Um Português muito indignado fez-me chegar informações oficiais, sobre um muito recente concurso para um lugar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com vista à contratação de 1 doutorado (vencimento 3201,39 €), para a unidade de investigação Cintesis, concurso esse no qual curiosamente não interessam para rigorosamente nada as actividades de investigação desenvolvidas pelos candidatos e bem assim a sua produção científica:
Critérios e fatores de ponderação da avaliação curricular:
a) Doutoramento em Psicologia da Saúde
b) Formação complementar em Gestão de Projetos
c) Experiência no apoio à submissão de projetos de investigação nas áreas das Ciências da Vida e da Saúde
d) Experiência na coordenação de equipas de gestão científica
e) Experiência na avaliação de projetos financiados por organizações internacionais
a) Doutoramento em Psicologia da Saúde
b) Formação complementar em Gestão de Projetos
c) Experiência no apoio à submissão de projetos de investigação nas áreas das Ciências da Vida e da Saúde
d) Experiência na coordenação de equipas de gestão científica
e) Experiência na avaliação de projetos financiados por organizações internacionais
A este concurso apresentaram-se 8 concorrentes. Sete candidatos foram excluidos (incluindo uma candidata com 125 publicações indexadas) porque segundo o júri (constituído pelos senhores professores doutores, Presidente Altamiro Costa Pereira e Vogais Armando Cardoso, Lia Fernandes e João Fonseca) não tinham experiência na gestão e comunicação da ciência. O único candidato que sobrou é um feliz titular de um crucial doutoramento em Psicologia da Saúde e ainda de uma produção cientifica de 2 publicações Scopus e 2 citações.
Porque será que um doutoramento em Psicologia da Saúde é crucial para uma unidade que investiga na área da medicina preventiva e um doutoramento em qualquer outra área de medicina não é ? Trata-se de um facto curioso, tão curioso quanto a informação sobre a portentosa equipa de gestão deste unidade de investigação, onde trabalham 9 pessoas, sendo que o Executive Manager é por uma feliz coincidência, o tal candidato único que sobrou no concurso supracitado e que já exercia essas funções desde 2012:
1 - Executive Manager
1 - Research Manager
2 - Financial Managers
1- Innovation & TT Manager
1 - Media Relations Specialist
1 - Communication Manager
1 - Digital Marketing Manager
1 - Office Manager & Translator
Será compreensível que ao mesmo tempo que há unidades que recebem um financiamento inferior a 100.000 euros por ano, para fazerem investigação, haja outras que só com a "equipa de gestão" gastam mais de 250.000 euros por ano e isso ainda por cima quando lá fora dizem que o futuro passa pela redução dos cargos de gestão ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/the-economistprimeiro-e-preciso-demitir.html
E será provável que enquanto se andarem a contratar investigadores, com duas publicações indexadas e duas citações para fazer essa coisa importantissima que é a gestão da ciência, em detrimento de outros com uma obra científica muitssimo superior, como a tal candidata que possui 125 publicações indexadas (um valor superior ao da produção científica de muitos professores catedráticos da Universidade do Porto), para fazerem investigação com impacto, a ciência Portuguesa irá conseguir ultrapassar a do Chipre ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/stanford-universityupdated-ranking-of_7.html