Ainda na sequência do post acima é pertinente referir que a SECIL, aquela empresa de cimento que anda a esburacar o Parque Natural da Serra da Arrábida, pretende ampliar a área a esburacar. https://www.publico.pt/2020/09/23/local/noticia/secil-estuda-ampliacao-pedreira-parque-natural-arrabida-1932631
Será que na Suiça, o país do Sr. Otmar Hübscher, diplomado em finanças e Presidente da Comissão Executiva da SECIL (que antes de chegar a Portugal andou a esburacar pelo Brasil, Argentina, Chile e Equador), também andam a esburacar os seus Parques Naturais para produzir cimento Portland ?
Irónico é saber que nem sequer 75.000 kms quadrados do Parque Nacional da Peneda-Gerês estão a salvo da fúria esburacadora, e contudo toda a riqueza gerada por todas as explorações mineiras foi inferior ao valor dos imensos prejuízos provocados pelas sanguessugas dos cartéis (20.000 milhões de euros) que se somam aos outros 20.000 milhões de euros que a banca fez desaparecer, significando isso que mesmo que este país nunca tivesse tido uma indústria mineira e agora não tivessemos nenhum Parque Nacional esburacado, ainda assim continuariamos com bastante lucro se a Autoridade para a Concorrência tivesse sido criada há 47 anos atrás e se tivessemos tido um Banco de Portugal que não se tivesse limitado a assistir de camarote às vigarices protagonizadas pelos sacaninhas dos Srs. banqueiros.
Não é aliás por acaso que países com muitos recursos naturais continuam a ser pobres (maldição dos recursos naturais, resource curse), porque por mais que esburaquem e por mais recursos naturais que consigam vender, o dinheiro que conseguem por essa via é sempre muito inferior aquilo que é roubado. Moral da história, muito mais importante do que ter muitos recursos naturais é conseguir que a roubalheira não reine com total impunidade.