quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Os esquecimentos do catedrático Fiolhais


O catedrático Carlos Fiolhais comenta hoje no Público o lamentável orçamento que o Governo vai destinar à ciência, tecnologia e ensino superior. Porém a forma como o faz corre o risco de deixar criar nos leitores do Público a sensação de que afinal o ensino superior e a ciência não tem razão de queixa porque há um aumento do orçamento e o valor total é superior a 3000 milhões de euros. 

Teria por isso sido crucial que o Carlos Fiolhais tivesse referido por exemplo que em 2020 o Governo Português foi um dos que menos gastou em investigação, metade do que gastou a Estónia https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/09/governo-da-estonia-envergonha-governo_26.html

Podia também ter referido que mais valia gastar no ensino superior e na ciência os créditos fiscais (leia-se subsídios) de centenas de milhões de euros que foram gastos em actividades de suposta investigação empresarial https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/expresso-o-nada-surpreendente-recorde.html 

É ainda possível aumentar o orçamento da ciência e do ensino superior, cortando por exemplo nas indecentes subvenções vitalícias ou no elevado valor das milhares de viaturas adquiridas pelas autarquias e pelas empresas e institutos públicos como escrevi aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/03/primeiro-ministro-defende-reducao-de.html

Mas mais importante deveria também ter referido que é falsa a narrativa Governamental de que o dinheiro não chega para tudo. Tendo em conta que Portugal perde por conta da corrupção valores astronómicos é evidente que as disponibilidades orçamentais seriam maiores se o Governo estivesse minimamente interessado em pelo menos reduzir o valor daquilo que a corrupção custa a este país. No que respeita à corrupção, as coisas são bastante simples, há os Governos que combatem a corrupção e há aqueles que não a combatem e logo são Governos amigos da corrupção e como este Governo não combateu a corrupção mais não resta do que concluir que foi um Governo amigo da corrupção. 

Aditamento - Finalmente conseguiu-se saber (pois as más noticias convém que fiquem escondidas) que em 2022 a FCT terá direito a menos 41 milhões de euros do que em 2021. E isto num Governo que adora a ciência, só se for ciência baratucha, ou pelo menos muitíssimo mais baratucha do que a ciência da Estónia