segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Portugal com excesso de publicações científicas e também de investigadores que não têm tempo para dormir


Ainda na sequência do post acima sobre a invulgar produção científica Portuguesa entre 2000 e 2020 e agora que faltam apenas três meses para concluir o ano de 2021, é possível confirmar que se nesses três meses restantes se mantiver o mesmo ritmo de produção dos primeiros nove então a produção no fim do corrente ano será aquela abaixo, onde se percebe que em 2021 a vantagem de Portugal sobre a Alemanha aumentou para 40%. 

Portugal.................3303 publicações/milhão de habitantes
Itália.......................2486
Alemanha..............2372
Estados Unidos.....2138
França...................1841 

O rácio entre a produção científica indexada na base Scopus para o ano 2021 e os 19418 investigadores doutorados integrados nas 348 unidades de investigação avaliadas no último exercicio dá uma média anual de 1,4 publicações indexadas/por doutorado, valor que para uma carreira de 40 anos dará um número médio total de 56 publicações indexadas. 

Que algum incansável investigador consiga produzir 100%, 200% ou até mesmo 300% a mais do que a referida média total até se pode entender, já é porém muito mais difícil de entender que haja, quem ainda por cima estando longe do fim da carreira, consiga (talvez por trabalhar quase 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano) ter uma produção científica que é 1000%, 2000%, ou mesmo 3000% superior ao referido valor médio total. Percentagens essas que fazem prova de uma aberração estatística que devia merecer mais atenção por parte da Academia. 

Se olharmos para os tais investigadores que nunca dormem, com mais de 1100 publicações indexadas, que representam um valor que é quase 2000% superior ao tal valor médio total de 56 publicações, constatamos que Portugal possui um rácio de investigadores que nunca dormem por milhão de habitantes que é o triplo do rácio da Alemanha e isto muito embora os investigadores Alemães não sejam conhecidos por serem preguiçosos nem muito menos burros, atentas as dezenas de prémios Nobel da ciência que os investigadores daquele país já receberam https://www.research-in-germany.org/en/research-landscape/nobel-laureates.html

Também a Finlândia possui um rácio que é metade do Portugal mas em contrapartida possui um rácio de prémios Nobel da ciência por milhão de habitantes que é o dobro do rácio do nosso país. A própria Noruega que não possui um único investigador daqueles que nunca dormem possui muito mais prémios Nobel na área da ciência do que Portugal. Mais curioso é o caso da França que possui 5 vezes menos investigadores que nunca dormem por milhão de habitantes do que Portugal embora possua largas dezenas de prémios Nobel da ciência.