Ainda na sequência do post acima, merece a pena uma visita a um blog de um magistrado reformado, onde na Sexta-Feira, escreveu de forma
muito pouco elogiosa, sobre um certo corpo docente, de uma certa e famosa Faculdade da Academia Coimbrã, apontando-lhe o "vergonhoso e até indigno" vicio do nepotismo, que hoje no jornal Público alguém apelida de
“uma das ferramentas mais eficazes e cruéis de imobilidade social” http://portadaloja.blogspot.com/2020/02/a-licao-de-coimbra-e-italiana.html
Neste contexto, acho que também vale muito a pena revisitar o email de 2019, abaixo, que ness altura foi enviado a milhares de Colegas do ensino superior, intitulado "Em Portugal, ser filho de alguém conhecido é currículo Académico" e onde não por acaso se mencionam dois catedráticos, um por evidente mérito e o outro (que só conseguiu chegar à cátedra na qualidade de convidado) muito provavelmente por ser filho de alguém muito conhecido, pois que a comunidade académica mundial nunca achou que a sua obra científica merecesse mais do que um número misero de citações, inferior até mesmo ao da obra de muitos Pos-Docs !
De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 13 de Dezembro de 2019 06:27
Assunto: Em Portugal ser filho de alguém conhecido é currículo académico
E será talvez por isso que a primeira coisa que aparece no link sobre o "currículo"
do Sr. Presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, o físico João
Caraça, seja a informação acerca de quem foi o pai dele. http://act.fct.pt/joao-manuel-gaspar-caraca/
É
muito estranho que seja importante para a Fundação da Ciência e Tecnologia que
alberga o site acima informar quem foi em termos profissionais o pai dele quando ao
mesmo tempo relativamente à mãe dele nada diz para além do nome.
No
sábado passado o Expresso entrevistou o Carlos Fiolhais, o qual
revelou que o pai que não foi nenhuma figura ilustre da ciência, fez apenas a
quarta classe, começou a trabalhar aos 10 anos como ajudante de moleiro, depois
andou por Guimarães a limpar pipas, passando de seguida por umas minas em Vila
Real antes de fazer carreira na GNR. É uma informação relevante numa revista
como a do Expresso ou outro mas seria informação estranha se
alojada numa nota biográfica oficial acerca do percurso científico do Carlos Fiolhais, mas
que no limite até se compreenderia como prova de currículo não
maculado pelo vicio do nepotismo, ainda por cima numa universidade
onde muitos por lá vicejam só por serem filhos de quem
são.
Ou
talvez o facto da nota biográfica acima começar por dizer que o físico João
Caraça é filho do conhecido Bento de Jesus Caraça seja
compensação para o facto de lá não se fazer nenhuma referência à profundidade
da obra cientifica do actual Presidente do Conselho Geral da Universidade de
Coimbra, nem aos seus artigos ou sobre quanto contribuíram para influenciar a
ciência nem muito menos sobre as citações que receberam pois sobre a sua obra
publicada o máximo que lá se descobre é isto: "A sua bibliografia
inclui um importante conjunto de trabalhos sobre a problemática da gestão de
Ciência e Tecnologia, de onde se destaca a obra «Do saber ao fazer: Porquê
organizar a ciência?»
Mais
interessante porém foi a forma como dois catedráticos do ISEG (Manuel Mira
Godinho h-índex=6 e Miguel St. Aubyn h-índex=7) em tempos apreciaram a obra do
referido físico João Caraça, para justificar a continuação do seu contrato como
catedrático convidado. Ficheiro acessível no link abaixo
Já
a Web of Science é menos simpática não querendo saber quem foi o pai dele,
credita-lhe 15 publicações, que receberam até hoje míseras 179
citações (268 citações na Scopus). Ficheiro também em anexo. E isto
sucede no mesmo país onde há actualmente muitos investigadores com vasta obra
científica altamente citada mas que estão no desemprego . Por
certo não são filhos de gente tão conhecida.