sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Agregação: Prova de subserviência, "ajuste de contas cobarde" ou a alegoria do boi ?

Como infelizmente há na Academia Portuguesa muitos catedráticos com uma baixíssima produção cientifica então isso significa que quem em má hora lhes atribuiu o título de agregado, quis com isso dizer que o referido título nada diz sobre o desempenho cientifico, como se prova por exemplo naquele curioso caso (que infelizmente não é caso único) de um catedrático com zero publicações indexadas  https://ciencia.iscte-iul.pt/authors/antonio-da-silva-robalo/publications mas ao mesmo tempo diz muitíssimo da subserviência dos candidatos que se submetem a esse ritual do beija-mão, o que foi confirmado pelo catedrático Orlando Lourenço, da Universidade de Lisboa, quando aquele escreveu que na Academia Portuguesa "é a obediência, quando não a mediocridade, que são recompensadas".

Isso quando despudoradamente não sucede que a prova de agregação é usada menos para avaliar seja o que for, mas sim para fazer um "ajuste de contas cobarde" por parte de catedrático ressabiados e velhacos, contra candidatos que não são dados aos costumeiros exercícios de subserviência, como sucedeu por exemplo nas provas de Agregação do conhecido Saldanha Sanches https://observador.pt/2015/04/09/sampaio-da-novoa-acusado-de-falta-de-coragem-por-ter-permitido-chumbo-a-saldanha-sanches/

É claro que relativamente aqueles escassos excelentes catedráticos (e outros que não chegaram a catedráticos porque não beneficiaram da cátedra-decretina) a prova de agregação dos mesmos é apenas uma inútil pseudoavaliação em que os jurados (muitos deles nada excelentes) se limitaram a constatar o valor de  candidatos muitíssimo melhor do que eles, no limite ironicamente validando a conhecida expressão "olhar como boi para palácio".

Não deixa aliás de ser bastante elucidativo (sobre como funcionam as coisas na Academia Portuguesa) que haja concursos para lugares de Catedrático designados como "internacionais", a que contudo só podem concorrer os titulares do grau de agregado, quando na verdade como lá fora esse título só existe em muito poucos países, isso é assim apenas uma hipócrita maneira de impedir que qualquer estrangeiro possa ganhar esses concursos, nem mesmo que traga no currículo um prémio Nobel.  Na verdade os únicos concursos na área da Ciência Portuguesa que são de facto internacionais, na verdadeira acepção da palavra, são somente os concursos de investigadores da FCT, cujos jurados são todos estrangeiros e onde até há de facto candidatos estrangeiros a serem seleccionados. 

Até mesmo a ignara actividade que é o futebol, dirigida por quase semi-analfabetos, consegue ter a clarividência suficiente para perceber que contratar craques internacionais é um requisito básico para se conseguirem ganhar competições internacionais, já os génios da Academia Portuguesa, cuja portentosa massa encefálica é de tal envergadura que só a muito custo se mantém dentro da caixa craniana e não raras vezes lhes brota dos ouvidos e até do nariz, os mesmos que fazem vergonhosas propostas como aquela comentada no email abaixo de Setembro de 2019, esses preferem apostar exclusivamente na prata da casa, de catedráticos, sem publicações indexadas, para jurados de provas de Agregação. E o resultado só podia ser aquele miserável que envergonha Portugal e que foi recentemente tornado público  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/carlos-fiolhaisa-fraca-qualidade-da.html


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De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 07 de Setembro de 2019 11:12
Assunto: Uma proposta para agravar a mediocridade da academia Portuguesa

Dois catedráticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, António Feijó (possui uma publicação indexada na Scopus) e Miguel Tamen (7 publicações Scopus) acham que o Estado devia enviar directamente para as universidades o dinheiro com que financia a FCT.

Mas que ideia genial tiveram estes dois catedráticos, de uma Faculdade que tem uma percentagem de endogamia de 96%, embora pelo menos uma coisa seja muito clara, eles não possuem qualquer ideia sobre como reduzir a percentagem de endogamia da unidade orgânica a que pertencem, muito menos o nepotismo de uma outra faculdade da mesma universidade que o escritor João Pedro George designou no inicio deste ano por "uma espécie de grande família...composta de várias pequenas famílias (ou grupos tribais) onde os cargos docentes são tratados como mercadorias..." 

Por um estranho acaso do destino eu também tenho uma proposta a fazer, não é tão brilhante como a tal ideia dos dois referidos catedráticos, mas ainda assim merece no mínimo ver a luz do dia de uma discussão sobre a sua eficácia ou bondade. Eu acho que se o Estado Português cortasse o subsidio de exclusividade, a todos os catedráticos com menos de 5 publicações indexadas, poderia com esse dinheiro financiar contratos de investigação de muitos jovens investigadores (desempregados) de elevado potencial.