quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Uma proposta de alteração às provas ditas de Agregação



Ainda na sequência dos "suaves" comentários sobre as provas de Agregação (vide post acessível no link supra), defendo que todos os candidatos aquele título deveriam ter de respeitar um requisito básico, o de terem submetido uma candidatura às bolsas milionárias do European Research Council, sendo rejeitados todos aqueles, cuja candidatura não tivesse recebido pelo menos 3 notações de Excelente ou 5 notações de Muito Bom. Como é evidente as universidades "menos exigentes" poderiam satisfazer-se apenas com uma única notação de Excelente. Aliás é desde logo bizarro que os requisitos para se ser admitido às provas de Agregação, sejam os mesmos em universidades competitivas ou em universidades muito menos exigentes ! 

A proposta acima, que se percebe melhor neste contexto aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/the-european-research-council-and.html  permitiria evitar que haja quem chegue (por artes mágicas) a professor catedrático com uma obra científica de impacto nulo ou quase nulo a nível mundial, quando ainda por cima, o referido grau tenta alegadamente fazer prova de excelência na investigação. 

É claro que os jurados dessas provas teriam também que respeitar o mesmo requisito (ou aquele outro das universidades menos exigentes), nem que para tal fosse necessário ir buscar jurados estrangeiros, porquanto ser aprovado em provas de Agregação, com jurados com uma obra científica risível, como tem sucedido em muitos casos é absolutamente desprestigiante (leia-se enxovalhante) para o valor daquele título e permite perceber porque é que a cada ano há centenas de doutores a receberem o título de Agregado, (só na Universidade de Lisboa são largas dezenas todos os anos  https://www.ulisboa.pt/info/agregacoes) quase como se o "elevado mérito" (supostamente intrínseco ao tal título) se produzisse na academia Portuguesa a um estonteante ritmo de fábrica Chinesa, mas que na verdade até nem causa elevado espanto, se nos lembramos que mais de metade dos docentes da academia Portuguesa foram "avaliados" como sendo fabulosamente Excelentes https://www.publico.pt/2019/06/02/sociedade/noticia/metade-professores-superior-avaliacao-excelente-1874993  

A este ritmo estonteante, daqui a alguns anos a academia Portuguesa terá vários milhares docentes nessa condição, nessa altura serão tantos os Agregados como os não Agregados, porém estar no Top 50% tem muitíssimo menos mérito do que estar no Top 8% (o tal recente concurso de investigadores da FCT) ou estar no Top 1% como o conhecido grupo dos Highly Cited Researchers da Scopus https://actu.epfl.ch/news/michael-gratzel-tops-new-ranking-of-scientists/ onde Portugal (por mais milhares de Agregados que tenha) compara muito mal no rácio investigador Top 1% /milhão habitantes com vários outros países, como a Espanha ou a Grécia !

Aditamento em 1 de Fevereiro de 2021 - Até mesmo a Alemanha pretende acabar com um processo, muito mais exigente do que é a Agregação Portuguesa, porquanto não há provas que aumente a qualidade das contratações, sendo certo porém que impede a contratação de candidatos de topo, provenientes de países onde esse processo administrativo inexiste.