A primeira vez que ouvi alguém, com elevado prestigio académico, referir-se publicamente à importância primordial da formulação de questões, foi na pessoa do catedrático Sobrinho Simões, que no Palácio de Belém em Outubro de 2017 disse que "aquilo que distingue a espécie humana não é a capacidade de dar respostas mas a de fazer perguntas".
Depois disso foi também num livro de Julho de 2020 de um académico aposentado da Universidade de Melbourne, cujo primeiro capítulo é precisamente sobre a importância de fazer perguntas. Onde se fica a saber que o sistema educativo tradicional, que privilegia dar respostas e não fazer perguntas tem arruinado (leia-se tem desgraçado) o futuro de sucessivas gerações de estudantes, sendo o mais flagrante exemplo disso mesmo o "sucesso" dos estudantes Chineses (na China entendem que há apenas duas razões para justificar o comportamento dos alunos que tem o hábito de fazer muitas perguntas, ou são alunos burros ou são alunos dissimulados e velhacos que querem mostrar que o Professor não sabe a resposta) nos testes PISA que (sem surpresa) não encontra correspondência com o flagrante insucesso da mesma China em termos de prémios Nobel, que é a maior prova de um sistema de ensino que até foi bastante útil para a economia industrial do século 20, mas é absolutamente desadequado quanto a suprir as necessidades de uma economia do conhecimento o século 21. Sobre a flagrante falácia dos testes PISA vale a pena recordar um post de 2019 aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/pisa-best-students-in-world.html
Coisa bastante diferente e muito mais problemática são os inúmeros desafios que o futuro trará no que respeita à formulação de perguntas, como se percebe através das investigações da omnipresente (e quase omnisciente) google no respeitante a ensinar a inteligência artificial a fazer perguntas e mais recentemente através de resultados de investigações que aproveitaram a inusitada capacidade da inteligência artificial para formular hipóteses. https://www.scientificamerican.com/article/ai-generates-hypotheses-human-scientists-have-not-thought-of/