sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Citações no biénio 2018 e 2019___decepcionante resultado da ULisboa e a boa safra da UBI

Tendo em conta que o calcanhar de Aquiles da ciência Portuguesa é o baixo nível de citações onde Portugal não consegue sequer competir com a Grécia, segue abaixo o resultado de um levantamento na base Scopus para as publicações no grupo Top 1% mais citadas produzidas em 2018 e 2019.

UPorto........................0.086 pub. Top1%/docente ETI
UAveiro......................0.070
ULisboa......................0.057
UBI.............................0.048
UNova........................0.042
UMinho/UCoimbra......0.035
UAçores/UMadeira.....0.034
UAlgarve.....................0.032
UTAD..........................0.020
UÉvora........................0.017

P.S - Não foram contabilizadas as publicações da subárea “Physics and Astronomy” para evitar aquelas com vários milhares de co-autores produzidas no CERN.

Compare-se a lista acima com aquela abaixo relativa às universidades com maior número de unidades, que vão receber mais de 1.5 milhões de euros, por conta da avaliação das unidades de investigação. Há aqui qualquer coisa que não parece bater certo ou então este é o belo resultado de uma avaliação com métricas proibidas em sede de regulamento ! 

ULisboa.........27 unidades

UPorto...........17
UNova............16
UCoimbra........8
UMinho............6
UAveiro............5
UEvora.............2
UAçores...........1
UALG...............1
UTAD...............1

Tentando explicar a referida avaliação o Carlos Fiolhais escreveu num artigo de 4 de Julho de 2019 que "os painéis revelaram padrões de exigência bastante díspares,..Assim, uns ficaram filhos e outros enteados", curiosamente e por um estranho mistério os enteados são na sua maioria de fora de Lisboa. Já eu um dia antes, a 3 de Julho escrevi outras coisas como por exemplo:

“o processo de avaliação pode ter sido transparente como ela alega, mas isso infelizmente não fez dele um processo rigoroso nem muito menos justo. Há unidades que de boa-fé seguiram o regulamento e não apresentaram métricas, confiando que os avaliadores iam ler as tais famosas publicações representativas, contudo houve unidades que encheram os seus relatórios com métricas (escolhidas a dedo pois ninguém gosta de mostrar misérias) apesar de terem sido desaconselhadas pelo regulamento de fazer tal e em consequência dessa dupla atuação houve muitas das primeiras que foram prejudicadas pelos avaliadores pela falta de métricas e também muitas das ultimas que foram beneficiadas pela importância que os avaliadores atribuíram às tais métricas. Houve assim cumpridores prejudicados e incumpridores beneficiados... Tenha-se presente que esta aposta malsã em equipas anormalmente volumosas prejudica a disrupção científica que mostra que a melhor ciência ocorre mais frequentemente em equipas de menor dimensão "smaller teams have tended to disrupt science and technology with new ideas and opportunities" https://www.nature.com/articles/s41586-019-0941-9 mas pior do que isso favorece um gravíssimo entorse da integridade cientifica, pois é nas anormalmente volumosas equipas (grandes fábricas de artigos) que se encontram aqueles de que falou de forma pouco muito pouco abonatória, há menos de um ano, um conhecido Catedrático da universidade de Stanford https://www.nature.com/articles/d41586-018-06185-8