segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Guerra aberta na Universidade de Lisboa

 


O jornal i de hoje dedica várias páginas a uma guerra entre o Presidente do IST (Rogério Colaço) e os investigadores, ficando-se a saber pelo artigo que o Catedrático Colaço recusa receber os investigadores, porque eles cometeram o crime terrível de terem recorrido à justiça. Pois como todos sabemos neste país recorrer à justiça é coisa de gente desqualificada e de baixa índole já que as pessoas de bem, os Portugueses de primeira,  nunca, jamais, recorrem à justiça. Uma outra hipótese é que os investigadores-escravos (Catedrático Tito Mendonça do IST dixit) simplesmente não têm o direito a recorrer à justiça. 

Sobre o diferendo supra o Presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (do qual sou afiliado) disse ao jornal í que "É uma questão de liberdade de expressão. Claramente que o presidente do IST parece conviver muito mal com quem tem uma opinião diferente da dele ou, pior ainda, a quem expressa uma opinião diferente da dele". Está visto que a Universidade de que o Catedrático Colaço gosta é esta aqui  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/o-medo-na-universidade-portuguesa.html

Curiosa e até muito incoerente é a posição do Ministro que tutela a ciência e o ensino superior Manuel Heitor, que contactado pelo mesmo jornal mandou dizer que se trata de um problema da exclusiva responsabilidade da Universidade de Lisboa, na justa medida em que quando há uns meses atrás aconteceu um problema similar, mas menos grave (pois uma professora contratada em regime de tenure consegue defender-se muito melhor de ataques à sua liberdade de expressão do que investigadores com um vínculo contratual precário), na Universidade Nova, o Ministro Heitor não deixou de pedir explicações aquela universidade sobre a liberdade de expressão. quase parecendo que a liberdade de expressão só é um problema quando não está envolvida a universidade a que pertence o Ministro Heitor. 

Isto já para não falar que talvez o Ministro Heitor tenha esquecido (dizem que a Covid-19 leva à perda de memória) que foi ele próprio que disse em Abril de 2017, que os investigadores não se queixavam o suficiente, pelo que se os investigadores, da sua própria universidade, agora se queixam ele também foi o incentivador moral dessas queixas, pelo que no mínimo dos mínimos lhes deve solidariedade (além obviamente de ter o dever de lembrar aos orgãos dirigentes da Universidade de Lisboa que a Constituição da República Portuguesa é para cumprir). 

Problema diferente é o de se saber se o Presidente do IST necessita da ajuda de alguma alminha caridosa, da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (pois é sabido que os textos jurídicos costumam ser densos e complexos e que por vezes até são passíveis de diferentes interpretações), para perceber qual o signficado juridico da fras"Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio" contida no Artº 37 da CRP e bem assim também o significado da frase "O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado" e em especial o conteúdo da frase, ainda do mesmo artigo, que dita que "As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal"

PS - Ainda sobre este assunto revisite-se o elucidativo post abaixo, onde se falou de um filme terrível e de um corajoso catedrático da Universidade de Lisboa (Tito Mendonça), que afirmou que os investigadores são tratados exactamente como Trump e Salvini trataram os imigrantes:
"...Os reitores e seus acólitos tratam os seus bolseiros com a mesma soberba e desprezo com que Trump ou Salvini tratam os emigrantes...Só pode haver uma explicação: para manter o poder. Para continuar a controlar uma vasta população de escravos altamente qualificados..."https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/o-malandro-do-bloco-de-esquerda.html