domingo, 29 de novembro de 2020

A desvalorização da Ciência (e da Engenharia) e a decadência da Humanidade

  

"De um cientista ou de um engenheiro, rapidamente diremos que “não faz mais do que as suas obrigações”, mas, de um poeta ou de um pintor, não hesitamos em classificar de genial a sua obra. E assim não deveria ser. O que uns milhares de cientistas fizeram, em menos de 12 meses, sob enorme pressão humanitária, merece o aplauso universal e é credor de admiração sem reservas"

A cristalina afirmação acima não é de nenhum cientista nem de nenhum engenheiro mas do conhecido António Barreto, ontem no jornal Público. Noto porém que ele se esqueceu de incluir os futebolistas junto aos poetas e pintores pois esses mais do que qualquer outro grupo é que possuem nos tempos que correm o monopólio da genialidade (e do correspondente salário estratosférico, milhares, dezenas de milhar, e até centenas de milhar de vezes superior ao de qualquer cientista ou engenheiro), como o falecido Maradona (que viveu como um Rei apesar de nada de extraordinário ter feito para o merecer), a quem recentemente não se pouparam infinitos elogios (inclusive que seria Deus), mesmo apesar do seu passado de consumo de drogas, tendo até deixado para a posteridade a frase "Eu era, sou e serei um viciado em drogas". Um vicio não só socialmente reprovado mas até mesmo criminalizado em vários países e que constitui um péssimo exemplo para as gerações mais jovens. Mas que importa isso se estamos a falar do Maradona, que alegadamente fez coisas absolutamente maravilhosas pela Humanidade, através dessa genial realização humana que é o chuto na bola, actividade que é muitissimo mais importante do que a descoberta de qualquer vacina, o que dificilmente não é um claro sinal da decadência da Humanidade, sendo especialmente irónica (e danosa) no contexto de uma catastrófica tragédia anunciada aqui (mas que antes disso até já tinha sido comentada no primeiro post deste blog) e cujas devastadoras evidências são maiores de ano para ano.


PS - A outra imagem acima, que faz companhia ao "Deus" Maradona, é de um individuo muitíssimo menos conhecido do que o Maradona, e que deve ter recebido ao longo de toda a sua vida de trabalho muitíssimo menos do que o Maradona recebeu num único mês, mas de quem se diz que, nunca houve ninguém cujo trabalho tivesse salvo tantas vidas.