terça-feira, 3 de março de 2020

Porque é que os investigadores também não hão de pagar apenas 1% de imposto ?


Basta aprender com os génios do Direito, como por exemplo este inteligente aqui, pois se a receita serve para eles também tem de servir para os outros já que ou há moral ou comem todos ! 

Assim sendo porque é que os investigadores, como compensação pela precariedade do seu vínculo contratual,  também não hão de poder constituir-se como orgulhosos donos de "sociedades unipessoais por quotas" e celebrarem nessa qualidade contratos com a FCT ou com as Universidades, para assim também poderem pagar aproximadamente 1% de imposto (e poderem também deduzir na matéria colectável a despesa com viaturas de luxo) ? 

Feitas as contas, se na noticia acima se conclui que uma receita de 190.000 euros (correspondente a uma peritagem) pagou módicos 1615 euros de imposto então um contrato CEEC, para uma posição de investigador-Coordenador, ao longo de 6 anos, com o valor global de 391.000 euros pagaria aproximadamente um total de 4000 euros de imposto, muito longe dos mais de 100.000 euros de IRS que paga na realidade ! E se multiplicarmos isso por três contratos (correspondentes apenas a metade de uma carreira), os valores tornam-se muito mais escandalosos, aproximadamente 12.000 euros para a tal taxa de 1% e mais de 300.000 euros para a taxa real, o que traduz um enriquecimento de 290.000 euros e de quase 600.000 euros para 36 anos de trabalho !

É claro que quem fica a perder com estes "loopholes" fiscais é o Estado Português, pelo que seria sempre preferível acabar com lacunas que só aproveitam aos espertalhaços da República e optar antes pela proposta feita na parte final do post abaixo, onde defendi que os overheads dos projectos sejam pagos em forma de prémio salarial ao investigador responsável https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/uma-semana-de-trabalho-academica-de-100.html