Depois de há tempos atrás ter louvado uma iniciativa pontual do partido
iniciativa liberal (link acima) não posso agora deixar de repudiar um artigo hoje no jornal Público em que Carlos Guimarães Pinto, Presidente daquele partido (auto-retrato acima
em que aquele sonha com o Estado mínimo) desenvolve uma ingénua (e até pouco inteligente) tese sobre
inveja e bolos que crescem e diminuem, artigo esse que a única coisa que faz é
mostrar a profunda ignorância do seu autor sobre o funcionamento de uma
sociedade.
Sr.
Presidente do Iniciativa Liberal, por favor, deixe de ler literatura de cordel
e informe-se sobre o que é que realmente contribui para uma sociedade mais
coesiva.
Sr. Presidente do Iniciativa Liberal, não, não é verdade que os campeões
liberais adorem o mérito e quem explicou bem a coisa foi o bilionário Peter Thiel que escreveu "competition
is for loosers" (leia-se, nós queremos é monopólios e mais vale pagar a
políticos para ter baixos impostos do que ter que competir num mercado
onde vale a lei da selva)
Sr.
Presidente do Iniciativa Liberal, não, não é verdade que numa putativa
sociedade meritocrática, o filho de uma prostituta e de um traficante ou
toxicodepente algum dia terá as mesmas oportunidades que os filhos do Sr.
Trump ou será diplomata e muito menos juiz do Supremo e quem explicou
bem a coisa foi o Nobel Stiglitz:
"the hypocrisy of America’s claim to be a land of opportunity: Yes, anyone can get ahead, so long as they are born
of rich, white parents"
Irónicamente é a própria Forbes que faz questão
de reconhecer a desgraçada realidade da pátria da meritocracia:
“...For children born in the 1940s, more than 90
percent were earning more than their parents. Today, that number has dropped to 50 percent... The chart below
shows the average probability that a child in a particular birth cohort will
attain higher education credentials than their parents. In the 1940s, the
average probability was close to 70 percent. For the 1980s cohort, that number has dropped to below 45 percent.
Sr. Presidente do Iniciativa Liberal, um último comentário, eu não queria
ser desmancha prazeres, mas a sua maravilhosa teoria do crescimento (infinito), enquanto
solução para tudo e mais umas botas, talvez fizesse sentido há 200 ou 100 anos
atrás, agora faz muito pouco sentido no contexto de uma realidade que chocou de frente com os limites físicos e ecológicos do Planeta e que implica que os países ricos tenham de reduzir de forma drástica o seu conforto https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/is-it-possible-to-achieve-good-life-for.html