domingo, 18 de outubro de 2020

Presidente da Comissão Europeia quer um futuro verde sem aço nem cimento



Parece que alguém explicou à Presidente da Comissão Europeia que o ambiente construído é responsável por 40% de todas as emissões de gases com efeitos de estufa (talvez tenha sido o Bill Gates). E foi por isso que ela escreveu num artigo, publicado ontem no caderno principal do Expresso (que também foi publicado noutros jornais de outros países europeus) onde foi até ao pormenor de dizer que na produção do aço e do cimento se consome uma elevada quantidade de energa e há também elevadas emissões de carbono, inclusive a partir de reacções químicas. E tendo em conta este grave problema, avisa a Drª Ursula von der Leyden, que nos próximos dois anos serão lançados cinco projectos em vários países europeus focados em diferentes perspectivas de ataque ao referido problema, desde os materiais de construção, passando pela eficiência energética, mobilidade sustentável... etc etc sendo que o objectivo é "estimular o debate sobre novos métodos de construção e as novas formas de concepção" como parte da tal estratégia dos 750 mil milhões para a recuperação económica da Europa.

É bom saber que depois de faraónicos projectos de investigação na área da medicina, os quais parecem ter saído da cabeça de alguns cientistas que padecem do complexo do Napoleão, como aquele projecto mencionado aqui onde foram derretidos mil milhões de euros,  alguém se lembrou do sector da construção, mas ao contrário dos investigadores de outras áreas (que com pouca ética) não se importam de prometer grandes descobertas para encher o olho à classe politica, como os tais do supracitado projecto, os investigadores da área da construção têm os pés bem assentes na terra e pelo menos aqueles da área do cimento não têm excelentes notícias para dar à Presidente da Comissão Europeia, pois muito infelizmente o futuro ainda terá que ser construído com muito cimento https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/environmental-impacts-and.html pelo menos até que seja criado um imposto suficiente para penalizar as emissões de dióxido de carbono que permita viabilizar economicamente outras soluções tecnológicas  ao nível de ligantes alternativos ao cimento e outros materiais de construção, porém ainda mais caras do aquelas que constituem o status quo. Seja como for os investigadores da área da construção agradecem desde já os (muito atrasados) milhões agora prometidos, na certeza porém que serão muito melhor empregues do aqueles mil milhões de euros que foram derretidos no tal faraónico Brain project, que acabou por se revelar uma grande desilusão https://www.theatlantic.com/science/archive/2019/07/ten-years-human-brain-project-simulation-markram-ted-talk/594493/

É importante também referir que apesar da investigação na área da construção em Portugal, ser uma das áreas com maior competitividade cientifica internacional, não deixa de ser curioso constatar que a Fundação para a Ciência e Tecnologia tenha investido nessa área, ao longo das últimas décadas um valor miserável, tendo preferido apostar de forma quase maciça noutras áreas onde à semelhança da medicina, também gostam de prometer mundos e fundos que no entanto nunca são alcançados e nem sequer conseguem fazer boa figura no ranking Shanghai, como é o caso da área da Física, onde o falecido Ministro Mariano Gago injectou muitos milhões de euros, mas que hoje faz pior figura no referido ranking em comparação com as unidades da área da engenharia civil  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/uma-area-cientifica-com-5-excelentes.html

PS - Sobre a pouca ética acima referida convém recordar que a área da medicina é aquela onde existe um elevado número de investigadores apanhados em estudos fraudulentos. Nesse pouco ético campo não existe nenhuma área científica que se lhe aproxime. Sendo particularmente elucidativo o facto da medicina ser uma área que é responsável por menos de 20% das publicações indexadas a nível mundial embora seja responsável por mais de 50% das que foram retractadas. E facto curioso é que o país com mais publicações retractadas devido a manipulação de imagens ou de dados de experiências sejam os EUA e não um país do terceiro mundo. Ver a este respeito: Bar-Ilan, J. and Halevi, G., 2020. Retracted articles–The scientific version of fake news. The psychology of fake news: Accepting, sharing, and correcting misinformation. London: Routledge.
 

"Magistrados querem enriquecimento ilícito na lei de uma vez por todas"



É muito refrescante ler hoje no jornal Público, a noticia no link acima, cujo título também dá título a este post. É claro que já se sabe o que vão dizer o Governo e os deputados do PS, que uma lei contra o enriquecimento ilícito seria inconstitucional. Desgraçadamente neste país aquilo que é muito constitucional é o empobrecimento de milhões de Portugueses, para servir o enriquecimento de alguns filhos da puta, que não podem de forma alguma ser incomodados pelas autoridades judiciais, da mesma forma como o são noutros países, como o Reino Unido https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/a-nova-ferramenta-juridica-britanica.html

Ainda sobre enriquecimento ilícito ver também a publicação "On the Take: Criminalizing Illicit Enrichment to Fight Corruption" a qual é citada numa tese de doutoramento defendida na Universidade de Londres, com o sugestivo título "Establishing a Common EU Anticorruption Framework: Institutional Enablers and Inhibitors" e também a forma como outros Tribunais Constitucionais na Europa tratam o tema:
“The Constitutional Court held that, when implementing the criminal policy pursued by the state, the legislature has declared illicit enrichment as a dangerous criminal act and prohibited it by Paragraph 1 of Article 1891 of the CC, seeking to make economically not viable the commission of crimes related to corruption, property, economy, finance, as well as other selfish crimes, and to prevent such acts and damage inflicted on the state and society. Thus, the legislature has implemented its wide discretion to choose the norms of a particular branch of law in order to define certain violations of law and to impose concrete sanctions for these violations. Having assessed the purpose of the impugned legal regulation, the dangerousness of illicit enrichment, and the sanction imposed for this crime in Paragraph 1 of Article 1891 of the CC, the Constitutional Court held that there is no ground for stating that, as a legal measure, criminal liability established for illicit enrichment is disproportionate".

sábado, 17 de outubro de 2020

Professores podem mentir à vontade nos concursos universitários porque a mentira não é crime tipificado pelo Código Penal



Acima link para recente noticia onde se dá conta que alguns professores acusam uma ex-eurodeputada socialista de ter ganho um concurso universitário para um lugar de professor Associado, com um currículo contendo falsas declarações. O Ministério Público porém mandou arquivar a queixa porque alega que mentir no currículo não é crime !

E eu que ingénuamente pensava que as falsas declarações num currículo equivaliam a um crime de falsificação de documento ! Porque será que as leis neste país parecem feitas para facilitar a vida aqueles que vivem de mentiras (de burlas, fraudes e da corrupção em geral) ? 

Advogados acham que um salário de 4000 euros/mês é indignamente baixo


O director da revista Sábado explica na edição desta semana a receita para para sacar 149 milhões ao Estado Português, tendo escrito que "o Governo de Sócrates foi modificando o contrato, já depois de aprovado pela comissão de avaliação, e adaptando-o a conveniências espúrias" levando a que o Estado Português fosse condenado a pagar uma indemnização de 149 milhões de euros, por ter decidido não avançar com o projecto do TGV por falta de verbas. Isto é, apesar de não se ter contruído sequer um quilómetro, sequer um metro ou sequer um milimetro da linha de TGV, os contribuintes Portugueses ainda assim tiveram que desembolsar 149 milhões de euros, acrescidos de juros que fazem com a conta final tenha saltado para 200 milhões de euros. 

Antigamente quem queria arranjar depressa uma elevada quantidade de dinheiro dedicava-se à impressão de notas falsas (ou mandava imprimir notas verdadeiras como fez o Alves dos Reis) ou ia assaltar um banco. Isto até que alguns Portugueses muito inteligentes (e cujo sonho de vida nunca foi trabalhar para pagarem as suas despesas) se lembraram que o maior banco deste país é aquele que é alimentado todos os anos com o dinheiro das receitas fiscais, o que segundo a Pordata, é coisa superior a 45.000 milhões de euros a cada ano e também que a forma mais segura e mais cómoda de sacar dinheiro desse "banco" é fazer com seja o próprio Estado a depositá-lo directamente na conta bancária dos interessados, através de contratos espúrios, com cláusulas abusivas, como aquele contrato acima referido ou os contratos mencionados pelo Paulo Morais ou estes contratos aqui ou até mesmo os contratos limpinhos limpinhos limpinhos, como aqueles que andam a encher os bolsos das sociedades de advogados  https://expresso.pt/sociedade/2020-10-07-Duas-firmas-de-advogados-fizeram-contratos-com-o-Estado-no-valor-de-18-milhoes

Ainda sobre advogados convém recordar a noticia publicada no Jornal de Negócios que deu conta que há advogados que acham indigno receberem 25 euros à hora. E isto quando 25 euros por hora significam 200 euros num dia de 8 horas de trabalho e  4000 euros ao fim do mês ! Mas se 4000 euros por mês é um valor indignamente baixo então isso significa que eles queriam receber 100 euros por hora (valor esse comentado na parte final de post de 24 de Agosto) o que dá uma remuneração mensal de 16,000 euros ? Mas como pode o Estado Português pagar esse valor absurdo se anda a pagar 6 euros/hora aos enfermeiros ? 

Avaliação da Pegada Ecológica e da biocapacidade das cidades portuguesas

 "the Ecological Footprints of all cities are higher than the world-average biocapacity available for each person (1.7 gha...indicating that, if the entire world population lived like the citizens of these countries, humanity would require between 1.9 and 2.4 planets"
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264275119302306#f0010



sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Engenharia Civil__ Condicionar a atribuição do grau de Mestre a um desempenho científico mínimo ?

Ainda na sequência do post cima e tendo em conta que os resultados das colocações dos últimos anos, mostram que os cursos de engenharia civil dos Politécnicos de Lisboa e Porto ultrapassam no conjunto mais de 80 colocados, na primeira fase, fenómeno que se tem vindo a suceder repetidamente desde o ano lectivo de 2017/2018, enquanto que a soma dos alunos colocados naquele curso na primeira fase, nas universidades de Coimbra, Aveiro, UBI, UTAD não chega sequer aos 60 alunos, o que significa que nos últimos 4 anos aqueles dois Politécnicos admitiram na primeira fase e no total global, quase o dobro dos alunos admitidos por aquelas quatro universidades públicas, então talvez não seja absurdo que alguém faça o favor de lembrar à tutela e à A3ES, que se agora os doutoramentos estão reservados apenas a formações onde participe no mínimo uma unidade classificada como Muito Bom, então talvez não fosse má ideia, condicionar naqueles dois Politécnicos (e em todos os restantes, embora nos outros não haja praticamente alunos nos Mestrados ou mesmo nas licenciaturas) a atribuição do grau de Mestre, somente aqueles cursos onde haja uma maioria de docentes que sejam membros de unidades que tenham sido avaliadas pelo menos com Bom.

Até porque convém ter presente que de acordo com um estudo da DGEEC de 2017, apenas 34% dos docentes, de cursos de engenharia civil, do ensino superior Politécnico estavam integrados numa unidade de investigação avaliada pela FCT, havendo até muitos desses docentes, que estão habilitados somente com a Licenciatura (a carreira docente do ensino superior Politécnico inicia-se desde 2009 com o grau de Doutor ou de especialista, mas não obstante esse facto há, de acordo com a DGEEC, ainda aproximadamente 5911 docentes naquele subsistema de ensino habilitados apenas com a licenciatura ou o mestrado e até 86 com habilitação inferior) sem capacidades de investigação  e que nunca sequer publicaram um único artigo numa revista científica, e isso quando o Quadro de Qualificações para um Mestrado faz exigências sobre: "Conhecimentos altamente especializados, alguns dos quais se encontram na vanguarda do conhecimento numa determinada área de estudo ou de trabalho, que sustentam a capacidade de reflexão original e ou investigação"
Fazendo por isso pouco sentido que haja elevadas exigências, quanto a quem reúne condições mínimas para poder atribuir o grau de Doutor ao mesmo tempo que as exigências para se poder atribuir o grau de Mestre sejam muitíssimo inferiores. 

Professora mais corajosa da Universidade Nova quer dar um abanão ao Primeiro-Ministro

No artigo hoje publicado a mais famosa Professora da Universidade Nova, além de recordar as palavras do Presidente de Saúde Pública da Universidade do Porto, que disse que a ideia da obrigatoriedade da aplicação "StayAway Covid" é autoritária e estúpida,  lembrou também que:
"António Costa disse ontem ao PÚBLICO que sentiu que “era preciso haver um abanão”. Acontece que em democracia são os eleitores que dão abanões aos políticos, e não o contrário" https://www.publico.pt/2020/10/16/opiniao/opiniao/stayaway-covid-sera-antonio-costa-perdeu-nocao-1935439





Northeastern University__ Intellectual property against Progress




Still following the content of the two emails below see the recent text in the link above which shows many more believe that the current patent system only serves corporate agenda,  fosters unsustainable wild capitalism being unsuitable to serve Humanity in the XXI century. 



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De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 28 de Setembro de 2018 6:49
Assunto: Public funded science is inspiring corporate patents (and profits)

Following the email below see the recent paper in the jornal Nature Biotechnology entitled "Mapping the global influence of published research on industry and innovation" https://www.nature.com/articles/nbt.4049#t1 

table 1 list influential authors that receive a lot of citations in patents that their work was able to inspire. So the question is: Should corporate pay a symbolic 1% fee due to public-funded science-related inspiration? 

Of course symbolic may not be the most appropriate term because let´s not forget that for instance the first trillion-dollar company Apple pays an overall corporate tax of just 0.7%



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De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 12 de Agosto de 2018 14:14
Assunto: The rigged patent game that "stands in the shoulders" of the unknown

A well known senior professor of Leiden University, Anthony F.J. van Raan,  recently published a paper on patent citation. https://content.sciendo.com/view/journals/jdis/2/1/article-p13.xml

This is an important field because helps to show how corporate companies patent innovations that are based on previous research paid by public funding. At this moment the patent game looks like a long-distance relay running in which only the athlete who crosses the finish line receives the gold medal. All the others receive zero!

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

The Economist__O futuro do trabalho passa por eliminar cargos de gestão



Há quase uma década atrás a conhecida Harvard Business Review trazia um artigo sobre o quão ineficientes eram as actidades de gestão de uma empresa:
“Think of the countless hours that team leaders, department heads, and vice presidents devote to supervising the work of others. Most managers are hardworking; the problem doesn’t lie with them. The inefficiency stems from a top-heavy management model that is both cumbersome and costly. A hierarchy of managers exacts a hefty tax on any organization. This levy comes in several forms. First, managers add overhead, and as an organization grows, the costs of management rise in both absolute and relative terms. A small organization may have one manager and 10 employees; one with 100,000 employees and the same 1:10 span of control will have 11,111 managers. That’s because an additional 1,111 managers will be needed to manage the managers”

E a edição da revista The Economist da semana passada contém um interessante artigo que revisita esta tese a propósito da recente publicação do livro Humanocracy (o qual entretanto já recebeu uma chuva de criticas muito elogiosaschegando ao ponto de fazer a apologia da Morning Star, uma empresa de 500 pessoas nos EUA, que não tem gerentes, algo que seria natural numa economia comunista, mas não na pátria do capitalismo, exceptuando claro o facto da mesma estar estruturada em 20 unidades de negócios, dentro das quais cada trabalhador actua como um prestador de serviços aos restantes https://www.economist.com/business/2020/10/10/what-happens-when-companies-devolve-power



Engenharia Civil___O inconseguimento do curso da Universidade de Coimbra

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/acesso-ao-ensino-superiorengenharia.html

Depois dos muitos promissores resultados da primeira fase de acesso ao ensino superior, vide post acima, é incompreensível que nesta segunda fase, o curso da Universidade de Coimbra, tenha tido menos "pretendentes" do que o número daqueles que agora optaram pelo curso de engenharia civil do Politécnico de Lisboa. 


Acho que o departamento em causa, ainda não conseguiu consciencializar os jovens que frequentam o ensino secundário no distrito de Coimbra, para o facto do curso de engenharia civil daquela universidade ser cientificamente o 4º mais competitivo no espaço ibérico, o segundo mais competitivo a nível nacional https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/engenharia-civildez-departamentos.html 
e também o mais competitivo entre todos os cursos que existem na universidade de Coimbra.