Tendo há
algum tempo atrás malhado no Daniel Oliveira por conta das suas infelizes
declarações sobre o PAN no post intitulado “O PAN é mais perigoso do que o
Estado Islâmico, o ébola e o antrax....todos juntos” devo agora por uma
questão de justiça avaliar positivamente o seu recente comentário que leva o
título “Quando os militares mandam nos políticos” e de que abaixo reproduzo um
pequeno extracto:
“...Temos um ministro que em vez
de acautelar os interesses do país e o respeito pela dignidade do Estado fica às
ordens dos interesses de uma corporação, mesmo que ilegítimos ou até
criminosos. Para esta inversão das coisas contribui o discurso dominante
que apouca o poder simbólico dos políticos eleitos e agiganta a “dignidade das
Forças Armadas”, como se ela estivesse acima do Estado democrático..”
Sobre
este mesmo tema também o Carlos Fiolhais escreveu ontem no Público,
assim
cumprindo um dever enunciado em 1967 aqui https://chomsky.info/19670223/ pelo
Noam Chomsky, dever esse que manda dizer a verdade ao poder, qualquer
poder.
Nenhum
dos dois porém teve tempo e espaço para também mencionarem a pouca vergonha de
que se deu conta no link:https://www.publico.pt/2019/01/23/sociedade/noticia/militar-arrependido-suspeita-generais-envolvidos-corrupcao-messes-1859047 a
qual ajuda a contextualizar o problema num cenário mais amplo de degradação de
valores e já agora também o caso do inacreditável General que costuma escrever
no semanário Sol e que há alguns meses atrás escreveu o impensável:
“Sou
contra a ideia republicana de "um cidadão, um voto"; sou a favor da
ideia de que um cidadão deve dispor de um número de votos correspondente ao
montante de impostos que paga"
Uma ideia
bizarra que significaria que a Srª Amorim (e outros de igual fortuna) teria
direito a milhões de votos, significando isso que aqueles milhões de
Portugueses que pagam poucos impostos seriam assim cidadãos de segunda
categoria e também que os muitos Portugueses que não pagam impostos seriam
nesse contexto cidadãos de quarta, quinta ou sexta categorias, enfim, quase
sub-humanos. A bizarra “ideia” torna desde logo evidente que o
Sr. General não concorda com o teor do Artº10 da Constituição da
República, que fala do sufrágio universal e igual, a mesma que ele
jurou cumprir e defender mesmo que com risco da própria vida:
"Juro, como português e como militar, guardar e fazer guardar a Constituição e as leis da República...mesmo com o sacrifício da própria vida."
"Juro, como português e como militar, guardar e fazer guardar a Constituição e as leis da República...mesmo com o sacrifício da própria vida."
juramento
que como agora se percebe fez contrariado, pois por sua vontade já a teria
alterado, pelos menos na parte dos impostos. E a péssima verdade é que este
militar não está sozinho pois já se sabe que muitos deles, como por exemplo
aqueles envolvidos na pouca-vergonha de Tancos também não gostam nada desta
Constituição (a mesma que juraram cumprir e defender ainda que com risco da
própria vida) e prefeririam claramente uma outra que lhes desse carta-branca
para agirem como agiram à semelhança do que acontece em países da América
Latina.
P.S – a
revista Sábado informa em pormenor que o Director do DCIAP não permitiu que os
Procuradores do processo, que é aquela vergonha nacional e internacional (os
Espanhóis têm-se divertido bastante com o caso) de Tancos fizessem perguntas ao
Presidente da República e ao Primeiro-Ministro. Nada de chocante nesta parte
porque ele saberá porque decidiu como decidiu e os especialistas de Direito
Penal não demorarão a julgar se a decisão está conforme com a Lei. Porém
entendo como inadmissível e até escabroso que o Director do DCIAP tenha
fundamentado a decisão utilizando doutrina e jurisprudência de 1931 a 1939,
saída da pena de um fascistazito grande amigo do Salazar e Presidente da
Assembleia Nacional, não em uma, não em duas mas durante três legislaturas. Um
bandalho de papel passado, que aproveitou à grande e à Francesa a amizade com o
Salazar, quando ao mesmo tempo, outros na academia pagaram com grave prejuízo
da sua vida profissional e pessoal, terem-se recusado a lamber o cú ao
Salazar. Será que na
Alemanha a justiça ainda hoje continua a fundamentar decisões com base na
jurisprudência produzida pelos amigos académicos do Hitler que ocuparam
posições de topo na hierarquia nazi ?