sexta-feira, 26 de junho de 2020

Infames luxos salariais



A revista Sábado desta semana resolveu ir escarafunchar o Banco de Portugal e resumidamente informou os seus leitores que o senhor Governador do Banco de Portugal ganha quase 240.000 euros por ano, um valor que é equivalente a 16 salários médios. Comparando esse valor com aquilo que ganham outros Governadores de Bancos por essa Europa, descobre-se que logo o de Portugal é o mais bem pago entre 10 países europeus e o da Irlanda é o que ganha pior. Este facto suscita desde logo a dúvida de se saber se faz algum sentido que logo no país onde o banca fez desaparecer 20.000 milhões euros, perante a cegueira do Banco de Portugal, que como prémio o nosso Governador seja logo aquele que ganha mais ? 

Informou também a Sábado que os quase 1800 trabalhadores do Banco de Portugal recebem um salário médio de 6000 euros, que é para fazerem um trabalho de excelência como se tem visto nos últimos anos na forma como não impediram a banca de fazer desaparecer 20.000 milhões euros. 

Porém e para manter os trabalhores bastante motivados, já que um salário médio de 6000 euros pode não ser suficiente, o Banco de Portugal oferece-lhes ainda a possibilidade de contraírem empréstimos a uma generosa taxa de apenas "65% da taxa praticada pelo BCE (sem spread)" o que se traduz num beneficio de largas dezenas de milhares de euros, se por exemplo esse funcionário fosse pedir um empréstimo à banca comercial para comprar casa. 

Como porém isto ainda não é suficiente para motivar os trabalhadores daquela instituição os mesmos tem ainda direito a uma fórmula especial de cálculo da pensão que em termos práticos faz com que se aposentem com uma pensão de valor quase igual ao último salário, algo muito muito diferente daquilo que sucede com os restantes trabalhadores deste país. 

E os factos acima relatados ajudam por isso a explicar porque é que algumas pessoas que não tem formação em economia ou finanças, nem sequer em advocacia conseguiram um contrato no Banco de Portugal (um "tacho") como a tal senhora, mulher do engenheiro-mineiro maravilha, habilitada com um diploma de serviço social, formação crucial para se trabalhar no Banco de Portugal ou a tal jornalista espertalhona Paula Rita Tamagnini, que antes já tinha comentado aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/04/unovatese-de-doutoramento-sobre.html

E acima nem sequer referi o facto de apesar de ter muitos funcionários com um diploma de Direito o Banco de Portugal todos os anos gastar milhões de euros em advogados externos (!!!!)  ou o dinheiro gasto pelo Banco de Portugal em viaturas ou na festa anual que custa mais de 50.000 euros (para manter os funcionários motivados) e na quinta da Fonte Santa (imagem acima onde se pode ver o palacete da dita) que o Banco de Portugal comprou, que tem courts de ténis, duas piscinas e um picadeiro, que é para distrair os funcionários nos seus tempos livres e assim não haja risco de desmoralizarem perante o seu dificílimo trabalho de policiarem a banca !

Mas se o Banco de Portugal não tem nenhuma máquina de fazer dinheiro de onde lhe vem a abundância ? A explicação não é simples e passa em grande parte pela compra de divida que rende juros, mas no final tudo se resume a um simples facto, essa abundância de juros sai do bolso de alguém, que trabalha e paga impostos, e portanto não é do bolso daqueles Portugueses que tem mais de 45.000 milhões de euros em off-shores. 

Mas como o Banco de Portugal está obrigado a pagar dividendos e IRS sobre os seus lucros quanto mais gastar com os seus funcionários menos lucros tem e logo menos paga à República Portuguesa, ou seja, as benesses que andam a ser dadas aos funcionários do Banco Portugal significam menos dinheiro para coisas essenciais como despesas da saúde e portanto se não há aumentos para enfermeiros isso também se deve ao facto de alguém ter decidido que era preferível pagar salários médios de 6000 euros no Banco de Portugal, e também gastar milhões de euros em advogados externos, como se os advogados que o Banco de Portugal tem nos quadros só servissem para receber um generoso vencimento. Percebe-se assim que muito embora a antiga aristocracia tenha sido obrigada, à bala, a deixar de parasitar os Portugueses depressa apareceu uma nova para a substituir !