sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A vacina que lidera, o médico que suscita ódio e os académicos que não cumprem

A imagem abaixo mostra que o post campeão da semana foi aquele sobre a nova vacina contra a Covid19. Já o segundo lugar do pódio pertence ao tal corajoso médico que consta que a Ordem dos Médicos não aprecia minimamente (leia-se odeia), por ele ter o estranho hábito de ir a tribunal ser testemunha contra outros médicos e o terceiro lugar vai para o dever de revisão que muitos académicos não cumprem, https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/07/paperhow-many-papers-should-scientists.html
sendo porém importante recordar que, há académicos que mesmo que o quisessem não o poderiam cumprir porque os Editores das revistas indexadas simplesmente não os convidam. 


A Fundação para a Ciência e Tecnologia deve um pedido de desculpas aos investigadores desempregados




Ainda na sequência do comentário produzido no final do post acima, é lamentável que até hoje a FCT ainda não tenha pedido desculpas aos investigadores desempregados, pelo facto de muitos deles estarem nesse situação unicamente porque a mesma FCT preferiu utilizar a verba que poderia ter servido para os contratar, para pagar viagens e estadias de peritos internacionais para visitarem unidades de investigação que  não foram capazes de produzir sequer um mínimo (comprovado em termos bibliométricos) para poderem ser consideradas unidades de investigação de nível europeu. Pois até é possível que essas unidades consigam fazer boa figura se comparadas com aquilo que se faz nas universidades da Libéria, da Somália ou do Burundi, só que embora Portugal tenha muitas semelhanças com alguns países Africanos, ainda continua a ser um país europeu  e é financiado para se comportar e produzir ciência como um país europeu e não como um país Africano. 

A bizarra e até idiota ideia de pagar visitas de peritos internacionais a todas (rigorosamente todas) as unidades de investigação, só pode por isso ter saído da cabeça de gente aluada que acham que em termos científicos Portugal é a Suíça (país onde as universidades não contratam investigadores fracos nem muito menos medíocres) e que pelos vistos ao fim de tanto tempo e tantas evidências ainda não conseguiram perceber que a academia Portuguesa está infestada pela viciação concursal, pela endogamia e pelo nepotismo e é aquele sitio onde, como afirmou um catedrático da universidade de Lisboa, é a subserviência quando não a mediocridade que são recompensadas (Orlando Lourenço dixit).  

Por uma estranha coincidência ontem mesmo recebi um email de um investigador desempregado, que foi recentemente candidato a uma vaga de professor-auxiliar num concurso ocorrido numa universidade pública de Lisboa, que foi ganha pelo filhinho (possuidor de um fraco currículo sobretudo na parte científica) de uma catedrática jubilada do mesmo departamento, investigador esse a quem eu aconselhei que intentasse uma ação judicial para impugnação desse acto administrativo. Aliás seria interessante saber qual é a percentagem de concursos universitários  em que participaram filhos de catedráticos que foi ganha pelos mesmos ? Será que é 100%? 

Estratégias para cidades resistentes a epidemias

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/05/the-economistthe-end-of-megacity-era.html

Ainda no seguimento do post acima abaixo link do Politécnico de Milão, com texto acerca de strategias para cidades resistentes a epidemias https://cm.alumni.polimi.it/news/covid-19-progress-in-research-news-23-june-strategies-for-epidemic-resistant-cities/

Igualmente relevante no referido contexto mas menos convicente é o palavroso artigo "Smart Cities After Covid-19: Ten Narratives" do Alemão Klaus R. Kunzmann publicado há pouco mais de duas semanas que acha que a pandemia vai acelerar as cidades inteligentes, o que talvez signifique que ele não tem andado a ouvir uns certos autarcas
https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/01/autarcas-fartos-de-ouvir-falar-de-smart.html



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Portugal versus Suiça e Reino Unido no Top 50 do ranking Shanghai 2020

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/top-100-do-ranking-shanghai-2020espanha.html

Tendo em conta que no post acima a Suiça e o Reino Unido foram referidos como exemplos de países relativamente aos quais Portugal faria má figura em termos científicos, abaixo se faz prova disso mesmo, usando a posição dos diferentes países no Top 50 do ranking Shanghai, que recentemente ordenou a produção científica de 54 áreas científicas. 

Portugal: 5 cursos no Top 50
Ciência Aliment-2
Eng Oceânica-1
Eng Biomed -1
Det remota -1

Suiça: 64 cursos no Top 50
Matemática-3
Física-3
Quimica-2
Ciências da Terra-2
Geografia-2
Ecologia-3
Ciências Atm.-2
Eng Elect-2
Automação-1
Eng Biomed.-1
Ciências Comp-2
Eng Civil-2
Eng Quimica-2
Ciência mat.-2
Nanotec-2
Ciências Energia-1
Ciências ambiente-2
Recursos hídricos-2
Biotec-1
Ciência transp-1
Detecção Remota-2
Eng Minas-1
Eng Metal.-1
Ciências biol.-2
Ciências biol.hum.-2
Ciências agr.-1
Ciências vet.-2
Saúde Pub.-1
Ciências dent-3
Tec Medica-2
Farmácia-3
Economia-1
Estatistica-1
Ciências politicas-2
Comunicação-1
Psicologia-1
Adm. Pública-1

Reino Unido: 244 cursos no Top 50
Matemática-5
Física-6
Quimica-4
Ciências da Terra-8
Geografia-17
Ecologia-6
Oceanografia-5
Ciências Atm.-6
Eng Mec-4
Eng Elect-4
Automação-4
Eng.Telecom-7
Ciências Instrum.-1
Eng Biomed.-2
Ciências Comp-5
Eng Civil-2
Eng Quimica-2
Ciência mat.-3
Nanotec-2
Ciências Energia-3
Ciências ambiente-2
Recursos hídricos-4
Biotec-5
Ciências aeroesp.-7
Eng Oceânica-6
Ciência transp-4
Detecção Remota-1
Eng Minas-1
Eng Metal.-4
Ciências biol.-6
Ciências biol.hum.-5
Ciências vet.-5
Medicina Clin.-8
Saúde Pub.-9
Ciências dent-4
Enfermagem-6
Tec Medica-5
Farmácia-7
Economia-6
Estatistica-7
Direito-3
Ciências politicas-4
Sociologia-5
Educação-1
Comunicação-2
Psicologia-4
Administração-2
Finanças-4
Gestão-5
Adm. Pública-8
Turismo-7
Ciências inf.-1


19 (dezanove) recordes

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/07/recordes.html

Juntando mais os dois recordes, abaixo, à lista no post acima, o total de recordes passa agora a ser de 19.
- Highest impact factor journal editorial board member
- Highest number of editorial memberships of indexed journals

Portugal, um país que até paga para mostrar as suas misérias ao mundo

Abaixo a ordenação dos 16 cursos de Física no espaço Ibérico com melhor classificação no ranking Shanghai 2020.

1º Universidade Autonoma de Madrid
2º Universidade Autonoma de Barcelona
3º Universidade de Barcelona
4º Universidade de Valência
5º Universidade de Cantabria
6º Universidade de Lisboa
7º Universidade de Oviedo
8º Universidade La Laguna
9º Universidade do país Basco
10º Universidade Nova de Lisboa
11º Universidade de Coimbra
12º Universidade de S.Tiago de Compostela
13º Universidade das Ilhas Baleares
14º Universidade Complutense de Madrid
15º Universidade Politécnica da Catalunha
16º Universidade Ramon Llull

Como é que a Física Portuguesa, que não consegue nenhum lugar no Top 5 Ibérico e só tem dois lugares no Top 10 (a área da engenharia civil têm seis incluindo um terceiro lugar) recebeu 5 Excelentes e 8 Muito Bons ?  E que excelentes são estes que nem sequer conseguem aparecer entre os primeiros 16 classificados do espaço Ibérico ? E se esses são excelentes então isso quer dizer que a Universidade Autonoma de Barcelona que ocupa o primeiro lugar Ibérico é super excelente ? Será que o actual nível da excelência Portuguesa é ficar bastante abaixo do desempenho das melhores universidades Espanholas ? Acaso alguém aceitaria ou compreenderia que se houvesse um campeonato de futebol ibérico o melhor resultado das equipas Portuguesas era ficar em 6º lugar ? E se assim é relativamente à Espanha, que recorde-se não é nenhuma potência científica mundial, que distância é que separará a dita "excelência" Portuguesa do desempenho das melhores universidades do Reino Unidos e dos EUA, que por comparação serão super-hiper e super-hiper-mega excelentes ?

P.S - Convém ter presente que a área da Física é de acordo com alguns investigadores aquela onde faz mais sentido recorrer a métricas para poupar no elevado custo da revisão por pares. Vide fig C1 na pág 21 no artigo https://arxiv.org/pdf/1808.03491.pdf E de facto só um país rico (que Portugal não é) e com muito pouco juízo como é o caso de Portugal (a conhecida cientista Maria Manuel Mota chamou-lhe incompetência) se pode dar ao luxo de gastar muito dinheiro (que faz falta para contratar investigadores) em visitas de peritos internacionais a unidades de investigação que não foram capazes de produzir nem sequer um mínimo dos mínimos, com a agravante dessa miséria científica (bem patente no facto de haver Associados e até Catedráticos que ao fim de dezenas de anos nem sequer possuem meia dúzia de publicações indexadas) passar a ser conhecida lá fora. Que país é este afinal que até paga para mostrar as suas misérias científicas ao mundo ?



quarta-feira, 5 de agosto de 2020

How many Mendeley Readers do your publications have ?


Mendeley Readers | Metrics Toolkit

"As Mendeley readership counts seems to be the most closely related to citation counts in comparison to other altmetrics, this paper proposes the hmen index as a variant of the citation-based h index which takes into account Mendeley readership counts...In order to find out about the reliability of the hmen index as an indicator to assess scholarly impact, a correlation analysis between the indices has been conducted. Furthermore, the index values were divided by the scientific ages of the authors in order to obtain time-oriented h and hmen values which make a comparison of authors with different scientific ages possible. The hmen index was found to have very strong positive and highly significant correlations of around 0.95 with each of the h indices"  https://link.springer.com/article/10.1007/s11192-018-2882-8


Vaccine prevents SARS-CoV-2 in rhesus macaques

https://www.nature.com/articles/s41586-020-2608-y

How wonderful it is that we have macaques with so many similarities to humans available to be used in whatever scientific experiment we need! What if we asked humans that are on the death row or serving life sentences if they want to participate in the vaccine program  ? At least they can always say No, unlike macaques. I know that if I were in a death row or serving a life sentence I would prefer to participate in that Covid experiment in exchange for a reduced sentence. 




Ineficiências na Investigação, Desenvolvimento e Inovação em 29 países Europeus

https://www.mdpi.com/2071-1050/12/4/1432

Os resultados no artigo acima mostram aquilo que não é nenhuma novidade como já se tinha percebido aqui, que os países do Norte da Europa são os países mais eficientes entre os 29 do grupo analisado. E porém aquilo que eles lá fazem não é secreto nem inalcançavel. O que eles lá não fazem é terem como nós centenas de milhares de cidadãos analfabetos (quase 2 milhões habilitados somente com o 1º ciclo) e gastar pouco em investigação, preferindo antes alocar uma verba superior a despesas miltares e chegando até ao extremo absurdo de proporcionalmente até pagarmos a um número superior de generais do que pagam nas forças armadas dos EUA quase como se estivessemos prestes a ser invadidos pela Espanha ou por Marrocos. 

É claro que há outras razões que explicam a nossa ineficiência que não constituem nenhuma novidade, excepto claro para aqueles que parecem não saber o que a casa gasta e ainda acreditam em histórias da carochinha felizmente que há pelo menos um Ministro que não faz parte desse ingénuo grupo. 

PS-Uma noticia do jornal Público de hoje fala da abertura de 435 vagas para medicina e informa que algumas dezenas dessas, destinadas ao Interior do país, são bonificadas com um aumento salarial de 40%. Porque é que será que o mesmo Governo não cria algumas vagas em instituições de ensino superior localizadas no Portugal profundo com direito a igual bonificação salarial como forma de aumentar a capacidade de atracção essas instituições ? Ou será que alguém acredita que a centena e meia de docentes e investigadores Portugueses cujo nome aparece neste ranking estão disponiveis, ao contrário de médicos, que muito dificilmente estarão entre os melhores da sua área, para abandonar a sua universidade no litoral e ir trabalhar para o interior do país, em instituições de ensino superior pouco competitivas, sem qualquer compensação ? Uns menos avisados dirão que as instituições do interior não necessitam dos mais promissores professores e investigadores das universidades do Litoral mas esses são os mesmos que ainda não perceberam porque é que o Ventura teve os seus melhores resultados em Portalegre e o último número da revista The Economist contém um artigo onde se pode ler uma frase muito elucidativa a esse respeito "The perception that their corner of the country is being left to die is dangerous, because it makes people more inclined to support political charlatans"



terça-feira, 4 de agosto de 2020

A investigação Portuguesa na área da Engenharia Civil é mais competitiva do que a da Medicina Clínica

Depois de no post anterior se ter demonstrado que a Engenharia Civil é em termos científicos muitíssimo mais competitiva do que a Matemática também abaixo se prova que o mesmo também sucede em relação à área da medicina clínica. 

Abaixo a lista dos 10 departamentos Portugueses e Espanhóis da área da medicina clínica, melhor classificados no ranking Shanghai 2020 que ordena 54 áreas científicas.

1º - Universidade de Barcelona
2º - Universidade de Valência
3º - Universidade Autonoma de Barcelona
4º - Universidade de Madrid
5º - Universidade Pompeu Fabra
6º - Universidade de Lisboa
7º - Universidade de Navarra
8º - Universidade do Porto
9º - Universidade Complutense de Madrid
10º - Universidade de Coimbra

É evidente que a investigação na área da medicina clínica feita em Portugal, quando comparada com a de Espanha não consegue estar à altura do desempenho da engenharia civil Portuguesa como se viu aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/engenharia-civildez-departamentos.html já que enquanto que a engenharia civil domina o Top 10 com seis cursos a medicina clínica só lá consegue ter três cursos. 

A parte irónica é que os contribuintes Portugueses têm andado a meter muito mais dinheiro na medicina do que na engenharia civil e é isso já era evidente há vários anos como quando em 2018 mostrei que a abundância de verbas naquela área era de tal ordem que por lá até se davam ao luxo de poder pagar APCs (article processing charges) que podiam chegar quase até aos 3000 dólares por artigo, em revistas onde a taxa de rejeição é mínima. Tenha-se presente que até hoje Portugal já gastou mais de 6 milhões de euros a publicar artigos nessas revistas.