domingo, 26 de julho de 2020

O mistério do Curso de Engenharia Civil da Universidade do Porto

Ontem o curso de Engenharia Civil da Universidade do Porto pagou uma página inteira de publicidade num destacável do semanário Sol. A parte mais lamentável é aquela onde se pode ler que aquele curso se destaca "no Top 100 mundial no conceituado ranking QS World University Rankings". 

É evidente que não se esperava que o curso em causa mencionasse que ocupa o 5º lugar nacional no ranking Shanghai, (em 2019 estava em quarto lugar mas entretanto tropeçou) que é o único que convém lembrar a Comissão Europeia associa à excelência científica  nem muito menos que fizesse publicidade ao 4º lugar neste outro ranking dos 40 artigos em revistas que até hoje receberam mais citações de investigadores estrangeiros  ou que publicitasse o facto de não conseguir aparecer no Top 10 dos livros de engenharia civil indexados na Scopus mais citados, que é dominado pela UMinho, UCoimbra e ULisboa  ou o fraco desempenho na plataforma Publons onde é difícil encontrar docentes do curso de engenharia civil da universidade do Porto, em lugares de destaque, porém sempre teria sido preferível não mencionar qualquer ranking a mencionar a posição num ranking da treta e ainda por cima ir ao extremo de o classificar com sendo um ranking conceituado, depois daquilo que várias pessoas lá fora disseram sobre esse ranking que é baseado numa "entirely flawed methodology that underweights the quality of research and overweights fluff" https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/03/o-expresso-ao-servico-de-um-ranking-fake.html

É por isso muito pouco provável que os melhores alunos da cidade do Porto, cidade essa que até têm um clube de futebol, que foi campeão europeu por duas vezes e campeão do mundo outras duas, irão a correr fazer fila para ingressar num curso que nem sequer consegue ser campeão nacional, optando assim por ir engrossar a lista daqueles alunos que preferem tirar o curso em universidades estrangeiras que são muito mais competitivas
tendência essa que não parece que o Covid-19 esteja a diminuir como de pode ler aqui, tratando-se de uma grave situação que empobrece duplamente o país (e é muito irónico que seja precisamente a academia a contribuir para esse empobrecimento), já que esses estudantes não só estão a financiar o ensino superior de outros países, como é muito pouco provável que voltem para Portugal depois que se diplomem, atentos os vencimentos pouco acima do salário mínimo que por cá se praticam, excepto na advocacia, claro está e por isso a médio prazo é altamente provável que o referido agravamento da baixa competitividade das universidades Portuguesas, leve a que por cá só fiquem os alunos que não conseguem ingressar em universidades estrangeiras por dificuldades intelectuais ou por dificuldades financeiras.