quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

"Modos de vida que as populações não aceitam, não compreendem e, no limite não querem"


https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/a-jovem-thunberg-e-solidariedade_12.html

a frase que dá título a este post saiu recentemente da pena de um dos Sportinguistas mencionados no post acima, Henrique Monteiro,  e vinha novamente no contexto de comentários sobre a jovem Thunberg, dizendo que pretender reduzir o nível de conforto dos países ricos é coisa típica de comunistas, fascistas e tiranos. 

Só se esqueceu que as ditas populações também "não aceitam, não compreendem e, no limite não querem" pagar impostos não sendo isso suficiente para legitimar como tirano, o Estado que os torna obrigatórios, sob pena de prisão, até porque os países com as menores taxas de impostos (excluindo alguns pequenos paraísos fiscais) no Planeta são estados falhados como a Somália.  Mas é claro que se entende perfeitamente que o referido Sportinguista, Henrique Monteiro, titular de um estatuto sócio-económico de classe média alta, conviva alegremente com esse sofrimento e que aquilo que o perturba verdadeiramente (e o faz sofrer) são os resultados da equipa de futebol do Sporting. 

Aquilo de que estamos realmente a falar é que o conforto de uns tem como reverso o sofrimento de outros, com a particularidade dos primeiros serem muitíssimo menos do que os segundos o que no limite legitima acções retaliatórias dos segundos contra a infraestrutura que sustenta o conforto dos primeiros https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/are-third-world-countries-entitled-to.html

E é por isso importante que nos países ricos se comece a ensinar às criancinhas que haverá três coisas garantidas no futuro delas: menos conforto (a bem ou a mal), um Planeta em emergência ambiental e uma semana de trabalho de apenas 15 horas (Keynes dixit embora ele nem sequer estivesse a ter em conta os efeitos da inteligência artificial). 

Nem de propósito o conhecido catedrático Filipe Duarte Santos da Universidade de Lisboa, especialista na área das alterações climáticas, veio dizer que ao ritmo a que vão as coisas já se perspectiva no horizonte um aumento da temperatura na ordem dos 4 graus celsius. Uma narrativa não muito diferente desta outra  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/e-crucial-que-de-uma-vez-por-todas-nos.html  e que torna anacrónicos e até inúteis os esforços referidos aqui 

Muito pior é a noticia ontem aqui https://www.publico.pt/2020/01/13/ciencia/noticia/oceanos-tao-quentes-historia-humana-2019-aumento-temperatura-acelerar-1900172 ou em versão mais assustadora aqui https://futurism.com/scientists-ocean-warming-rate-five-a-bombs-per-second  que dão conta que já não é possível parar nem o número nem a intensidade de furacões futuros por conta do excesso de energia já absorvido pelos Oceanos nem muito menos a subida do nível do mar associada à componente de dilatação, que representa quase 40% da referida subida. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/naturenew-data-triple-estimates-of.html