segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Um cientista de ética muito rasteira e as Unidades de investigação com dinheiro em excesso

https://forbetterscience.com/2020/05/27/didier-raoult-fin-de-partie/


A pandemia Covid-19 tornou famoso um certo cientista Francês de nome Didier Raoult, vide post acima, o mesmo cientista cuja página na Wikipedia, dá conta que ele foi banido durante um certo período de tempo de submter artigos para as revistas da American Society for Microbiology e também o mesmo cientista do qual se diz que usa esquemas rasteiros para empolar o currículo "Raoult's extremely high publication rate results from his "attaching his name to nearly every paper that comes out of his institute",[29] a practice that has been called "grossly unethical". 

Aquilo que porém não se consegue saber na sua página da Wikipedia é que ele é o campeão mundial do número de artigos publicados nas revistas Plos One, revistas com um processo de revisão light, onde não há requisitos de inovação, mas onde é necessário pagar milhares de euros em APCs (article processing charges), o que resulta numa espécie de via verde de publicação para os investigadores de países ricos.

Uma consulta na base Scopus mostra que até ao momento há 2194 artigos na Plos One com afiliação Portuguesa, o que corresponde a vários milhões de euros de APCs. Desses dois milhares de artigos há 554 artigos que pertencem a autores da Universidade do Porto, sendo que uma análise ao rácio artigos na Plos One por docente ETI, também confirma que os investigadores daquela universidade são de longe aqueles que mais publicam nas revistas Plos One em Portugal. 

Há um outro rácio interessante que importa ter em conta, o rácio número de artigos nas revistas Plos One, por 100.000 habitantes que é 22 para Portugal e 24 para os Estados Unidos, ou seja um país pobre como é Portugal gasta proporcionalmente quase tantos milhões em APCs como um país rico como são os EUA (que tem um PIB/capita que é 270% superior ao de Portugal). Já a Grécia que possui um nível de riqueza similar ao de Portugal gasta metade em APCs, pois naquele país não há unidades de investigação com dinheiro em abundância para fazerem vida igual à que fazem os países ricos. E porque é que Portugal não gastou em APCs o mesmo que a Grécia e utilizou a restante verba para contratar jovens investigadores ?