terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O hacker Rui Pinto, a tortura e o asco do advogado estrela




Ainda na sequência do post no link acima e agora que se sabe que o maior criminoso Português de todos os tempos foi o denunciante do Luanda Leaks é interessante ler no Público o artigo de uma Procuradora da República com o sugestivo título "Leaks: tudo como dantes? Nada a mudar no Direito?" 

Contudo parece que ela não sabe ou não se lembra que aquele advogado de ilustres figuras (uma entrevista no Observador em 2018 designava-o como advogado dos poderosos, já o Público chama-lhe estrela da advocacia) como o Ex-Vice Presidente de Angola, Manuel Vicente naquele processo em que um tribunal condenou em primeira instância o Procurador Orlando Figueira por corrupção, também advogado do Ex-Presidente dos Registo e Notariado (que o Observador designou por “cabecilha” de uma “rede” de corrupção no Estado), e o mesmo que disse que o processo do banco BES vai durar 50 anos https://visao.sapo.pt/ideias/2019-12-07-rui-patricio-no-caso-bes-temos-ali-processo-para-50-anos/  (comprovando dessa forma que o Direito Português é uma autêntica vergonha internacional) e também o mesmo genial advogado que escreveu há um ano atrás, mais concretamente em 26 de Janeiro de 2019, no semanário Sol uma prosa profética através da qual enviou um solene aviso à nação, afirmando sem margem para qualquer dúvida que vem ai o Apocalipse caso a justiça seja branda e aceite a colaboração de hackers como o Rui Pinto. Escreveu na altura o ilustre e estrelado penalista que isso será a antecâmara da "tortura na obtenção de confissões". 

Pessoalmente entendo que as previsões deste Nostradamus da advocacia só podem significar uma de duas coisas, ou ele acha que os leitores do semanário Sol são mentalmente diminuídos para lhe engolirem uma tal profética mixórdia ou que a coisa se começa a complicar para os lados dos famosos penalistas deste país. Só isso permite explicar que não contente com as suas profecias a referida estrela da advocacia ainda tenha dito noutra ocasião e sobre o mesmo assunto que lhe causava asco. 

O que a mim me causa asco porém é que alguém pague as suas despesas pessoais (alimentação, vestuário, prestações da casa etc etc) com honorários cobrados a Angolanos como o supra referido Manuel Vicente que se tornou milionário num países onde milhões de pessoas vivem na miséria mais abjecta, sem que algum dia tivesse ganho o euromilhões nem exercido nenhum cargo daqueles que pagam milhões e que foi acusado pelo Ministério Público Português de crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, não tendo sido julgado em Portugal porque como todos os Portugueses sabem os autos transitaram para Angola. 

Aliás isto leva-me a colocar a seguinte e muito pertinente questão, baseada no famoso caso, do rapto do bebé Charles Lindbergh Jr. à luz da realidade do século XXI. Imaginemos um individuo que sequestra um bebé de uma família fabulosamente rica e que exige um resgate de muitos milhões e que após recebido o resgate mata esse bebé, a seguir coloca o dinheiro em várias off-shores, em nome de vários amigos e vai durante vários anos usufruir do referido resgate viajando pelo mundo e comendo e bebendo do melhor que o dinheiro pode pagar, até que eventualmente venha a ser apanhado pela policia. Merecendo obviamente a constitucional defesa por parte de um excelente penalista pago a peso de ouro, não deveria o referido advogado fazer a defesa deste canalha a título pro bono, para dessa forma não receber como pagamento dinheiro manchado de sangue ?