domingo, 21 de novembro de 2021

Evolução das colaborações científicas dos investigadores Portugueses com investigadores estrangeiros nos últimos 60 anos


A figura acima mostra a evolução das publicações científicas dos investigadores Portugueses, indexadas na base Scopus, as quais contaram com a colaboração de investigadores estrangeiros. Os sete países estrangeiros apresentados são aqueles com os quais Portugal apresenta maior número de publicações conjuntas. O eixo vertical, em escala logarítmica, representa a percentagem de publicações face à produção indexada total de Portugal. 

A primeira conclusão, que é possível extrair é que houve um aumento substancial da percentagem de publicações conjuntas com investigadores dos referidos países, subindo de forma sustentada desde 1960-90 até 2016-2020. Infelizmente a qualidade dessas colaborações foi decrescendo com o tempo, já que durante várias décadas o Reino Unido foi o primeiro país estrangeiro com o qual Portugal partilhava mais publicações conjuntas, porém há mais de uma década que esse lugar foi ocupado pela Espanha, que não é um país cuja ciência seja conhecida por ser líder mundial, o que se afigura assim muito pouco promissor para o futuro do impacto da ciência Portuguesa, especialmente se levarmos em conta que o centro de gravidade da economia mundial regressou novamente à Ásia, de onde não sairá tão cedo https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/six-books-to-understand-future.html

Também porque se no período 1960-90, Portugal tinha quase tantas publicações em conjunto com investigadores Alemães, do que com investigadores da Espanha, Itália e Brasil, agora muito infelizmente, as publicações conjuntas com investigadores Alemães são em número 4 vezes menor, do que as publicações em conjunto com os investigadores Espanhóis, Italianos e Brasileiros. Aliás o Brasil é precisamente o país que apresenta o maior crescimento de publicações conjuntas com Portugal, quando era suposto que o nosso país estivesse a crescer era no número de publicações conjuntas com investigadores de países com um sistema científico muito mais robusto do que o nosso, o que não é como abundantemente se sabe o caso do Brasil, um pais cujas instituições científicas infelizmente foram praticamente arrasadas pelo infeliz, famigerado e quase irracional Presidente Bolsonaro  https://www.insidehighered.com/news/2021/11/11/brazil-cuts-federal-science-spending-90-percent

Tenha-se também presente que a perda progressiva da competitividade científica de Portugal é bem evidente no facto das melhores universidades nacionais se andarem a afundar no prestigiado ranking Shanghai onde já só há três universidades (ULisboa, UPorto e UMinho) nos primeiros 500 lugares. No referido ranking, a universidade Nova de Lisboa, até já aparece abaixo de Universidades do Paquistão, do Irão e do Egiptohttps://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/o-incompreensivel-desempenho-cientifico.html

A própria universidade de Lisboa, também ainda deve parte da sua classificação no ranking Shanghai, ao Nobel Egas Moniz de 1949, que segundo as regras desse ranking, vai perdendo peso com o passar do tempo, o que significa que a Universidade de Lisboa dificilmente conseguirá (pois é altamente improvável, senão mesmo impossível, que entretanto algum cientista da mesma receba um novo Nobel) evitar a sua queda futura no mesmo ranking https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/as-descidas-da-universidade-de-lisboa.html