Faz algum sentido que Portugal tenha sido o primeiro país do mundo a anunciar a neutralidade carbónica para 2050, como é referido na revista Visão desta semana, se depois vemos um Presidente da República a felicitar alguém que emite díóxido de carbono por desporto e também que o Governo Português tenha andado a desperdiçar o dinheiro dos contribuintes em desportos que são responsáveis pela emissão de milhões de toneladas de dióxido de carbono ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/um-espetaculo-criminoso-pago-com-o.html
O mais irónico é o facto dos adeptos os desportos motorizados (e muitos outros), pretenderem ignorar que não haverá neutralidade carbónica sem uma elevada taxa de carbono e que a mesma irá obrigar a um aumento do custo dos combustíveis fósseis, pelo que se é verdade que neste momento o custo dos combustíveis em Portugal é ditado em grande parte pelo peso de taxas e impostos, no futuro mesmo que houvesse uma eventual (mas pouco provável) redução dos mesmos não haveria uma redução do custo dos combustíveis devido ao expectável e inevitável aumento do valor da taxa do carbono.
PS - Em Maio deste ano a tonelada de carbono atingiu os 50 euros e no entretanto e de acordo com o Financial Times já chegou aos 65 euros https://www.ft.com/content/c1595f64-5a31-4e7b-bf98-9f5fcbb4e970 sucede porém que como deu conta a revista The Economist em Junho de 2020 o sector bancário já então andava a fazer testes de stress com um preço de carbono de 100 euros e o Governo do Canadá já antecipou subidas anuais do custo do carbono para atingir quase 150 euros no final dos próximos nove anos, já a nível europeu as estimativas apontam para uma tonelada de carbono a custar 180 euros em 2030, mas pior do que isso há estudos anteriores, por parte do catedrático jubilado James K. Boyce, da universidade Massachusetts Amherst) onde se analisa um trabalho do Nobel Nordhaus, que apontam para a necessidade de valores do custo do dióxido de carbono muitíssimo superiores, num cenário de uma subida de temperatura de 2.5 ºC relativamente a níveis pré-industriais: "The price required to achieve the 2.5 °C maximum starts more than six times higher at about $230/mt CO2 in 2020, rising to about $1000 in 2050"