sábado, 30 de novembro de 2019

Vergonhosa impunidade no acesso ao curso de medicina


https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/a-infalivel-receita-para-educar-para-o.html

Ainda na sequência do post acima, na parte relativa aos comentários acerca do acesso ao curso de medicina, é importante registar que o semanário Expresso, informa hoje, que o Ministério de Educação acaba de abrir um processo ao famoso colégio que já no ano de 2001 era conhecido por ser capaz de fazer ingressar muito alunos no curso de medicina 

Trata-se exactamente do mesmo colégio que em 2008 a sua directora pedagógica, Conceição Amaral, enchia a boa para dizer que já tinham colocado quase 90 alunos no curso de medicina  e também o mesmo colégio que agora se ficou a saber que 95% dos alunos de 9 turmas, centenas de alunos, obtiveram classificações de 19 e 20 valores a uma certa disciplina, tendo a classificação mais baixa sido de 18 valores. 

Ou seja, quando era suposto que o processo disciplinar já estivesse concluído e já houvesse até mesmo sentenças de cadeia (pois não se admite que haja prisão para o crime de injúrias mas não haja para esta pouca vergonha) fica-se a saber que apenas foi instaurado um processo disciplinar à senhora diretora pedagógica do referido colégio, o qual pode resultar numa inócua advertenciazinha, numa multazinha, numa suspensãozinha ou no máximo dos máximos no afastamento de funções ! 

Já as centenas de alunos deste colégio, que nas ultimas duas décadas, conseguiram ingressar no curso de medicina somente, porque beneficiaram da brilhante "estratégia pedagógica" que lá se leva a efeito, esses ninguém lhes toca  e os outros os prejudicados esses que se amanhem como puderem (leia-se, que se fodam !  

Se o Ministério de Educação sabe que muitos colégios privados praticam de forma sistemática o referido empolamento de classificações,  que de acordo com um relatório do IGEC nalguns casos chega quase a 4 (quatro) valoreshttps://www.publico.pt/2018/02/03/sociedade/noticia/onze-escolas-inflacionam-notas-dos-alunos-ha-nove-anos-seguidos-1801563 mais não lhe resta, que em sede de candidatura ao ensino superior, descontar o valor dos diferentes valores de empolamento dos diferentes colégios, na classificação dos alunos desses mesmos colégios. 

Não o fazer significa que o Estado Português é cúmplice com o "roubo" (do futuro de muitos jovens que só não ingressaram num curso de medicina porquanto os seus pais não puderam pagar as mensalidades de um colégio privado e dessa forma não beneficiarem de empolamento da sua média) e muito se estranha que o Ministério Público ainda nada tenha feito a esse respeito.