Ainda sobre o post acima e a miséria dos 4% do PIB que o Mário Centeno pretende gastar com a recessão coronavírus, em comparação com os 17% da Espanha. Quem também o afirmou foi o Luís Aguiar-Conraria da Universidade do Minho ontem no Expresso.
Compare-se por exemplo a forretice do doutor Mário Centeno, com o caso da França onde o Governo garantiu há já vários dias que para as lojas e empresas em dificuldade:
“não terão de pagar nada, nem impostos, nem Segurança Social”, sendo suspensas as “facturas de água, gás e electricidade, assim como as rendas de casa”.
ou com a recente decisão do Governo Britânico, no sentido de ajudar os trabalhadores que a crise do coronavírus vai obrigar a ficar em casa, os quais irão receber uma ajuda monetária substancial, até 80% do salário durante 3 meses, para os salários até 2500 libras/mensais
https://www.newscientist.com/article/2237475-coronavirus-latest-news-uk-government-to-pay-up-to-80-of-wages/?
É verdade que Portugal não é um país tão rico como a França nem muito menos como o Reino Unido, porém convém lembrar que a riqueza não surge por acaso, pois usualmente quem poupa costuma ter mais riqueza do que quem a desperdiça. Note-se que no Reino Unido os autarcas e outros políticos não têm por hábito esbanjar impunemente dinheiros públicos, como é prática corrente em Portugal, como bem comprovou na semana passada, um artigo publicado na revista Sábado de título "Estado: A incrível máquina de triturar dinheiro".
Artigo esse onde se fala do pagamento de massagens na autarquia Oeiras para aumentar a produtividade dos funcionários. E quem diz massagens diz também a bela tradição da oferta de relógios de ouro aos funcionários com 25 anos de casa, na Câmara Municipal de Almada ou os milhões que se gastam todos os anos em festas por todo o país financiadas pelo Orçamento de Estado, quando a prioridade deveria ser para despesas urgentes como reduzir o tempo de espera nas operações de doentes com cancro. E isto já para nem falar daquele programa solidário destinado a certos jovens "desfavorecidos" onde se pagam vencimentos mensais de 3000 euros, programa esse que há tempos já tinha mencionado aqui e que continua ainda a ajudar jovens, como por exemplo aquele intelectualmente "desfavorecido", cuja classificação numa prova de conhecimentos foi de 9.5 valores.
Porém aquilo que sucede no Reino Unido, ao contrário de Portugal, é que todos os políticos que gastarem mal os dinheiros públicos, nem que seja de montante pouco elevado tem passagem garantida pela cadeia, como sucedeu por exemplo com aquele deputado que pediu que lhe fossem pagos indevidamente 10.000 libras, por conta de uma despesa de 4000 libras, uma vantagem ilicita de 6000 libras, que lhe valeu 12 meses de cadeia https://www.theguardian.com/politics/2011/feb/10/mps-expenses-eric-illsley-sentence ou aquele outro deputado que apresentou ao Parlamento despesas fraudulentas de 8000 libras, o que lhe valeu 16 meses de cadeia.
https://www.bbc.com/news/uk-politics-12918742
P.S - Por um estranho milagre, o actual Director do Expresso, com quem tenho uma relação complicada desde o momento em que ele escreveu um artigo a desconsiderar os investigadores conseguiu concluir o seu artigo naquele semanário dizendo algo dramáticamente oportuno:
"Nestas alturas é preciso olhar com mais cuidado para os mais desfavorecidos. Em poucos dias, os primeiros relatos de quem acompanha os sem-abrigo em Lisboa são de situações de desespero porque o apoio deixou de chegar...Sem restaurantes não há sobras para distribuir. E algumas das instituições que ajudam os mais pobres fecharam...
