Ainda sobre os cientistas incoerentes (leia-se hipócritas) mencionados no post acima, os tais que passam a vida a falar na importância da redução das emissões de carbono mas que não fazem o mínimo esforço para cumprirem a sua quota parte dessa obrigação, é pertinente relembrar as recentes palavras do cientista da NASA, Peter Kalmus, que afirma que "a pior actividade que se pode fazer para a saúde do Planeta é sentar-se num avião". O referido cientista revela na sua página pessoal https://peterkalmus.net/about/ que conseguiu reduzir a sua pegada carbónica anual para apenas 2 toneladas, um valor impressionante que representa somente 10% da pegada carbónica média de um Norte-Americano, e que fica próximo do tal valor limite de 1.6 toneladas/ano correspondente a uma vida sustentável, que foi mencionado no artigo do Jason Hickel, da Universidade de Londres https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/e-possivel-uma-vida-boa-para-todos.html
Contudo um valor anual de 1.6 toneladas/ano (4kg de CO2/dia) é um valor bastante difícil de alcançar, pelo menos para os padrões de consumo que são a norma nos países ricos, porque basta que alguém coma o equivalente a 60 gramas de bifes por refeição para rapidamente esgotar esse valor (um cheese burger duplo leva quase 200 gramas de carne). https://www.economist.com/graphic-detail/2021/10/02/treating-beef-like-coal-would-make-a-big-dent-in-greenhouse-gas-emissions
Não é por acaso que se diz que é preferível ter uma dieta de baixas emissões a ter uma viatura eléctrica. https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/feb/22/solar-cars-vegan-diets-climate-change e também não foi por acaso que em 2019 o Michael Mann, director do Earth System Science Center na Pennsylvania State University se referiu à importância de evitar as viagens de avião e de reduzir o consumo de carne, que constitui uma das seis acções fundamentais enunciadas pela Aliança dos Cientistas a nível Mundial https://www.scientistswarning.org/six-steps/
Infelizmente até mesmo o nosso país, que está longe de ser um país rico, soube-se recentemente que apresenta um consumo de carne muito superior aquele que seria desejável https://www.publico.pt/2021/10/15/sociedade/noticia/portugueses-estao-comer-dobro-recomendado-forma-desequilibrada-1981217 Isto já para nem falar do péssimo desempenho de Portugal em termos internacionais no respeitante ao Overshoot day https://www.overshootday.org/newsroom/country-overshoot-days/
Porém, pelo menos teoricamente, há sempre a hipótese, de se comprarem créditos de carbono aos milhares de milhões de pessoas dos países do terceiro mundo cujo pegada carbónica é muito inferior ao tal valor de 1.6 toneladas/ano, ou de fazer o que fez a Noruega que pagou 24 milhões à Indonésia para impedir deflorestação, assim evitando a emissão de 4.8 milhões de toneladas de carbono, o que significa um custo por tonelada de carbono de apenas 5 dólares. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/09/the-economist-worlds-biggest-carbon.html
PS - É claro que a forma mais eficaz de convencer as pessoas a reduzir a sua pegada carbónica não passa tanto pela publicitação de bons exemplos individuais como o do Peter Kalmus mas antes através de um imposto como aquele que foi mencionado neste blog num post de 11 de Março e num outro post mais contundente, de 11 de Agosto deste ano, onde inclusive se fez referência a um Imposto sobre o carbono das pessoas singulares-ICS https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/arrancar-forca-os-seus-confortaveis.html