Lilian Barros........................IPBragança
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De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 8 de Março de 2018 7:58
Assunto: Professor Emérito da universidade do Porto contra doutoramentos nos
politécnicos
https://www.publico.pt/2018/03/07/sociedade/opiniao/por-que-e-que-nao-devia-haver-doutoramentos-nos-institutos-politecnicos-1804471
Independentemente das motivações e razões que levam hoje o Professor Emérito
Pedro Guedes de Oliveira a ser contra o facto de poder passar a haver
doutoramentos nos politécnicos, escrevendo nomeadamente que não interessa nada
a competência científica daqueles, mas interessa somente a missão, esquecendo
que Portugal é Portugal e não outro qualquer país, que a missão a que ele se
refere só podia ser concretizada nos referidos termos, se tivéssemos por cá o
tecido empresarial da Alemanha ou de algum país Nórdico, que é também por causa disso
que não foi possível cumprir o RJIES em termos de número de especialistas,
vindo directamente da indústria para os Politécnicos, porque a indústria que
temos é uma indústria de muito baixa tecnologia, pretendendo também o ilustre
Colega acreditar que realidade é estática e esculpida na pedra e o país e os
seus representantes eleitos não pudessem fazer uma interpretação dinâmica
daquilo que melhor serve os interesses deste país, e esquecendo também e por
exemplo que o relatório da OCDE também criticou que houvesse universidades com
oferta académica na área dos politécnicos mas sobre isso anda tudo calado ou
que as universidades andem viciadas em investigação aplicada que não faz parte
da sua missão, porém a parte que me deixou bastante perplexo foi a comparação
que aquele fez com Volkswagens e Mercedes.
Em email de 18 de Novembro já tinha comentado e manifestado a minha
incredulidade com o facto de um artigo do Professor Emérito José Ponte da UALG,
a propósito de avaliação dos cursos, ter incluído uma comparação com a venda de
frigoríficos. Pode ser que as minhas limitações intelectuais me impeçam de
alcançar a pertinência e a amplitude das referidas comparações mas se no
segundo caso ainda se consegue perceber a intenção pretendida, mesmo que aquela
falhe redondamente no objectivo, já no primeiro caso não se entende de todo que
o seu autor não se tenha apercebido de quão desrespeitosa e até injuriosa é a
comparação que coloca os melhores Politécnicos ao nível de um Volkswagen e as
melhores universidades ao nível de um Mercedes. É uma óptima comparação se a
ideia era estigmatizar ainda mais os politécnicos e mesmo que não tenha sido (o
que é provável) não apaga o dano feito.
Teve toda a razão o Presidente da A3ES, quando disse há tempos, que houve
uma deriva académica por parte dos Politécnicos, mas essa é da
exclusiva responsabilidade dos Mercedes (perdão das Universidades) quando não
deixaram a muitos colegas outra opção que não fosse irem fazer carreira no
ensino politécnico, porque era impossível fazerem-na nas universidades, por causa
que naquelas se andaram a promover candidatos (em concursos de fachada,
palavras do Presidente da CNE) muito menos pela sua competência científica e
muito mais pela sua subserviência (palavras textuais de vários catedráticos). E
em virtude disso temos hoje Politécnicos com Highly Cited Researchers (que
constitui um dos critérios do ranking ARWU, o mais exigente que existe), que é
coisa que estranhamente a Universidade do Porto até hoje nunca conheceu entre
os seus Professores/Investigadores. Se a deriva académica deu a
Portugal aquilo que algumas universidades não foram capazes de dar então ainda
bem que houve essa deriva.