terça-feira, 18 de agosto de 2020

O Lukashenko do Alentejo




O recente ensaio acima é na minha opinião sem dúvida alguma uma das melhores peças que já apareceu na revista do Expresso, revista essa que em meu entender atingiu o grau zero em 12 de Maio de 2018, quando lá apareceu uma entrevista a um Cro-Magnon.

O referido ensaio é especialmente pertinente em face dos muitos Lukashenkos que andam por aí a brotar como cogumelos, como aquele que no Alentejo anda a ameaçar médicos por terem revelado (a criminosa) falta de condições no lar de Reguengos de Monsaraz

Não é por isso de admirar que o partido do Ventura ganhe mais uns simpatizantes por conta deste episódio porque eu próprio, mesmo depois de várias vezes ter neste blog produzido uma dúzia de posts onde o deputado Ventura é tratado por porco ou javardo, compreendo quem prefira este ao Lukashenko do Alentejo, porque pelo menos o primeiro foi legitimado pelo voto popular (mesmo que esse voto por vezes possa traduzir não só uma grande insatisfação mas até mesmo um evidente ódio ao status quo, como sucede na Hungria, no Brasil e nos EUA), que reza a Constituição é de onde emana todo o poder  enquanto que o segundo é apenas um boy que não só faz o que lhe mandam como ainda antes de lhe pedirem o que quer que seja faz aquilo que acha que agrada ao dono.  

P.S - O Lukashenko do Alentejo que ontem disse à SIC que não vê razões para deixar de ser Presidente da ARS Alentejo (como é da praxe estes boys nunca acham que existam razões suficientes para abandonar um tacho) é espantosamente ainda professor convidado na Universidade de Évora, desde a década de 80 (para assim poder ao fim do mês ter um vencimento muito mais jeitoso) onde é "responsável pela cadeira de Patologia Médico-Cirúrgica". Uma pesquisa na Scopus revela que possui uma publicação indexada na Scopus. E enquanto que este mero licenciado em medicina (que nas últimas décadas conseguiu a proeza de colocar uma publicação na base Scopus) detentor de uma obra científica absolutamente nula é espantosamente regente de uma disciplina, numa universidade pública, há neste país muitos doutorados desempregados e é também por causa disto que o partido do deputado Ventura irá receber nas próximas eleições mais uns votos, porque algum dia teria que chegar a factura a pagar pela miséria moral de nas últimas décadas termos tido universidades infestadas por boys e girls. 



Excelentes do Ensino Superior versus ranking Shanghai_Não bate a bota com a perdigota


Como é que é possível admitir ou sequer perceber que a Universidade do Porto, que é a segunda universidade Portuguesa melhor classificada no ranking mundial comentado no post acima (o único que contabiliza prémios Nobel), só têm 43% de docentes Excelentes, enquanto que o ISCTE que não consegue sequer aparecer entre as 500 melhores universidades do mundo possui mais de 80% de docentes excelentes

E se uma instituição chegar ao extremo absurdo de atribuir 99% ou mesmo 100% de Excelentes aos seus docentes, mesmo aos medíocres e aqueles que só lá entraram por conhecimentos politicos ou por serem familiares de catedráticos, o que podem os Portugueses fazer contra essa pouca vergonha ? Nada ? E com que direito é que há instituições públicas financiadas com o dinheiro dos contribuintes Portugueses que se recusam dizer quantos Excelentes possuem ? Será timidez, vergonha ou falta de vergonha ? 


Concurso para 4 Professores do ensino superior__Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo sobre a mudança de júri

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/providencia-cautelar-para-anular.html

Ainda na sequência do post acima relativo a um Acórdão que deferiu uma providência cautelar para impedir um concurso na Universidade Nova de Lisboa, em que os jurados não pertenciam todos à mesma área disciplinar para a qual foi aberta a vaga, vale a pena atentar num Acórdão deste ano, relativo a um concurso para selecionar 4 professores-coordenadores que foi anulado, tendo o tribunal mandado substituir todos os elementos do júri: 

"II - Num concurso para provimento de professores...anulado por vício de violação de lei, quer porque o aviso de abertura do concurso não continha o sistema de classificação final, quer porque os critérios de ponderação da avaliação curricular só foram definidos pelo júri após o termo do prazo de apresentação das candidaturas, a execução do acórdão anulatório efetua-se através da fixação dos critérios de avaliação dos currículos e do sistema de classificação final, e respectiva fórmula classificativa, da sua aplicação aos candidatos já admitidos, e da prática dos subsequentes atos do procedimento do concurso (avaliação, classificação e ordenação dos candidatos e homologação da lista de classificação final).
III – Sendo ilegal, por violação do princípio da imparcialidade, a fixação de novos critérios pelo mesmo júri, impõe-se, para a reconstituição da situação que existiria se a ilegalidade não tivesse sido cometida, a constituição de novo júri para prosseguir a subsequente tramitação do concurso, incluindo a fixação dos critérios e factores de avaliação antes de o novo júri conhecer a identidade dos candidatos e ter acesso aos respectivos currículos"

Crossing the valley of death: Five underlying innovation processes

"The aim of this paper is to elucidate the innovation processes of technology development across the Valley of Death...This paper adopts a realist evaluation approach in order to integrate the findings from six different technology development projects. By these means, we suggest that crossing the Valley of Death implies the successful completion of five distinct innovation processes. We construct a conceptual framework constituted of the five innovation processes, and argue there is more than one pathway for crossing the Valley of Death. Finally, we offer practical implications for innovation management at this phase of technology development."  https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0166497218306023



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O que é que distingue as Universidades Portuguesas das Finlandesas ?


Enquanto que o Vice-Reitor com o pelouro da investigação da Universidade de Helsínquia disse à imprensa do seu país que achava preocupante o facto daquela universidade ter baixado ligeiramente de posição da posição 57 para a posição 63 (mantendo-se ainda assim no Top 100 onde é praticamente impossível que alguma universidade Portuguesa algum dia consiga entrar) já em Portugal como se percebeu no passado sábado https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/o-incompreensivel-desempenho-cientifico.html a Universidade Nova saiu do Top 500 e ninguém ouviu uma única palavra aos responsáveis daquela universidade, o que parece ser afinal uma situação normal e que está de acordo com aquela bela tradição Portuguesa que dita que quando há maus resultados nunca há culpados.

50 years of Technological Forecasting and Social Change

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0040162520310362#fig0002



Firms that won the R&D 100 Award are more likely to be acquired

"We examine how firms react to their competitors’ highly publicized technology breakthroughs measured by the renowned R&D 100 Award....We find that a firm's propensity to acquire another firm significantly increases after its competitors win these awards"   https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048733320301566



domingo, 16 de agosto de 2020

O incompreensível desempenho científico da Universidade Nova de Lisboa




Ainda sobre o ranking ontem publicado e comentado no post acima é interessante constatar como é que no mesmo a Universidade Nova de Lisboa se compara com outras universidades a nível mundial. Abaixo o nome de algumas dessas universidades cujo desempenho científico global aferido no rabking Shanghai através de variáveis de reconhecido valoré superior ao desempenho científico da Universidade Nova de Lisboa: 

- Universidade de Islamabad............Paquistão
- Universidade Tarbiat Modares........Irão
- Universidade de KwaZulu-Natal......África do Sul
- Universidade do Cairo.....................Egipto
- Universidade de Istambul...............Turquia
- Universidade de Mahidol................Tailândia
- Universidade de Lubliana................Eslovénia
- Universidade de Belgrado...............Sérvia
- Universidade de Tartu.....................Estonia
- Universidade Católica.....................Chile
- Instituto Politécnico Nacional..........México

PS1 - Quem obviamente não têm culpa alguma do resultado supra são as áreas cientíticas mais competitivas da universidade Nova (Business Administration, Civil Engineering, Finance, Food Science, Management, Political Sciences, Tourism Management e outras

PS2 - Tabela abaixo com a metodologia utilizada pelo ranking Shanghai:
Indicator
Weight
Alumni of an institution winning Nobel Prizes and Fields Medals
10%
Staff of an institution winning Nobel Prizes and Fields Medals
20%
Highly cited researchers
20%
Papers published in Nature and Science*
20%
Papers indexed in Science Citation Index-expanded and Social Science Citation Index
20%
Per capita academic performance of an institution
10%

*Only recent Nobel laureates and Fields Medals receive a weight of 100%, the older the prize the lower the weight, meaning that very old prizes weight almost zero. 
* For institutions specialized in humanities and social sciences N&S is not considered, and the weight of N&S is relocated to other indicators


Porque é que a construção civil está sujeita a mais exigências de RH do que as actividades de investigação ?



Como é que é possível entender que as empresas Portuguesas de repente tenham ficado loucas pela investigação num único ano, tenham aumentado em 50% as despesas nessa rubrica, se ao mesmo tempo uma leitura do ficheiro relativo à lista das empresas que mais "gastam" em investigação permite descobrir empresas e bancos sem um único doutorado ? 

Alguém consegue entender que o Governo Português permita que haja empresas, que anualmente apresentam elevados lucros a receber créditos fiscais, nos 8 anos seguintes ao tal investimento em investigação (desde 2006 foram concedidos quase 2400 milhões de euros de créditos ás empresas por conta de actividades de investigação), sem terem no seu quadro de pessoal um único doutorado ? 

E se como ensina o Luís Aguiar-Conraria, qualquer crédito fiscal é um subsidio não significa isto que andamos a subsidiar empresas ricas que não o merecem quando tais subsidios deviam estar reservados somente para quem deles necessita? Ou será que tudo isto faz parte da mesma aberrante liberalidade fiscal que permite que um empresário possa abater no IRC as despesas com o seu Ferrari ou com o seu Bugatti?

Quantas empresas daquelas que desde 2006 já receberam quase 2400 milhões de euros de créditos fiscais em actividades de investigação é que tem a sua sede em offshores para pagarem apenas 5% como sucede com aquelas que mudaram a sua sede para Malta ? 

PS- Se as empresas de construção civil deste país só podem concorrer a empreitadas de obras públicas se tiverem no seu quadro de pessoal um número minimo de técnicos (uma empresa que pretenda candidatar-se a executar obras públicas na classe 9 necessita de possuir no minimo 12 técnicos, vide quadro I no Anexo III) então porque será que no respeitante a obter beneficios fiscais de centenas de milhões de euros, de alegadas actividades de investigação, as empresas deste país não necessitam sequer de possuir um único doutorado no seu quadro de pessoal ? Ou será que faz algum sentido que neste país, a construção civil esteja sujeita a um quadro regulamentar, em termos de recursos humanos, muito mais exigente do que as actividades de investigação científica e tecnológica ?


sábado, 15 de agosto de 2020

Foi hoje publicado o único ranking decente sobre as melhores universidades do mundo__Portugal está agora reduzido a três universidades no Top 500



Na sequência do post acima onde se previu que este ano o ranking Shanghai, o único que a Comissão Europeia associa à excelência científica, não ia trazer boas noticias para as universidades Portuguesas, hoje mesmo se pode confirmar que agora Portugal já só tem 3 universidades entre as 500 melhores do mundo (ULisboa, UPorto e UMinho), pois a UNova de Lisboa (universidade onde a credulidade é de tal ordem que até acreditam que este ano vão receber um Nobel) foi este ano excluída deste ranking. No ano passado também a UAveiro tinha sido excluída do Top 500 e o mesmo sucedeu à universidadede Coimbra em 2018. 

Ou seja em apenas três anos três universidades Portuguesas levaram literalmente um pontapé do Top 500 do ranking Shanghai e enquanto isso a vizinha Espanha têm 13 universidades no Top 500, e isso quando há três anos só lá tinha 10, significando isso que à medida que as universidades Espanholas vão ficando científicamente mais competitivas a nível mundial as Universidades Portuguesas fazem o caminho inverso. 

Talvez esteja por isso na altura da tal limpeza radical referida neste blog no passado mês de Fevereiro (ou antes disso da proposta feita aqui pois é incompreensível e até terceiro-mundista que haja na Academia Portuguesa Associados e Catedráticos que nunca submeteram uma candidatura às bolsas milionárias da ERC, evitando assim submeter o seu currículo e as suas propostas científicas ao escrutínio de peritos internacionais) sob pena de qualquer dia haver apenas uma única universidade Portuguesa no Top 500 do ranking Shanghai, como hoje já acontece com países como o México, a Argentina ou o Egipto e nessa altura não restar a muitos alunos Portugueses outra solução que não seja ir estudar para universidades estrangeiras, onde ao contrário do que aqui se faz não se promove a subserviência e a mediocridade e note-se que não sou eu que o digo, foi um corajoso catedrático de nome Orlando Lourenço que o escreveu.   

P.S - É evidente que entre os culpados dos péssimos resultados acima referidos não estão aqueles professores e investigadores que muito fizeram e até conseguiram que a sua área científica tivesse um resultado muito competitivo no ranking Shanghai por áreas. Que culpa têm os Colegas da área da engenharia civil da Universidade de Coimbra, a área mais competitiva daquela universidade que até aparece no Top 100 deste ranking, do fraco desempenho das outras áreas científicas ? E o mesmo se passa com as áreas mais competitivas da Universidade Nova e da Universidade de Aveiro. Esses Colegas não têm obviamente culpa de agora ser penalizados no ranking global por instituições, pelo facto de na sua universidade haver quem trabalhe de forma muito pouco competente ou até de forma mediocre, sendo até legitimo questionar o que é que esses estão a fazer numa universidade.