sábado, 31 de outubro de 2020

O Miguel Sousa Tavares na versão cobarde


Já tinha lido o Sousa Tavares em diferentes versões, por exemplo na versão ignorante quando em Janeiro de 2017 achou boa ideia avacalhar o trabalho dos investigadores Portugueses   na versão idiota quando em Junho de 2019 classificou o PAN como um partido totalitário, ou mais recentemente em Janeiro deste ano na versão esclerosadamas ainda não o tinha lido na versão cobarde, com que ele hoje abrilhanta a sua crónica no Expresso, onde escreveu que aquilo que a revista Charlie Hebdo faz (com as suas caricaturas) é uma "ofensa às crenças religiosas alheias" ou dito de outro modo, a revista Charlie Hebdo incorre no crime da blasfémia e portanto o melhor que tem a fazer seria evitar produzir caricaturas blasfemas

Não lhe ocorreu dizer que na República, as ofensas quaisquer que elas sejam, contra civis ou religiosos, são julgadas em tribunais da República, por juízes da República, segundo um código penal laico e não como exigem os islamitas radicais, segundo livros religiosos escritos há milhares de anos atrás.  

Em Portugal já tivemos um regime parecido aquele que os Islamitas radicais querem impor em França (e se possível em toda a Europa) e nessa altura a famosa Inquisição Portuguesa também dizia que a blasfémia era um dos piores crimes que se poderiam cometer, razão porque entre os muitos Portugueses que torturaram também mandaram açoitar um garoto de nome Manuel, com 9 anos de idade na região de Évora, uma pena que até foi muitíssimo leve, pois o Santíssimo tribunal que avaliou o caso, concluiu que o garoto não percebeu o significado da blasfémia que lhe saiu da boca, pois caso contrário a pena seria muitíssima mais severa  https://periodicos.ufmg.br/index.php/temporalidades/article/view/5681/3614

Muito se estranha por isso que o Sousa Tavares ache que relativamente às crenças religiosas, deviamos todos agir como se agia há 500 anos atrás, calando qualquer hipotética ofensa, por medo dos suplicios determinados pela Santa Inquisição, a quem os fanáticos islamitas querem agora ocupar o lugar, punindo com a morte qualquer blasfémia e já nem se quer se dando ao trabalho de fazer julgamentos religiosos. Basta a mais leve suspeita de blasfémia e a pena de morte é automática, ficando a cargo do fanático mais zeloso que aparecer por perto, e que esteja mais sedento pelos inesquecíveis favores sexuais das tais 72 virgens que estão sentadinhas à espera dele no Cêu

Se a França apostasse num intensivo programa de educação, destinado a meter na cabecinha destes fanáticos, que no Cêu não há nenhuma virgem à espera deles (muito menos 72) talvez eles estivessem menos sedentos de tentar ir para lá.