sábado, 26 de setembro de 2020

O bilionário Português e o Parlamento amigo de burlões, vigaristas e corruptos


https://www.publico.pt/2020/09/22/opiniao/opiniao/falemos-entao-deputada-hortense-1932356

De uma certa forma não deveria constituir surpresa aquilo que recentemente indignou o país, sobre a espertalhona deputada de Castelo Branco, vide artigo acima. Porque aquilo é basicamente apenas o resultado de uma infame reforma penal já referida aqui, https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/consequencias-da-vergonhosa-reforma.html a qual até permite coisas muito piores, do que o referido caso da deputada Hortense, pois permite inclusive e como lembrou o Presidente do sindicato dos juízes, que alguém que tenha sido condenado por actos de tortura com eletrochoques ou até que mate alguém em contexto de violência doméstica, possa receber uma pena suspensa e ir descansadamente à sua vida. Da mesma forma que também já tinha permitido há poucos meses, que aquele vigarista que meteu 80 milhões de euros ao bolso se conseguisse safar da cadeia https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/os-deputados-que-ajudaram-o-burlao-que.html

O que é absolutamente incompreensível é que a referida reforma penal tenha sido aprovada descansadamente na Assembleia da República durante a desgraçada Governação do senhor Sócrates, tendo sido a melhor noticia que aqueles que vivem da corrução e das burlas algum dia podiam ter recebidosem que na altura tenha havido um terremoto politico, que levasse a algo parecido com aquilo que aconteceu em Novembro de 1975, quando milhares de Portugueses cercaram a Assembleia e os senhores deputados foram impedidos de sair da mesma durante 36 horas https://app.parlamento.pt/comunicar/Artigo.aspx?ID=559&IDSubTitulo=340 

Quase parece por isso que de 1975 para cá os Portugueses foram anestesiados (através de doses cavalares de discussões sobre bola e mais recentemente através do passatempo de seguirem pseudoamigos e "famosos" no Facebook e Instagram, sejam eles adultos espaventosos, criancinhas de elevado rendimento ou animais famosos) ou então nem sequer ainda hoje compreenderam aquilo que andou a ser aprovado na Assembleia da República e cujas consequências só agora se começam a perceber em toda a sua extensão. Pena é assim, que um país anestesiado já não seja capaz de voltar a cercar a Assembleia da República, pelo menos até que os senhores deputados revogassem a referida desgraça penal. Os senhores deputados podem assim continuar o seu nobre oficio de ir aprovando leis e leizinhas para se irem bem governando na mais completa impunidade, ao mesmo tempo que (como fez a deputada Hortense) se vão desdobrando em inúmeras iniciativas empresariais ou não tão empresariais, mas igualmente muito rendosas.

PS - O jornal Público publica hoje uma entrevista ao bilionário Português José Neves, que recentemente foi noticia, por doar a maior parte da sua fortuna a uma Fundação, abaixo um extracto de uma das suas frases: Quando olhamos para países como a Suécia, por exemplo, com uma população semelhante, sem recursos naturais e periféricos, vemos que conseguiram grandes níveis de desenvolvimento humano, através de uma sociedade que se voltou para o conhecimento. É uma ideia muito poderosa”. O que infelizmente o referido bilionário entrevistado não disse é que na Suécia não existe um Parlamento a aprovar leis que fazem a felicidade de corruptos e burlões. Acresce ainda que uma sociedade assente no conhecimento é uma sociedade que produz e valoriza cientistas, o que bem se percebe pelo facto da Suécia gastar em investigação, per capita, 500% a mais do que Portugal, não é uma sociedade que produz advogados a um ritmo patológico, como faz o nosso país, que possui muito mais advogados do que a Suécia e que ainda por cima, para piorar o panorama, gasta com eles muito mais do que paga aos cientistas e a outras profissões muito mais importantes para o desenvolvimento de Portugal.