terça-feira, 6 de outubro de 2020

O cientista-olheiro, as equipas científicas e o jornalismo incompetente



Ainda sobre a entrevista mencionada no post acima, feita por um incompetente jornalista do Expresso à catedrática Elvira Fortunato entendo importante chamar a atenção para a parte em que ela diz que "somos um bocado olheiros, temos de andar à procura de talentos"

Desde logo será que faz algum sentido comparar o futebol com a Ciência ? E se um olheiro, na acepção clássica do tema é alguém que, está ao serviço de um clube de futebol e tenta descobrir talentos futebolísticos para esse clube lucrar milhões então será que um olheiro-cientista é alguém que tenta descobrir jovens cientistas talentosos para também obter "grandes lucros" com eles ? Mas será legitimo que um cientista sénior possa obter "grandes lucros" (leia-se ganhar um grande prémio) a partir dos talentos de um jovem cientista ? Pois se é mais ou menos evidente que as relações Orientador-Orientando, são claras em termos de alguns benefícios de parte a parte (embora também haja excepções e casos de Orientadores que se revelaram parasitas) quando um Académico Orienta 4 ou 5 alunos de doutoramento já é porém muito diferente quando esse mesmo académico orienta dezenas de alunos e ainda dirige (ou "possui") uma equipa de 100 ou 200 jovens investigadores ! 

Num artigo publicado na revista Harvard Law Review em 2019 com o sugestivo título de "Research:When Small Teams Are Better Than Big Ones" aparece citada uma frase do Jeff Bezzos "If you can’t feed a team with two pizzas, it’s too large.”, provavelmente também as equipas da ciência deviam ser consideradas demasiado grandes se consumissem mais de duas pizzas. 

PS – A referência feita no inicio deste post à incompetência do jornalista Virgílio Azevedo, está relacionada com o facto da competência jornalistica exigir o preenchimento de dois requisitos fundamentais, o rigor (inexistente em vários artigos deste jornalista onde em pelo menos dois apareceram números falsos) e a capacidade de fazer perguntas difíceis, que ele já revelou não possuir em anterior entrevista ao Ministro Heitor (que eu denunciei na altura) e também na presente entrevista à catedrática Elvira Fortunato a quem ele muito oportunamente se esqueceu de perguntar:

1 - Será que o facto da Universidade Nova não ter conseguido subir no ranking Shanghai, (um ranking que mede a produção e o impacto científico) nem sequer ter conseguido manter-se no Top 500, mas ter afinal descido, estando agora abaixo de universidades do Paquistão e do Irãonão significa que a catedrática Elvira Fortunato, falhou (leia-se foi muito pouco excelente) no seu mandato de Vice-Reitora, responsável pela área da investigação ?

2 - Será que o facto da catedrática Elvira Fortunato apresentar no seu perfil da plataforma Publons Clarivate, zero revisões confirmadas, significa que discorda da actual Secretária de Estado Isabel Ferreira quando ela diz que essa actividade é não só essencial como uma obrigação ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/cientistas-virgens.html