Em artigo hoje no jornal Público o Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna-SPMI disserta sobre as causas da violência contra os médicos, as quais segundo ele se resumem a algo que ele apelida de "degradação social" que logo tipifica da forma simplista que se segue:
"Na televisão, a vulgaridade é catapultada ao estrelato. Todos acreditam que o estatuto social se mede pelos bens, que se exibem sem despudor. A inteligência é confundida com a esperteza. Ninguém lê um livro ou dá valor a um intelectual"
Reconhecer que com a situação de emprego total que existe na área da medicina isso significa que todos os médicos estão a trabalhar, tanto os excelentes, os medianos e também os maus é coisa que ele não faz. Reconhecer que para além dos médicos criminosos mencionados aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/a-mafia-da-medicina.html também há médicos que não têm um mínimo de empatia para lidar com pessoas muito menos com pessoas fragilizadas também é coisa que ele não têm a humildade suficiente para fazer.
Reprovando obviamente a violência contra os médicos, que constitui um caso de policia que cabe à justiça julgar e punir (não deixando de reputar como curiosa a sugestão feita no artigo pelo Presidente da SPMI para obrigar os agressores a estarem várias horas numa esquadra a reflectir pois também se deveria exigir ao médicos criminosos que também passassem igual número de horas numa esquadra a reflectir) não posso deixar de recordar que alguém da minha família, me ter dito que provavelmente não haveria nenhum adulto neste país que não tivesse uma vez na vida, ao entrar num hospital sido atendido por um médico arrogante (sendo que curiosa e muito hipocritamente esse mesmo médico trata de forma bastante mais simpática quem o procura no seu consultório particular).
E que tal os cursos de medicina em Portugal terem uma ou até duas unidades curriculares para que os médicos possam aprender qual a forma correcta de falarem com pessoas com a saúde fragilizada ?
E que tal os cursos de medicina em Portugal avaliarem se os candidatos à profissão de médico, além da prova de conhecimentos feita pela aprovação em todas as unidades curriculares, ainda tivessem que provar que estão naquele curso pelas razões certas e não pelas razões erradas como estão os tais médicos criminosos acima referidos ?
Por fim registo como muito estranho que o Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna tenha sido tão rápido a concluir sobre quais são as causas da violência contra os médicos em Portugal, sem sequer se ter dado ao trabalho (e à obrigação enquanto Professor Associado) de primeiro ir analisar se Portugal é o país onde o fenómeno é particularmente grave ou se afinal a violência contra médicos é rotineira em muitos outros países. E de facto os links abaixo permitem constatar que por exemplo nos EUA e no Reino Unido, a percentagem de médicos que foram objecto de agressão física ou ameaças é muitíssimo superior à que ocorre em Portugal