domingo, 21 de novembro de 2021

Deputados aprovam lei que impede que a polícia os possa prender

  

"deputados nacionais e membros do Governo, deputados regionais e membros dos governos regionais não podem ser detidos ou presos sem autorização, respectivamente, da Assembleia da República e das assembleias legislativas regionais"

O esclarecedor (e infame) texto acima, que faz parte de uma lei aprovada esta semana no Parlamento, foi revelado num artigo do jornal Público e eu até acho que os Portugueses podem sentir-se agradecidos pela modéstia da redacção da referida lei, porque os nossos deputados podiam ter dado largas à sua imensa imaginação e aprovado uma lei muito "inovadora", que ditasse que qualquer um deles só poderia ser preso quando terminasse o seu mandato, e que permitisse que o tempo de privação de liberdade, teria de ser cumprido em hotel de 6 estrelas, pago obviamente pelo Orçamento de Estado e ainda que a remuneração de deputado se manteria na totalidade durante o cumprimento da pena. 

Ontem um conhecido catedrático jubilado da Universidade de Coimbra de nome Vital Moreira escreveu a propósito das decisões dos nossos queridos deputados, que ocorre neste país a "captura do Estado por um grupo profissional poderoso" referindo-se aos advogados, o tal nada modesto grupo profissional que acha que um vencimento de 4000 euros/mês é indignamente baixo, (mal) habituados que estão a salários entre 8.000 e 28.000 euros  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/07/milionarias-sociedades-de-advogados.html

Curiosa e coincidentemente, no inicio deste mês, mais precisamente em 8 de Novembro, eu tinha escrito neste blogue algo não muito diferente acerca de um: "Parlamento que nos últimos 47 anos esteve sempre  refém dos interesses particulares dos deputados em especial dessa nefasta espécie que são os deputados-advogados" https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/um-escandalo-sem-prazo-de-validade.html

Porém e muito antes disso, em Abril de 2019, também já tinha escrito sobre  o "assalto" dos advogados à Assembleia da República e sobre a aberrante anomalia estatística, que era o facto dos advogados representarem uns impensáveis 20% dos deputados da Assembleia da República, quando na realidade aquela classe profissional constitui menos de 1% da população Portuguesa https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/como-e-que-chegamos-miseraveis-salarios.html uma situação tão aberrante e inaceitável como seria aceitar que 20% dos deputados fossem coveiros, electricistas, tarólogos, estivadores, podologistas, cabeleireiros, calceteiros, condutores de tuk-tuk, ou agentes de inseminação artificial de bovinos !