quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A esterilidade inovadora das empresas Portuguesas ou mais uma prova do desperdício de dinheiros públicos



Ainda na sequência do post acima onde se mostrou que foi uma péssima ideia despejar milhares de milhões de euros em créditos fiscais em empresas que se mostraram incapazes de transformar essas verbas em produtos inovadores é pertinente olhar para o recente artigo publicado na revista Scientometrics que analisou 1147 empresas de 54 países com publicações indexadas na Web of Science e que mostra que a Suiça, a Noruega e a Finlândia são os países onde as empresas tem mais publicações indexadas na Web of Science (vide Fig 1)  https://link.springer.com/article/10.1007/s11192-021-04159-8 Portugal esse (não sem surpresa) não aparece no referido estudo ao contrário de países como o Chipre ou até mesmo o Brasil (cujo PIB/capita é apenas 30% do nosso) que lá aparece com 9 empresas.  

Recorde-se que de acordo com um Inquérito que foi tornado público em Agosto deste ano, pela Direcção Geral de Estatisticas da Educação e da Ciência sobre as empresas que anualmente gastam mais em investigação (que mais créditos fiscais recebem e que por conseguinte mais conseguem reduzir o valor dos impostos a pagar) se podem ler os seguintes e muito curiosos valores: 

Grupo NOS.....67 milhões (12 doutorados)
Altice...............59               (5)
Bial..................44               (60)
Banco BCP......33               (-)
Sonae..............24               (8)
GALP...............21                (-)
Banco BIC.......19                (-)
SECIL..............16                (4)

O Inquérito revela também que dezenas de empresas não deram autorização para que a sua informaçao fosse tornada pública, uma situação estranha que não deveria sequer ser permitida, porque quem quer receber créditos fiscais (leia-se subsidios, Aguiar-Conraria dixit) não deve poder recusar ser escrutinado publicamente, como condição para os merecer.  

PS - Recorde-se que o Governo da Suiça não dá créditos fiscais às empresas para actividades de investigação https://www.oecd.org/sti/inno/2498389.pdf e também não aceita que a compra de carros de luxo, como Ferraris, Lamborghinis ou outros, possa ser deduzida ao IRC como acontece em Portugal. E menos ainda aceita que o dinheiro dos contribuintes daquele país sirva para comprar Porsches, que é outra aberrante moda do nosso país  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/a-escola-profissional-que-abriu-um.html