Hoje, logo num dia em que se celebra a Tomada da Bastilha, um inequívoco símbolo de liberdade, temos ironicamente no jornal Público um artigo de um Catedrático da Universidade Nova de Lisboa, com o título "NOVA de cócoras perante os interesses?" onde se se fala de ilegalidades por violação do regime de exclusividade (que quero acreditar não irão passar sem consequências, pois é extremamente difícil acreditar que seja possível ganhar mais de 140.000 euros de um banco sem violar a exclusividade de funções prevista no RJIES) e onde se diz também que naquela Universidade há professores indignados que têm medo de dizer o que pensam e onde até é dito que o poder económico manda no poder académico. Algo não muito diferente, todavia muito mais diplomático, do que aquilo que eu disse em 5 de Julho, naquele que ontem se tornou o post mais visualizado deste blog
Talvez valha por isso a pena lembrar aos professores da Universidade Nova (e também a outros professores) aquilo que disse a Augustina Bessa Luís: "a coragem é um exercício superior que se pratica em solidão". Citação essa que é especialmente pertinente em face da coragem que é exigida aos académicos (única justificação para o regime de tenure) e a que aludiu o Noam Chomsky no seu conhecido ensaio de 1967. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/the-responsibility-of-intellectuals-to.html
PS - Como é que professores universitários, que vivem com medo, conseguirão ensinar aos seus alunos, aquilo sobre o qual escreveu o William Shakespeare, na peça sobre a tragédia de Júlio César, que as pessoas corajosas só morrem uma vez enquanto que aquelas cobardes morrem muitas vezes ?