O que dizer do facto de nas Universidades Públicas Portuguesas, ter havido há pouco tempo, largas centenas de concursos, aos quais só puderam concorrer aqueles candidatos que já estivessem na "casa" há pelo menos 10 anos (que parece ser o tempo necessário para se adquirir o estatuto de mobíliário nobre), mesmo que o seu currículo fosse muitíssimo inferior ao de outros possíveis candidatos da mesma "casa", que lá estivessem há 6, 7, 8 ou 9 anos ou de "outras casas" e até mesmo à hipótese extrema de haver algum cientista galardoado com um prémio Nobel, que quissesse trabalhar numa universidade Portuguesa e que pelas referidas regras nem sequer poderia atrever-se a participar no concurso ?
Será que isto é que é a legalização e cristalização da tal "burocracia cuidadosamente arquitetada para defender os interesses da mediocridade instalada" de que falou aquele conhecido cientista que ganhou o prémio Pessoa em 2018 (que agora no ranking Stanford 2020 é o cientista português com a segunda melhor classificação, o melhor classificado em termos absolutos é o conhecido catedrático António Damásio) ?
E de que forma é que as bizarras e incompreensíveis regras de recrutamento de professores, que determinam que a idade é um posto, exactamente como sucede nos fossilizados e acéfalos regulamentos das praxes académicas, em instituições financiadas pelos impostos dos Portugueses, trarão algum beneficio ao futuro de Portugal e dos Portugueses ?
PS - Compare-se a tal burocracia Portuguesa, acima descrita, com a forma como nos EUA selecionam professores em universidades de topo. Ou mesmo na Alemanha, vide descrição na secção II do artigo, pág 6, http://www.geaba.de/wp-content/uploads/2017/07/DP_17-22.pdf que é prova de um sistema de selecção extremamente competitivo, que não tem qualquer semelhança com aquilo que acontece no nosso pobre e endividado país. Não admira por isso que a Alemanha tenha 23 universidades no ranking das 100 mais inovadoras da Europa (ranking elaborado pela conhecida firma de nome Clarivate Analytics que é especialista em acertar em previsões de prémios Nobel), e onde até a Espanha tem 5 universidades, enquanto que Portugal tem zero e nos próximos anos vai continuar a ter zero. como bem se percebeu aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/foi-hoje-publicado-o-unico-ranking.html