sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Policia Judiciária__precipitação, negligência grosseira ou coisa pior ?



O director da revista Sábado, que usualmente escreve coisas interessantes e corajosas, escreveu na última edição da revista, ontem publicada, sobre o ex-juiz Rui Rangel e lembra as denúncias que dois advogados tinham feito nos anos 90, sobre um solicitador de nome Hernâni Patuleia, que os contactou alegando que o fazia em nome da juíza Fátima Galante (aquela senhora a quem os Portugueses foram recentemente condenados a pagar-lhe quase 6000 euros por mês até que ela morra), na altura mulher de Rui Rangel, a qual alegadamente, estaria disposta a proferir sentenças favoráveis, caso os clientes dos referidos advogados lhe pagassem para esse efeito. Os advogados em questão contactaram a Policia Judiciária que prendeu o solicitador quando ele recebeu o dinheiro solicitado

Ao procederem apressadamente a essa prisão ficou assim por se saber se o solicitador iria depois entregar (ou não) o dinheiro à juíza Fátima Galante. O solicitador acabou acusado por corrupção e a juíza inicialmente acusada de corrupção passiva nem sequer foi levada a julgamento. O Director da revista Sábado, um individuo corajoso, apelida a infeliz decisão da Policia Judiciária como "precipitação policial, digamos assim", porém não lhe fica bem que o faça nesses moldes, pois no mínimo o correcto seria que revelasse o nome dos agentes da PJ responsáveis pela referida operação, já que ninguém acredita em estranhas precipitações policiais, ainda para mais num caso gravíssimo de corrupção de um juiz, pelo que colocada a gravíssima suspeita, como o fez o Director da Sábado, importa apurar se algum dos agentes da PJ foi beneficiado na sua carreira por conta da tal "precipitação".   

Para que a história fique completa é importante dizer ainda que os dois advogados acima referidos não gostaram de saber que a juíza nem sequer foi julgada e fizeram questão de o dizer. Por essa opinião foram condenados (pelo agora tristemente famoso Tribunal da Relação de Lisboa onde há juízes acusados de corrupção) a pagarem 25.000 euros de indemnização à dita juíza Fátima Galante. https://www.publico.pt/2011/05/07/jornal/o-exemplo-do-procuradorgeral-da-republica-21997390 Inconformados com essa bizarra sentença os dois advogados apresentaram queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que lhes deu razão e condenou Portugal, ou melhor condenou o Tribunal da Relação, ou melhor, condenou os contribuintes Portugueses a pagarem os tais 25.000 euros, acrescidos do valor das custas judiciais e ainda 3000 euros pelos danos morais sofridos pelos advogados, resultando a conta em mais de 40.000 euros.  


Environmental impacts and decarbonization strategies in the cement and concrete industries

 "The use of cement and concrete, among the most widely used man-made materials, is under scrutiny. Owing to their large-scale use, production of cement and concrete results in substantial emission of greenhouse gases and places strain on the availability of natural resources, such as water. Projected urbanization over the next 50–100 years therefore indicates that the demand for cement and concrete will continue to increase, necessitating strategies to limit their environmental impact. In this Review, we shed light on the available solutions that can be implemented within the next decade and beyond to reduce greenhouse gas emissions from cement and concrete production. As the construction sector has proven to be very slow-moving and risk-averse, we focus on minor improvements that can be achieved across the value chain, such as the use of supplementary cementitious materials and optimizing the clinker content of cement. Critically, the combined effect of these marginal gains can have an important impact on reducing greenhouse gas emissions by up to 50% if all stakeholders are engaged" https://www.nature.com/articles/s43017-020-0093-3

Most, unfortunately, even the best-case scenario of a 50% cut mentioned in the paper above is not enough https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/05/the-economisthumans-have-unbalanced.html

PS - Below the image of a cement ball mill


Governo vai nomear famoso especialista em aves para o Banco de Fomento



Informa a revista Sábado ontem publicada que aquele senhor Secretário de Estado, que no passado mês de Fevereiro espantou o país com os seus conhecimentos sobre a inteligência da passarada, https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/sera-que-um-secretario-de-estado-pode.html, vai agora dedicar-se a emprestar dinheiro no Banco de Fomento. 

Neste contexto relembro que no passado mês de Junho sugeri uma experiência científica que passava pela colocação de um macaco como Administrador na Caixa Geral de Depósitos para se poder avaliar se a sua acção resultaria num prejuízo (ou lucro) quando comparado com as péssimas acções daqueles que já por lá passaram, agora porém sou a sugerir que o Governo nomeie também um pássaro (mesmo que não seja daqueles mais inteligentes) para Administrador do Banco de Fomento, que é para daqui a alguns anos se poder comparar qual foi o Administrador que fez empréstimos mais ruinosos, o Administrador pássaro ou o Administrador Ex-Secretário de Estado. 


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa "ensina" que mulheres são desonestas e canalhas


 https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/05/professor-de-direito-penal-deseja-morte.html

O Público traz hoje noticias sobre um Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa-FDUL, Francisco Aguilar de seu nome, já comentado no post acima, o qual parece ter uma relação muito "complicada" com o género feminino, ou talvez sofra do complexo de Perseu e viva obcecado com medusas, pelo que nessa hipótese resta esperar que ele não corte nenhuma cabeça.  https://www.publico.pt/2020/09/24/sociedade/noticia/professor-direito-compara-feminismo-nazismo-julgado-violencia-domestica-1932607

Chamado a pronunciar-se, o Conselho Científico mandou dizer que não é o orgão adequado para apreciar aquilo que o referido professor anda a "ensinar". Trata-se do mesmo Conselho Cientifico que aprovou por unanimidade a nomeação definitiva do Professor Domingos Farinho, o mesmo Domingos Farinho que está acusado pelo Ministério Público de ter recebido dezenas de milhares de euros, quando estava em regime de exclusividade e não poderia receber o que quer que fosse, para  prestar colaboração na redacção, sistematização e revisão da tese de mestrado que Sócrates apresentou no Institut d’Études Politiques de Paris. O mesmo Domingos Farinho que mais recentemente e perante um juiz admitiu que,  o contrato de serviços jurídicos que lhe permitiu receber 93 mil euros foi forjado para não pôr em causa a exclusividade

Porém a meu ver, grave mesmo não é haver um professor de Direito na pública universidade de Lisboa, pago com o dinheiro dos contribuintes, que "ensina" aos seus alunos que as mulheres são desonestas, espertas e canalhas (que é uma estranha forma de prossecução do interesse público embora o referido Professor lhe chame liberdade científica) ou haver um outro professor de Direito na mesma pública Universidade, que admite ter forjado um contrato (facto que também é uma estranha forma de prossecução do interesse público, mas que sem dúvida deve servir de inspiração aos seus alunos, da mesma forma como inspirador será para alunos de um curso de engenharia civil terem um professor que tivesse projectado uma ponte que caiu) o que é realmente grave é haver um Conselho Científico que se limita a assistir, como se tudo fosse perfeitamente normal e aceitável. 

Ou quem sabe talvez a explicação para a estranha prossecução do interesse público veiculada nos comportamentos acima referidos, possa ser encontrada na ainda mais estranha forma como são contratados os professores da FDUL, tomando como boa a opinião do escritor João Pedro George, que na revista Sábado escreveu que  “a FDUL é uma espécie de grande família...composta de várias pequenas famílias (ou grupos tribais) onde os cargos docentes são tratados como mercadorias..." E quando uma Faculdade contrata professores universitários como se estivesse a comprar mercadorias estranho seria que eles depois se revelassem pilares da ética ao invés, de como é notoriamente o caso, revelarem comportamentos muito pouco edificantes, descriminatórios e até mesmo ilegais. 

Aditamento em 25 de Setembro - https://expresso.pt/opiniao/2020-09-25-No-pais-das-putas-e-dos-senhores-professores-doutores


A mui minguada excelência investigatória Portuguesa na área da Medicina Clínica

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/unidades-de-investigacaoum-excelente-em.html

Ainda na sequência do post acima onde se concluiu que a excelente investigação da engenharia mecânica em Portugal é na verdade muito pouco excelente, pelo menos quando comparada com a da engenharia mecânica das universidades da Austrália, faz sentido analisar como se comportam outras excelentes áreas científicas Portuguesas. 

Analisemos então agora o caso da investigação na área da Medicina Clínica. Desde logo a comparação com Espanha é pouco lisonjeira pois nela Portugal consegue apenas três lugares no Top 10. 

1º - Universidade de Barcelona
2º - Universidade de Valência
3º - Universidade Autonoma de Barcelona
4º - Universidade de Madrid
5º - Universidade Pompeu Fabra
6º - Universidade de Lisboa
7º - Universidade de Navarra
8º - Universidade do Porto
9º - Universidade Complutense de Madrid
10º - Universidade de Coimbra

Mas muitíssimo pior e quase desastrosa é a comparação com a medicina clínica das Universidades da Austrália, vide lista abaixo, onde a Medicina Clínica portuguesa apresenta um resultado muito pouco honroso, não conseguindo um único lugar nem no Top 10, nem sequer nos primeiros 18 lugares. 

1º - Universidade de Melbourne

2º - Universidade Sidney

3º - Universidade Western Australia

4º - Universidade de Monash

5º - Universidade de New South Wales

6º - Universidade de Queensland

7º - Universidade de Adelaide

8º - Universidade de Auchland

9º - Universidade de Otago

10º - Universidade de Fliders

11º - Universidade Nacional Australiana

12º - Universidade de Curtin

13º - Universidade de Deakin

14º - Universidade de Griffith

15º - Universidade La Trobe

16º - Universidade de Tecnologia de Queensland

17º - Universidade de Newcastle

18º - Universidade de Camberra

19º - Universidade de Lisboa


É este o fraco nível da produção e impacto científico na área da medicina clínica em Portugal, mas por espantoso que possa parecer há nosso país quem (desgraçada e desavergonhadamente) ache que este fraco desempenho Português é sinónimo de Excelência.  

 

Bacteria may help creatures sense Earth's magnetic fields

 

"The identity of a magnetic sensor in animals remains enigmatic. Although the use of the geomagnetic field for orientation and navigation in animals across a broad taxonomic range has been well established over the past five decades, the identity of the magnetic-sensing organ and its structure and/or apparatus within such animals remains elusive—‘a sense without a receptor’. Recently, we proposed that symbiotic magnetotactic bacteria (MTB) may serve as the underlying mechanism behind a magnetic sense in animals—‘the symbiotic magnetic-sensing hypothesis'.  https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rstb.2019.0595

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Presidente da associação Transparência e Integridade__"Um marco de cobardia institucional e de negligência grosseira"

Sobre a tal aberração jurídica, comentada na parte final do post acima, relativa à tal deputada de Castelo Branco, cuja foto abrilhante a imagem acima, (a mesma senhora cujo marido acaba de ver o tribunal decretar-lhe a perda de mandato de Presidente da mesma Câmara) e que pagou mil euros de multa por conta de falsas declarações, que lhe permitiram embolsar mais de 200 mil euros de subsídios, vale a pena a leitura de um corajoso artigo, abaixo, do Presidente da associação cívica Transparência e Integridade do qual reproduzo um breve excerto: 

"O asco deste filme pornográfico não é apenas político. O trabalho do Ministério Público e da procuradora Alexandra Alves (é bom sabermos o seu nome) é um marco de cobardia institucional e de negligência grosseira" https://www.sabado.pt/opiniao/convidados/joao-paulo-batalha/detalhe/nao-me-chame-hortense-que-me-poe-tense

PS - Com uma deputada deste calibre os habitantes de Castelo Branco podem por isso dormir descansados pois os seus filhos e filhas irão ter um futuro brilhante. Basta que sigam as sábias lições da mesma e mostrem ter igual ambição e o mesmo espirito empreendedor. O cêu é o limite e o pior que lhes pode acontecer é pagarem um multa de mil euritos !

The New York Times__The biggest wave surfed this year

Naturally, such a remarkable event could only unfold in Portugal, at the awe-inspiring Nazaré North Canyon  https://www.nytimes.com/2020/09/22/sports/biggest-wave-surfed-nazare-maya-gabeira.html


Estado Português faz pagamentos a uma rica instituição contra decisão do tribunal



O jornal Público abre hoje a sua edição dando conta de como o Estado Português anda a tratar do dinheiro que cobra aos contribuintes Portugueses, pagando a uma rica instituição (que apurou o jornal Público tem quase 8 milhões de euros em depósitos bancários) já depois de um tribunal ter decidido que não necessita de o fazer, preferindo assim engordar a conta bancária dessa instituição, quando deveria antes utilizar esse dinheiro para ajudar a pagar vagas aos idosos que ocupam camas de hospitais. 

https://www.tsf.pt/sociedade/saude/mais-depressa-morre-um-idoso-do-que-a-seguranca-social-paga-um-lar-6231804.html

Será que é o facto do conhecido socialista e ex-deputado Artur Penedos (foto acima), antigo Assessor de José Sócrates, que há 15 anos é Presidente da Assembleia Geral dessa Instituição,que permite explicar o aberrante comportamento do Estado Português ?

E será que as instituições de solidariedade social deste país, que queiram ser ajudadas pelo Estado, devem contratar um politico socialista, para poderem continuar a receber essa ajuda monetária mesmo quando os tribunais decidam que não têm direito a ela ? 


Sadismo académico


https://www.publico.pt/2020/09/21/local/noticia/praxar-praxado-universidade-lisboa-vale-processo-disciplinar-1932306

A propósito da recente noticia no link acima e depois de em 2018 ter "malhado" (leia-se ter criticado, no âmbito do meu legitimo direito de opinião, embora com alguma contundência) o Sr. Reitor da Universidade de Lisboa (vide o conteúdo do email que abaixo se reproduz, sob o título "A nova "pupila" do Sr. Reitor da Universidade de Lisboaque em 20 de Maio de 2018), sou, pelo menos desta vez, a dar parabéns ao Reitor da Universidade de Lisboa, pela inusitada coragem em proibir de forma bastante veemente o sadismo praxista, sadismo esse que faz prova de uma flagrante e absolutamente inequivoca, ausência de requisitos minimos para ingresso numa universidade digna desse nome e sadismo esse que importa recordar, de quando em vez resulta em contas de milhares de euros para serem pagas pelos contribuintesjá para nem falar das mortesque algumas universidades, de forma vergonhosa, se tentam escapar a pagar.


________________________________________________________________________

De: F. Pacheco Torgal
Enviado: domingo, 20/05/2018 à(s) 21:21
Assunto: A nova "pupila" do Sr. Reitor da Universidade de Lisboa

Recebi hoje um email de um colega da ULisboa dando-me conta de um recente discurso do senhor Reitor daquela universidade, onde aquele aproveitou para revelar a sua nova “pupila”, quando disse que pela sua parte tudo fará para acabar com a carreira de investigaçãopois segundo o próprio em Harvard não há investigadores mas somente professores, discurso acessível aqui https://www.youtube.com/watch?v=c5jGL6mqwnc

Antes porém de comentar a oportunidade e a substância daquela que é a nova e inusitada “pupila” do Sr. Reitor é pertinente que comente antes disso outro pupilo do Sr. Reitor, comentário esse que serve como comprovativo introdutório sobre a qualidade do referido discurso.

Ao minuto 31 do discurso disse o Sr. Reitor que em 2016 a Universidade de Lisboa estava à frente de todas as Universidades Italianas e Espanholas no ranking Shangai. Este facto porém não corresponde minimamente à verdade e mostra como o Sr. Reitor não se importa de usar factos alternativos em sua defesa, porque no referido ano e no referido ranking a Univ. de Lisboa estava no grupo 150-200, o mesmo grupo onde estavam a Univ. Sapienza e a Univ.Barcelona e nesse grupo a ULisboa até aparece abaixo daquelas e não é por mero acaso. 

Já sobre as pérolas que envolvem a universidade de Harvard é bom saber que o Sr. Reitor têm elevadas ambições para a Universidade de Lisboa, infelizmente parecem ambições na mesma linha daquele conhecido sapo que tentou imitar um boi e que como todos sabemos não acabou bem. 

Desde logo é muito estranho que o Sr. Reitor compare a ULisboa a Harvard quando não consegue sequer que a sua universidade figure sequer no ranking das 100 mais inovadoras da Europa https://www.reuters.com/article/us-emea-reuters-ranking-innovative-unive/reuters-top-100-europes-most-innovative-universities-2018-idUSKBN1HW0B4

Curiosamente também nunca preocupou o Sr. Reitor que a percentagem de endogamia da universidade que "dirige" esteja muito longe da Universidade de Harvard. http://www.dgeec.mec.pt/np4/EstatDocentes/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=138&fileName=EndogamiaAcademica.pdf  

Se a endogamia por cá até choca o Sr.Ministro que publicamente a considerou inadmissível em Harvard era garantido que dava direito ao despedimento daqueles que nada fizeram para a impedir. Se coerência houvesse o Sr. Reitor tinha-se demitido no mesmo dia em que o Ministro Manuel Heitor se pronunciou sobre a endogamia daquelas unidades orgânicas que fizeram o pleno ou que são conhecidas como o clube do bolinha, aqui só entra quem é da casa. Ou seja relativamente a Harvard o Sr. Reitor só olha para aquilo que lhe dá jeito. O que não dá jeito é como se não existisse. 

É verdade que de Harvard não conheço tanto como o Sr. Reitor (ou talvez conheça...) mas conheço pelo menos alguma coisa de algumas universidades da Suécia, onde há professores sexagenários a concorrer e ganhar bolsas da ERC e a escrever artigos em nome individual, sem explorarem o trabalho de bolseiros (ou como escreveu um catedrático de Stanford, que se especializarem na escravatura de jovens investigadores) que é coisa que por cá há pouco e já nem falo daquele milhar de professores que a DGEEC diz que não estão integrados em nenhuma unidade de investigação, mas que o Sr. Reitor diz que nunca ouviu falar, pois como ele diz no seu discurso não conhece nenhum professor que não faça investigação, isto muito embora haja no documento no link abaixo várias centenas (355 ETI) nessa condição e que pertencem curiosamente à Universidade de Lisboa 

 A verdade que o Sr. Reitor têm dificuldade em reconhecer é que a academia Portuguesa tem elevada diversidade. Há por lá raros professores de elevada craveira, como o conhecido Sobrinho Simões que fazem o pleno em termos de pedagogia e de liderança no campo da investigação, há também por lá muitos professores com elevadas capacidades pedagógicas, mas sem capacidade para fazer investigação, há ainda excelentes professores com elevada capacidade de investigação, mas pouco ou nenhum interesse pela docência, de quem os alunos não sentem falta e muito menos saudade e até há na academia Portuguesa quem não tenha qualquer capacidade pedagógica nem nunca sequer tenha dado mostras de ter especial inclinação para a investigação, que ninguém percebe como é que chegaram à nomeação definitiva e porém lá se vão aguentando dando as suas aulinhas e conseguindo até por vezes que o nome deles apareça em artigos onde fizeram nada. 

É claro que se poderia em tese admitir, que deveríamos levar em boa conta os conselhos do Sr. Reitor da Universidade de Lisboa, porque ele lidera uma universidade infalíve,l onde os mais altos padrões são prática quotidiana e constituem um brilhante farol para a restante academia. Poder podia mas é sempre preferível olharmos menos para discursos de circunstância de quem têm verbo fácil e é mais avisado concentramos a nossa atenção nos factos. E alguns dos factos que interessam são por exemplo os abaixo descritos: 

Como este catedrático da ULisboa que disse que os professores são contratados para não irem fazer sombra aos que já lá estão https://sol.sapo.pt/artigo/520326/jorge-calado-chumbei-um-curso-inteiro-com-zero-valores-

 Ou como por exemplo esta brilhante pérola da ULisboa que dita que "a justificação das propostas de abertura de concursos e/ou dos critérios/pesos adotados na elaboração dos editais deve ser acompanhada dos curricula vitae de potenciais candidatos" e que mostra bem como se ajustam as regras concursais naquela universidade

Ou os Professores da U.Lisboa que participaram neste vergonhoso concurso  http://dererummundi.blogspot.pt/2016/05/recrutamento-de-docentes-de-matematica.html

Ainda sobre Harvard, é bom reconhecer que por lá também fazem asneira grossa, como se percebe por exemplo, pelo facto daquela universidade já ter mais artigos retractados por falsificação de resultados, do que os artigos retractados pelas mesmas razões, originários de todas as universidades da Suécia. E já nem sequer falo na pouca vergonha que mostra que Harvard anda a descurar a selecção de alunos por mérito e ao mesmo tempo se anda a tornar apenas uma coutada de filhos de ricos e poderosos:

Ou será que o Reitor da ULisboa também quer alterar o sistema de ingresso no ensino superior para o tornar mais parecido ao de Harvard, assim permitindo aos alunos sem média suficiente, mas filhos de famílias abastadas, entrarem directamente na Universidade de Lisboa ?

Ou seja nem tudo o que vem de Harvard merece ser seguido e muito menos copiado, como aconselha a prosa do Sr. Reitor e também o facto de lá (e noutras universidades da Ivy League) terem uma minoria de professores e um exército de escravos que de vez em quando se suicidam https://www.timeshighereducation.com/features/poisonous-science-dark-side-lab não é algo que se recomende mas que no limite até se pode entender numa universidade privada de um país fortemente liberal e onde se cultiva de forma patológica a narrativa do "be rich or die trying".

Uma nota ainda sobre a carreira de investigação, que tanto irrita o Sr. Reitor. Faz todo o sentido que exista nas universidades uma carreira de investigação, que corresponda no mínimo a 10-15% do corpo docente. Estes investigadores estariam isentos de actividade lectivas, excepto nos períodos em que não tivessem ganho projectos de investigação, sendo que nessa altura teriam as mesmas responsabilidades lectivas dos restantes docentes. Aliás no discurso acima, o próprio Reitor da ULisboa admitiu que há por lá docentes que por serem responsáveis por projectos importantes ficaram isentos de actividade lectiva, são assim falsos docentes mas antes investigadores a 100%.

Porém a verdade “negra” que justifica que uma tal carreira irrite tanto Sr. Reitor e também outros, é porque muitos desses são curiosamente aqueles que como escreveu aquele conhecido Catedrático de Medicina da Univ. Stanford, se especializaram na exploração do trabalho escravo de jovens investigadores, interessa-lhes por isso acabar o mais cedo possível com uma tal carreira, pois a mesma reduz inadmissivelmente a quantidade de trabalho escravo e que é por essa razão um espinho cravado na garganta do status quo. Para muitos desses o único investigador bom e aceitável é o investigador que previamente fez prova de subserviência aprovado em concursos de fachada e cuja missão se resume a colocar em paper as geniais ideias de um professor, para que o mesmo possa assim ir enchendo o currículo e passear-se por conferências e congressos dando conta do que fazem os seus subordinados investigadores às ordens da sua iluminada visão. A verdade porém que não é escamoteável é que aquilo que convém a esses professores não é aquilo que convém a Portugal, país que já aboliu qualquer forma de escravatura há muito tempo, real ou mental, embora ainda haja quem lhe sinta a falta.

Se outra razão não houvesse a carreira de investigação justifica-se nas universidades públicas Portuguesas como forma de conseguir que a academia possa dispor de investigadores não marcados mentalmente pelo "ferro" de nenhum "negreiro", leia-se investigadores independentes e não subservientes aos jogos de interesses lá instalados, interesses esses que podem servir muitos dos que controlam as universidades mas que não servem o superior interesse de Portugal.

Nota final: Um investigador (ou docente que também os há) portador da "marca do negreiro" é aquele selecionado em concurso viciado, momento a partir do qual contrai automaticamente uma elevada divida de que um dia poderá ou não vir a libertar-se. A melhor forma de identificar um destes investigadores (ou docentes) é através da constatação da sua capacidade ilimitada de continuar a obedecer cegamente ao "negreiro" por maiores que sejam as humilhações sofridas às mãos daquele. Estes investigadores (ou docentes) raramente expressam opiniões que sejam contrárias ao status quo e muito menos dizem algo que possa desagradar ao seu "negreiro".