Para impedir a submissão de milhares de candidaturas (a Call de 2020 recebeu quase 6000 candidaturas, que comentei em post anterior), o que leva a que algumas dessas candidaturas sigam uma estratégia de atirar o barro à parede para ver se cola, sendo protagonizadas por investigadores com um currículo muito pouco competitivo (como aqueles que chegaram a Associados e até a catedráticos com 2 ou 3 artigos e 2 ou 3 citações e que nem sequer possuem currículo suficiente para serem professores-auxiliares, ou para conseguirem ganhar uma bolsa de pós-doutoramento numa universidade europeia decente) o que por sua vez implica um gasto astronómico no pagamento dos honorários dos peritos internacionais (assim consumindo escassas mas importantes verbas que seriam muito melhor empregues a contratar jovens investigadores), a direcção da FCT decidiu assim copiar aquilo que já há muito que se faz nas candidaturas às bolsas milionárias do European Research Council, que passa por não permitir que os coordenadores das candidaturas (IR), que tenham uma baixa classificação, que possam voltar a submeter candidaturas na próxima edição de 2022, só o podendo fazer na seguinte em 2023:
"Os IR das candidaturas que obtenham um MP inferior a 5,00 estão impedidos de submeter uma candidatura, na qualidade de IR, na próxima edição do concurso de projetos de I&D em todos os domínios científicos"
A medida em causa só peca por tardia (já que se tivesse sido implementada há uma década atrás ter-se-ia poupado muito dinheiro em avaliações) e até por ser muito pouco ambiciosa, já que não impede que também na presente Call voltem novamente a surgir milhares de candidaturas, assim se consumindo importantes verbas a analisar muitas candidaturas com uma competitividade científica irrisória, exercício esse que no limite até pode levar os peritos internacionais a ficar com uma péssima impressão sobre aquele que é o nível da ciência Portuguesa, o que é basicamente o mesmo que pagar para publicitar medianias e misérias.
PS - Faço porém votos que nesta edição e antes de convidarem os peritos internacionais que irão avaliar as candidaturas, a FCT tenha o cuidado de analisar em primeiro lugar em que subáreas é que recebeu mais candidaturas, para assim saber que peritos deve convidar, para dessa forma evitar convidar peritos de oftalmologia para avaliar projectos de epidemiologia ou peritos de estruturas para avaliar projectos de hidráulica https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/a-incompetencia-da-fctfaz-algum-sentido.html
