sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Uma semana de trabalho académica de 100 horas ?

https://www.timeshighereducation.com/features/should-you-be-working-100-hours-week

 A académica de que se fala no recente artigo acima, de certeza absoluta, que não deve ter ficado nada contente com o artigo do jubilado de Literatura Inglesa, que escreveu que na Academia Americana se trabalha muito pouco, pretendendo dizer com isso que ganhou muito mais do que aquilo para que tinha trabalhado, por outras palavras, teve uma vida muito mansa na academia e deixando no ar a suspeita que isso não sucedia só com ele https://www.timeshighereducation.com/news/outrage-over-professors-claim-us-academy-sweet-racket sendo porém certo que um académico que ao fim de uma carreira académica tem apenas 2 (duas) publicações indexadas na Scopus...mas quem sabe talvez a área científica da literatura seja um mundo à parte !

Contudo uma coisa parece ser absolutamente certa, aqueles Académicos que se suicidaram (vide post abaixo) não foi por conta de terem usufruído de uma vida mansa na academia ! https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/imperial-collegegreat-scientists-leave.html  e se é certo que na academia existem de facto elevadas diferenças entre os volumes de trabalho de diferentes áreas científicas, essas diferenças podem ser mitigadas por uma remuneração variável (como existe nos EUA e até China) mas curiosamente inexiste em Portugal, onde um catedrático sem qualquer actividade científica (actividade que de acordo com o ECDU é o primeiro dever de um académico antes mesmo da docência) recebe rigorosamente o mesmo que um outro que seja Editor-Chefe de uma revista internacional, orientador de vários alunos de doutoramento e ainda coordenador de projectos de investigação. 

 Neste contexto sou a reproduzir abaixo uma proposta que fiz em email de Dezembro de 2018:

“Tendo em conta que para o mesmo PIB/capita ou paridade de poder de compra os vencimentos dos docentes do ensino superior em Portugal são bastante inferiores aos equivalentes em vários países europeus contra os quais os nacionais tem de competir por verbas de investigação. Tendo em conta o estrangulamento comentado no email abaixo sobre o facto de na academia Portuguesa inexistir um sistema efectivo para premiar o mérito, tendo também em conta que esse facto faz com que a carreira universitária seja prejudicada quando comparada com a carreira dos professores do secundário, tendo ainda em conta que as universidades andam obcecadas por projectos para poderem sustentar-se à conta dos overheads e tendo principalmente em conta que algumas poucas unidades de investigação já conseguiram que a sua universidade aceitasse prescindir de parte substancial dos overheads para que os mesmos possam ser geridos pelo investigador responsável do projecto é possível ir mais longe exigindo que metade dos overheads dos projectos sejam pagos em forma de prémio salarial ao investigador responsável”