sábado, 7 de dezembro de 2019

Um catedrático muito pouco sapiente

https://observador.pt/opiniao/pisa-made-in-china/

No artigo acima um catedrático daquele Instituto Universitário que domina com grande vantagem a pole-position do campeonato dos concursos aconchegados https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/concursos-aconchegadosiscte-e.html 
escreveu coisas muito pouco catedráticas 

Diz o insigne catedrático, titular de 13 publicações indexadas na base Scopus, nenhuma dela em co-autoria com um académico Chinês ou de outra nacionalidade, a propósito do facto da China dominar o ranking PISA, o tal que foi recentemente comentado aqui  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/pisa-best-students-in-world.html 

que Portugal precisa de trabalhar tanto e tão bem como a China ! 

Se é certo que o trabalho é coisa virtuosa (embora não pareça atenta a forma como o nosso sistema fiscal persegue os rendimentos do trabalho https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/englobamento-de-todos-os-rendimentos-no.html) e condição necessária para muitas coisas não é porém condição suficiente, como se vê por exemplo pelo baixo número de prémios Nobel ganhos pela China. E falo apenas em números absolutos porque em termos de prémios Nobel/milhão de habitantes a China não atingirá o rácio da Suiça nem daqui a 100 anos. 

Para se perceber como a China protagoniza um projecto que inevitavelmente acabará por ruir a prazo basta olhar para Hong Kong. Um dos seus seniores habitantes disse com absoluta sapiência que a China queria que eles se limitassem a viver (leia-se a ganhar dinheiro e a consumir) mas isso diz não podem fazer porque não são cães e possuem por isso um evidente desejo a algo mais inerente à sua condição humana, que a China não lhes permite. E como é evidente (embora não para o referido catedrático) um país onde os seus habitantes vivem debaixo de um sistema tão castrador tem o seu destino fatalmente traçado. E nem sequer comento o quão grave é aquilo (algo que o referido catedrático mostra desconhecer) que alguns cientistas andam a fazer naquele país:
https://www.theguardian.com/science/2019/aug/03/first-human-monkey-chimera-raises-concern-among-scientists
https://www.nature.com/articles/d41586-019-00673-1
https://bgr.com/2019/12/06/monkey-pig-china-chimera/

Há uma coisa porém que é absolutamente evidente, na China este insigne catedrático não estaria nessa categoria pois naquele país 13 publicações Scopus não chegam sequer para se ser Associado quanto mais catedrático, pelo que no que respeita a dar conselhos sobre a necessidade de trabalhar mais e melhor talvez fosse boa ideia que também ele os seguisse. 

Há um outro aspecto não referido pelo catedrático do ISCTE, talvez pela sua nula experiência e conhecimento pessoal da realidade da academia Chinesa. Naquele país um catedrático que além das actividades lectivas tenha uma intensa actividade de investigação e coordenação de projectos e ou de exercício de cargos editoriais em importantes revistas internacionais pode chegar a ganhar 10 vezes mais do que outro, que se fica pela actividade lectiva. E como é evidente isso é um poderoso incentivo que no entanto não existe na academia Portuguesa.