quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Académica da UNLisboa defende que é preciso admirar quem luta pelo bem estar

Já se sabia que na FCSH havia académicos com ideias estranhas como este aqui ou a tal académica cujo profundo rigor lhe permitiu meter o PAN e o nazismo no mesmo saco https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/hitler-was-vegetarian-as-was-gandhi.html a mesma que têm notórias dificuldades em perceber o conceito de emissões per capita https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/a-historiadora-da-unova-e-o-aquecimento.html 

A dita cuja vêm agora desejar para 2020 que passemos a admirar o grupo de pessoas que (como ela) luta pelo bem estar. E para que não haja dúvidas sobre o que é que ela entende por bem estar, ela própria faz o favor de dar exemplos que incluem coisas como uma almofada de penas, um pijama de seda, comprar vestidos novos e andar de avião. Que o Planeta Terra não aguente 8 mil milhões (nem sequer mesmo 7 mil milhões) de pessoas a viverem segundo os padrões da dita académica é que é pormenor que não a perturba porque já se sabe os historiadores não perdem muito tempo com análises de ciclo de vida, que permitem saber que por exemplo a industria têxtil com uma pegada carbónica de 1200 milhões de toneladas anuais, 
têm um impacto muito superior até mesmo ao da aviação
sendo que a cada dia que passa há 86400 camiões a despejarem vestuário em aterros https://www.nature.com/articles/s41558-017-0058-9 Tão pouco perdem os historiadores como esta o sono a ponderar a hipótese deste Planeta só se ter ainda mantido viável porque houve e continua a haver milhares de milhões que vivem na miséria extrema, com impactos ambientais quase nulos, sem sequer terem a certeza de poder comer todos os dias ou muito menos de poderem aceder a cuidados médicos quando deles precisarem. 

Num tal Planeta faz por isso todo o sentido a brilhante proposta da académica da Universidade Nova de Lisboa, para que elevemos a modelos de admiração os abnegados lutadores do bem estar, que diariamente se empenham em luta titânica, até com risco da própria vida, para que todos possam no futuro usufruir do bem estar de uma almofada de penas e de um pijama de seda. Só lhe faltou ir ao extremo de sugerir que a República deva passar a condecorar os heróis do bem estar o que bem vistas as coisas nem seria coisa extraordinária atenta a forma como em Portugal se atribuem condecorações, vide o ácido comentário (que embora parecendo não ultrapassa porém os limites da liberdade de expressão conforme definidos pelo TEDH e o STJ aqui) abaixo do Luís Aguiar Conraria :

"olhando para a lista de agraciados, ficamos com a sensação de estar perante uma lista de malfeitores: Armando Vara, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Hélder Bataglia, Carlos Cruz, José Sócrates...Faz lembrar as cenas iniciais do Padrinho III, quando Michael Corleone recebeu uma comenda..."
https://www.publico.pt/2019/05/22/economia/opiniao/sai-comenda-presidente-igcp-1873515

Se é hipócrita que haja universidades a pregarem sobre a sustentabilidade sem que os seus professores (e investigadores) a pratiquem entendo pertinente recordar que há dois anos atrás, precisamente em 2 de Janeiro de 2018 e a propósito da sustentabilidade de professores universitários coloquei um post aqui contendo três perguntas que abaixo reproduzo:
1-será eficaz ou sequer coerente a prática pedagógica de um professor que pratica o contrário daquilo que ensina ?
2-será admissível estabelecer correlações entre comportamentos quotidianos de um professor praticados na intimidade do seu lar e as consequências ambientais dos mesmos ?
3-será que constitui intromissão inadmissível na esfera da intimidade de alguém sequer tomar conhecimento da sustentabilidade ou insustentabilidade dos seus actos quotidianos, até mesmo quando eles são publicamente visíveis?