segunda-feira, 27 de julho de 2020

Fará algum sentido que a abordagem da "engenharia civil nos vetores da actualidade" não inclua a Covid-19 ?


https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/07/o-misterio-do-curso-de-engenharia-civil.html

No tal anúncio de página inteira pago pela FEUP e pelo Departamento de Engenharia Civil daquela Faculdade e comentado no post acima, havia ainda a originalidade da pergunta  "Qual o papel da engenharia civil nos vetores da actualidade ?"   cuja resposta era descriminada em oito sucintas rubricas. 

Tendo em conta que as rubricas não estavam hierarquizadas alfabeticamente e também que não é possível admitir que a ordem fosse aleatória, então só resta admitir que a hierarquização feita corresponde aquilo que o referido departamento entende como aquela que faz mais sentido. Abaixo os títulos das rubricas ordenados como apareciam no referido anúncio (com excepção dos números), onde a ferrovia é líder e o edificado é o última da lista, leia-se é (ou parece ser) o parente pobre:
1-Ferrovia
2-Mar
3-Economia circular
4-Energias renováveis
5-Mobilidade
6-Alterações climáticas
7-Água
8-Património ambiental e edificado

Desde logo não deixa de ser intrigante ou no mínimo curioso que num texto produzido em plena crise pandémica mundial haja uma tão evidente desvalorização da Covid-19, naquilo que são os tais "vetores da actualidade". Será que quem ler o referido anúncio ficará a pensar que a engenharia civil em geral e em particular aquela lecionada e investigada na Universidade do Porto, vive num mundo paralelo onde não existe Covid-19 ?

PS - No inicio de Maio a Sociedade dos Engenheiros Civis dos EUA (ASCE) publicou um Editorial acerca da influência da pandemia nos transportes e no final desse mês um pequeno artigo online dava conta que a ASCE já tinha feito previsões quanto a um futuro pós-pandémico no documento Future World Vision https://www.enr.com/articles/49440-before-covid-19-asce-project-envisioned-post-pandemic-future onde se fala por exemplo da necessidade de um salto na robotização da construção, das tensões entre os transportes públicos necessários à sustentabilidade e os grupos de pessoas que afora não querem viajar junto a outras pessoas ou da valente martelada ("hammered pretty hard"que levaram as megacidades, facto que já tinha sido comentado no final de Abril na conhecida revista The Economist e que já era perfeitamente perceptível antes mesmo dessa data ou ainda antes disso email que enviei para algunsmuitos Colegas com o título "Will pandemics reverse the urbanization rate" em 18 de Março de 2019 e depois publicitado como post aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/03/will-coronavirus-reverse-urbanization.html