisamente aqueles professores de ADN sabujo (e cujas acções e omissões nuncam motivam reuniões do tal Conselho Restrito de Catedráticos da Nova SBE) que devem andar a formar os tais alunos de maligno desempenho de que se fala aqui:“...and then wash your hands of your alumni when the difference they make is malign”.
P.S1 - A revista do Expresso de ontem continha um interessante artigo (quem sabe para talvez assim se redimir de infelizes opções editoriais do passado) acerca de um bombeiro de 40 anos, de nome Pedro Diogo, com uma antecipada sentença de morte por cancro, que uma jornalista do referido semanário acompanhou nos últimos meses de vida. A pessoa em causa morreu relata o Expresso há uma semana atrás, porém alguns daqueles mencionados no texto acima já estão mortos há mais tempo, por estranho que possa parecer estão até ainda mais mortos do que aqueles de que se fala na publicação de título "Depuração politica do corpo docente das universidades Portuguesas durante o Estado Novo (1933-1974)" pois esses pela sua elevada coragem e ainda mais elevado sacrificio pessoal muito contribuiram para orgulhar este país e engrandecer a Academia Portuguesa (assim honrosamente se libertando da lei da morte), ao contrário de outros (sobre os quais escreveu em 2016 um professor da universidade de Coimbra) que pela sua deplorável subserviência e vergonhosa cobardia, muito contribuiram para o desprestigio da mesma Academia, não custando por isso acreditar que venham a ser lembrados para a posteridade, pelo aviltamento de terem pretendido reduzir homens e mulheres a apenas obedientes cães e cadelas.
P.S2 - O Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior-RJIES consagra para Associados e Catedráticos um "estatuto reforçado de estabilidade no emprego (tenure)" que existe somente para proteger a liberdade de expressão e de investigação, sobre temas incómodos. Se se provar que na Nova SBE os professores são aconselhados a auto-censurarem-se para não incorrerem no desagrado dos "financiadores" então o Ministro da tutela deve diligenciar para que os Associados e Catedráticos daquela escola percam aquele estatuto porque está visto que não necessitam dele. Mais ainda, o MCTES deveria exigir a todos aqueles que tem o tal "estatuto reforçado" que fizessem prova que alguma vez na sua vida disseram ou investigaram algo incómodo, aos olhos dos poderes instituídos ou fáticos (leia-se "usurpation, and monopolies of honors, wealth and power”) que justifique esse estatuto.